Como ser recusado em vaga para recepcionista fez ele virar goleiro da Série A.
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Vladimir Bianchini, do ESPN.com.br
Aos 31 anos, Fernando Miguel faz sua estreia na primeira divisão de Campeonato Brasileiro. Por muito pouco, o goleiro do Vitória, que bateu o Internacional por 1 a 0 neste domingo, não tomou um caminho profissional completamente diferente. Sua carreira foi salva por causa da rejeição em uma entrevista de emprego para recepcionista de hotel.
Depois de ter rodado por diversas equipes do interior do Rio Grande do Sul, ele se contundiu no Esportivo de Bento Gonçalves e ficou sem clube durante uns meses em 2011.
De volta à sua cidade natal, Venâncio Aires, ele estava disposto a largar o mundo da bola e aceitar o primeiro trabalho que aparecesse.
“Conversei com o cara que nunca tinha visto na vida e que nem gostava de futebol. Expliquei que não tinha currículo nenhum na área, que tinha sido a vida inteira um jogador de futebol profissional. Depois de 45 minutos, o cara me disse: ‘Tu é o cara para trabalhar na minha empresa, se comunica e se expressa bem'”, relatou o arqueiro, aoESPN.com.br.
“Pensei que ele ia me contratar, mas ouvi: ‘Mas eu não vou te trazer para trabalhar na minha empresa porque você nasceu para jogar futebol. Espera esse período difícil passar que as coisas vão acontecer. Agarra a oportunidade que aparecer'”, prosseguiu.
O que poderia ser motivo de enorme frustração virou o combustível necessário para rtomar seu caminho.
“Eu ia aceitar, mas o cara me recusou (risos). Se saísse do futebol não voltaria nunca mais, tenho decisão firme e estava disposto a trabalhar com outras coisas. Aquilo foi um sinal de Deus que eu deveria ser persistente”, afirmou.
Depois de uns meses, Fernando agarrou a chance que veio no Lajeadense e fez bonito: foi eleito o melhor goleiro do Campeonato Gaúcho. Com isso, chamou atenção do Juventude, que sequer disputava a Série D do Brasileiro.
“Fomos disputar a Copa Rio Grande do Sul e aos poucos subimos a equipe. Foi uma passagem muito bacana e tenho grande carinho pelo clube e pela torcida”, agradeceu.
Depois de duas temporadas na equipe de Caxias do Sul, o goleiro chegou ao Vitória, em 2014. Aos poucos ganhou seu espaço e no último ano virou titular, capitão e um dos destaques na campanha do acesso para a elite nacional.
Neste ano, venceu o Campeonato Baiano pela equipe rubro-negra diante do arquirrival Bahia.
REVELADO POR MANO MENEZES
O gaúcho Fernando Miguel cresceu com o sonho de ser goleiro profissional e admirando dois conterrâneos: Taffarel e Danrlei, ídolos de Internacional e Grêmio.
“Eram dois estilos completamente diferentes: Taffarel tinha um posicionamento perfeito, goleiro simples e objetivo. Um cara muito calmo e carrego isso para mim. Já o Danrlei era uma liderança fantástica e crescia nas decisões”, analisou.
A primeira equipe do arqueiro foi o Guarani de Venâncio Aires, no interior do Rio Grande do Sul, em 2003. “Mano Meneses é um dos caras fundamentais na minha carreira, ele me subiu para o profissional e me deu a primeira oportunidade com 17 anos”, recordou.
Com as boas atuações no Estadual, foi para as categorias de base do Grêmio e jogou ao lado de Lucas Leiva, Ânderson e Carlos Eduardo. Depois de um ano e meio foi alçado para a equipe principal. “Tinham grandes goleiros em fase espetacular: Gallatto, Cássio e Marcelo Grohe”, afirmou.
Com pouco espaço no Olímpico, ele rodou por Brasil de Pelotas, Novo Hamburgo e Esportivo de Bento Gonçalves e Juventude, antes de chegar ao Vitória.
“É a minha primeira temporada disputando uma Série A do Campeonato Brasileiro. É muito especial para mim depois de muita luta e trabalho. A vontade de jogar é sempre muito grande”, finalizou o recepcionista “frustrado”, mas realizado como goleiro.
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