‘Uma das dez maiores salas de concerto do mundo’, o palco da cerimônia do Bola de Prata.
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André Donke, do ESPN.com.br.
Grandes nomes do futebol brasileiro sobem para receber troféus no palco onde normalmente músicos tocam os mais renomados concertos e sinfonias. Essa junção entre o futebol e a música erudita será a tônica da cerimônia da Bola de Prata, em 7 de dezembro.
Se o futebol de alto nível entra com a premiação aos destaques do Campeonato Brasileiro, a música participa também em grande estilo. Afinal, o evento se dará na Sala São Paulo, eleita uma das dez melhores casas de concerto do mundo, segundo lista do jornal inglês Guardian, que foi elaborada por Trevor Cox, professor de engenharia acústica na Universidade de Salford.
O local une a modernidade, fruto de um dos projetos de revitalização do centro da cidade de São Paulo, à história da cidade.
O prédio, projetado por Christiano Stockler das Neves, foi construído entre 1925 e 1938 pela Estrada de Ferro Sorocabana e recebia a Estação Júlio Prestes, o primeiro ponto em São Paulo da já citada linha ferroviária.
Na época, esta forma de transporte estava em alta no país, por conta da distância das plantações de café – principal matéria-prima produzida em São Paulo no final do século XIX e começo do XX – em relação aos portos, onde eram exportados.
Com a ascensão da produção de automóveis e do setor rodoviário na segunda metade do século XX, o ramo ferroviário entrou em decadência. O cenário foi refleitido no edifício, que ficou por anos no ostracismo.
Em 1997, o local foi repassado à União, e a Secretaria de Estado da Cultura começou o porjeto de criação do Centro Cultural Júlio Prestes. Dois anos depois, em 9 de julho, a Sala São Paulo era inaugurada com a apresentação da sinfonia nº 2 (Ressureição), do compositor austríaco Gustav Mahler. Nada mais simbólico.
E nada mais simbólico também que a entrega da Bola de Prata ocorra na Sala São Paulo. Dois dos principais conhecedores do local aprovam esta ideia.
“É o prêmio para os melhores jogadores do Campeonato Brasileiro na melhor sala do Brasil. É uma sala histórica, simbólica e reconhecida. É um ícone da cidade de São Paulo, um cartão postal do Brasil. É natural que o prêmio de melhores jogadores do Brasil seja concedido na melhor sala de concertos”, disse Arthur Nestrovski, diretor artístico da Orquestra Sinfônia do Estado de São Paulo (Osesp), maior orquestra da América Latina e que tem a Sala São Paulo como sua casa.
“A Sala São Paulo – muito mais para a cidade de São Paulo, mas para o Brasil também – se tornou um ícone de excelência. Se você quer emprestar um pouco de glamour, no bom sentido, escolher a sala para entregar um prêmio, tem tudo a ver, já que o prêmio é para os melhores”, afirmou José Ananias, flautista da Osesp.
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