29/03/2024

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Primeira heroína no Rio enfrentou homofobia na Suécia e quase não veio aos Jogos por Zika.

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Igor Resende, do Rio de Janeiro (RJ), para o ESPN.com.br

REPRODUÇÃO / EXPRESSEN

Nilla Fischer teve que enfrentar o preconceito para se casar com Maria Michaela
Nilla Fischer teve que enfrentar o preconceito para se casar com Maria Michaela

Ter que fingir ser uma pessoa que você não é, esconder seus sentimentos até das pessoas mais próximas, como pai e mãe. Tudo por medo do preconceito, da homofobia. Pode até parecer coisa de países não tão desenvolvidos – como o Brasil -, mas também acontece onde o IDH é altíssimo. E Nilla Fischer, a primeira ‘heroína’ da Olimpíada no Rio de Janeiro é o maior exemplo disso.

Autora do primeiro gol do Rio 2016 – o que deu a vitória para a Suécia contra a África do Sul no futebol feminino -, ela teve que travar uma batalha contra o preconceito até resolver ser quem realmente é e se casar com Maria Michaela em dezembro de 2013.

Antes de se revelar gay, a zagueira-artilheira da seleção sueca fez de tudo para se esconder. Usava blusas de capuz para cobrir o rosto quando ia se encontrar com Maria. E, quando resolveu se abrir, tomou o choque de preconceito que temia.

“Eu tenho pessoas ao meu redor que não receberam minhas notícias de uma forma boa. Eu não conseguia entender, me senti impotente. Eu dizia a Maria: ‘Eu não fiz nada de errado. Não é que eu comecei a usar drogas ou cometi um crime. Eu só conheci uma garota”, disse, chorando, em uma entrevista à televisão sueca quando anunciou que se casaria.

O curioso é que, ao menos em termos legais, a Suécia é sim um país bem evoluído neste aspecto. Foi o sétimo do mundo a aprovar o casamento gay, em abril de 2009. E não só legalmente. Até mesmo a igreja sueca permite que seus padres realizem casamentos de pessoas do mesmo sexo. Uma pesquisa de 2015 apontou que apenas 7% das pessoas do país eram contra que esse tipo de união fosse permitida em toda Europa.

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“Parece um pouco estranho falar disso agora (depois do jogo). Mas tudo que posso dizer é que sou feliz da forma que eu sou agora”, disse Fischer em conversa rápida com o ESPN.com.br.

O curioso é que, por conta da esposa e dos planos para o futuro, ela quase não veio ao Rio de Janeiro. Tudo pelo medo de infecção graças ao vírus Zika.

“Foi uma decisão que eu e minha esposa tomamos juntas. Agora eu tomo todas as precauções possíveis, passando repelente de insetos e usando roupas longas à noite, quando dizem que o risco de picadas é maior”, disse nesta terça, ainda antes da estreia oficial.

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Fischer comemora seu gol contra a África do Sul, o primeiro da Olimpíada no Rio
Fischer comemora seu gol contra a África do Sul, o primeiro da Olimpíada no Rio

Dentro das quatro linhas, Fischer definitivamente é uma artilheira. Mesmo jogando na zaga. Agora, ela é a responsável por marcar o primeiro gol da Suécia nas últimas quatro grandes competições do país: Olímpiada de 2012, Eurocopa de 2013, Copa do Mundo de 2015 e Olimpíada de 2016. E ainda a responsável pela primeira forma de pontuação no Rio de Janeiro.

“Não tinha nem pensado nisso, fiquei feliz porque ganhamos. Mas definitivamente isso me faz feliz”, disse, sorridente, após a partida.

A Suécia, agora, será rival da seleção brasileira na segunda rodada dos Jogos. O encontro acontece já no sábado, de novo no Engenhão.

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