07/12/2025

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Mesatenista acusa propina na confederação por ausência dos Jogos Rio 2016 quer apoio do COB.

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Diego Garcia, do ESPN.com.br

DIVULGAÇÃO

Claudio Massad ficou de fora da Paralimpíada e acusa esquema na CBTM
Claudio Massad ficou de fora da Paralimpíada e acusa esquema na CBTM

Cláudio Massad, 31 anos, mesatenista paralímpico preterido de participar dos Jogos Rio 2016, ainda tenta buscar justiça por se considerar prejudicado por ter sido deixado de fora da competição. E, após procurar o Judiciário e o Ministério Público, agora quer a ajuda de Carlos Nuzman, presidente do Comitê Olímpico Brasileiro.

A informação foi dada à reportagem pelo advogado do atleta, Thiago Segura. A ideia é levar toda a documentação entregue à Justiça e ao MP para buscar apoio ao mesatenista. Cláudio Massad julga ter sido injustiçado por possuir ranking de classificação adequado para participar do Rio 2016, mas acredita ter sido preterido por atletas que, segundo ele, pagavam valores mensais a um dos técnicos da CBTM.

O atleta entrou com uma representação no Ministério Público Federal do Rio de Janeiro pedindo a apuração de irregularidades na Confederação Brasileira de Tênis de Mesa. Segundo o ofício, visto pelo ESPN.com.br, os advogados do mesatenista mencionam o “preterimento do atleta Cláudio Massad, com melhor classificação no Ranking Mundial e no Rating Nacional dos Jogos Paralímpicos de 2016, por atleta que paga valores ao técnico (contratado pela CBTM) vindos do programa Bolsa Atleta (Ministério do Esporte) e da Caixa Loterias (dinheiro que vem da Caixa Econômica Federal, empresa pública federal, com interesse federal delineado)”.

A representação acrescenta que “o pagamento ao técnico se arrasta em momentos anteriores à convocação do atleta beneficiado para os Jogos Paralímpicos desde meados de 2015. Patente indício de desvio de verba federal”.

A reportagem procurou o MPF-RJ, que avisou que a remessa foi recebida e encaminhada ao Ministério Público Estadual.

“O dinheiro vindo da Caixa Econômica Federal está servindo para pagar técnico por atletas menos capazes, que está prejudicando o atleta objetivamente melhor colocado no ranking mundial e rating nacional”, continua Cláudio Massad, na representação entregue ao MPF. O atleta ainda relata “ameaças feita pelo presidente da CBTM ao atleta e aos advogados, pelo fato de ter cobrado reunião para resolver o problema do atleta, e de cobrar explicação sobre o fato de uma idosa e contadora interna ter diversas empresas em seu nome. Pedido para o MP tome providênciar para desqualificar a CBTM como associação civil de interesse público”.

Ainda conforme consta na documentação em poder do MP entregue por Massad, ele era o então 23º do mundo na categoria Classe 10, enquanto Diego Moreira era o 31º da Classe 9. O mesatenista que se diz prejudicado acredita que merecia a vaga de “wildcard” por merecimento, também por ter levado prata no Parapanamericano, contra um bronze de Diego. E levou ouro por equipes no mesmo torneio, enquanto o rival foi seu reserva. Por fim, enumera 10 vitórias contra os 20 melhores do mundo, contra duas de Moreira.

Maddad aponta que Diego Moreira, assim como outros atletas da seleção brasileira paralímpica de tênis de mesa, pagam mensalmente uma “ajuda” para o técnico Paulo Camargo, segundo consta na documentação entregue por Cláudio.

ESPN.COM.BR

Documento em que Massad apontou na Justiça esquema de propina na CBTM
Documento em que Massad mostrou à Justiça como prova de pagamentos a técnico

Em março, a CBTM avisou que escolheu seus representantes por critérios como rendimento durante os treinos, percepção e visão de jogo, prospecção de futuro, boa aplicação da técnica e tática durante sua atuação, avaliações técnicas e médicas realizadas pela comissão ee quipe multidisciplinar

O mesatenista também abriu uma ação na Justiça do Rio de Janeiro denunciando a convocação da seleção brasileira paralímpica de tênis de mesa. Existe, no processo, um documento com a assinatura de vários atletas convocados autorizando uma ajuda voluntária em dinheiro ao então técnico da seleção, Paulo Camargo. Entre os nomes estava o Diego Moreira, que foi convocado na vaga que Cláudio Massad julgava ser sua.

O tribunal decidiu, contudo, que o feito deve ser julgado na Justiça Desportiva até o esgotamento dos recursos antes de chegar ao Judiciário comum.

REPRODUÇÃO/ESPN.COM.BR

Alaor é presidente da CBTM
Alaor é presidente da CBTM

OUTRO LADO

A ESPN procurou o presidente da CBTM para comentar o assunto e dar o outro lado da história.

“Não estou entendendo. Estou estranhando essa posição dele. Já conversei com ele, está tudo certo, ele perdeu a ação na Justiça Comum, que determinou que deveria ser na Justiça Desportiva. Estou tentando ajudar de alguma maneira, reconheço o esforço que ele fez e quero incluí-lo no planejamento para Tóquio. Mas ainda não sei se o Ministério do Esporte vai ajudar, não sei o orçamento do Comitê Paralímpico para 2017, então seria leviano fazer qualquer tipo de planejamento para ele agora”, disse o presidente da CBTM, Alaoz Azevedo, em conversa com o ESPN.com.br.

Alaor acrescentou que a escolha dos convocados foi feita por uma comissão de 10 pessoas.

“Foi uma decisão definida por mais de 10 pessoas, consultores internacionais, ele entrou na Justiça com uma série de argumentos, e a Justiça mandou esgotar os recursos na Justiça Desportiva. O que tem a ver o Nuzman com o Comitê Paralímpico? O Nuzman tem que resolver os pagamentos da Rio 2016, cada dia um processo na Justiça. Agora, vai procurar o Nuzman? Por causa do meu problema com o Nuzman, ele vai defender todo mundo? O cara tem apartamento invadido e procura o Nuzman? Procura o presidente do Comitê Paralímpico Brasileiro, que sempre esteve aberto a qualquer atleta”, finalizou.

ESPN.COM.BR

Representação enviada ao MPF-RJ sobre o caso envolvendo mesatenista
Representação enviada ao MPF-RJ sobre o caso envolvendo mesatenista

O ESPN.com.br também ouviu as outras partes mencionadas por Cláudio Massad em suas representações.

O atleta Diego Moreira disse, por meio da assessoria da CBTM: “Cheguei aos Jogos Paralímpicos após ter conseguido bons resultados. Em outubro de 2014, passei a integrar a Classe 9 e, desde então, ocupei o topo do ranking nacional. Eu e o Massad, inclusive, somos de Classes diferentes. Eu sou da Classe 9 enquanto ele é da Classe 10”

Já o técnico Paulo Camargo, também por meio da comunicação da Confederação, apontou: “Eu não tenho o poder integral de fazer uma convocação. Eu apenas sugiro os nomes e esses passam por análise que é feita por uma comissão. A lista final é aprovada por várias pessoas, além de mim, a liderança de seleções paraolímpicas, gerência de operações e o consultor internacional. A decisão final não é minha. Não convoco e nem desconvoco ninguém”.

A CBTM, por sua evz, informou à reportagem da ESPN a seguinte nota oficial abaixo:

1) A Confederação Brasileira de Tênis de Mesa (CBTM) informa que a Justiça entendeu que o pedido do atleta Claudio Massad era indevido, uma vez que os critérios de convocação são subjetivos, assim como em diversas modalidades.

2) A Confederação Brasileira de Tênis de Mesa (CBTM) ressalta que as convocações para os Jogos Olímpicos e Jogos Paralímpicos passam pelo crivo de uma comissão, da qual fazem parte diversos profissionais da área – Comissão Técnica, Consultor Técnico Internacional, Liderança de Seleções e Gerência.

3) O atleta paralímpico Claudio Massad não conquistou a vaga direta para o Parapan-Americano de Toronto 2015, em Seletiva realizada em 03 de novembro de 2014, mas foi convocado por critérios técnicos. Ele já havia sido convocado para a Seletiva por critérios técnicos, uma vez que não havia jogado nenhuma etapa do Circuito Nacional Paralímpico, pois sua reclassificação funcional internacional só foi realizada em outubro de 2014 e, mesmo assim, foi chamado. Após não ter conseguido a vaga de forma direta, foi convocado para o Parapan-Americano 2015. O atleta obteve bons resultados, como a medalha de prata na classe 10 individual masculina (sendo derrotado na final pelo também brasileiro Carlos Alberto Carbinatti Júnior), e a medalha de ouro por equipes classe 09-10 masculina.

4) O Brasil, como país sede dos Jogos Paralímpicos Rio 2016, tinha direito a quatro vagas diretas, sendo uma delas para atletas andantes masculinos. Para esta vaga, poderia entrar um atleta que fosse das classes 06 a 11, sendo então o escolhido o atleta Diego Moreira, classe 09. Esta se mostrou uma escolha acertada, visto que Diego teve um bom desempenho, vencendo na fase de grupos o italiano Mohamed Amine Kalem (que foi medalhista de bronze no Rio 2016), e perdendo para o chinês Yiqing Zhao, sendo eliminado somente nos critérios de desempate.

A ESPN, então, procurou novamente a CBTM, dizendo que existem dois processos abertos por Cláudio Massad na Justiça contra a entidade. E questionou mais uma vez se os pagamentos de Diego Moreira ao técnico Paulo Camargo realmente aconteceram e, se aconteceram, quais foram os valores, já que a pergunta não havia sido respondida em um primeiro momento. A resposta, então, foi a seguinte:

1) O processo declarado como indevido pela Justiça é anterior ao processo mencionado. Essa primeira ação foi indeferida em decorrência da ausência de interesse processual e, por esse motivo, arquivada. Um segundo processo, cujo número é 0100278-45.2016.8.19.0001, na 1ª Vara Cível do Rio de Janeiro, foi aberto pelo atleta Claudio Massad. A CBTM, então, apresentou uma contestação, conforme foi requerida pelo magistrado. No entanto, vindo de encontro ao curso normal do processo, uma réplica do autor não foi apresentada, sendo considerado, então, revel. Para um maior entendimento, segue abaixo uma explicação do Doutor Neimar Quesada, que trabalha ao lado do Doutor Fábio Lira da Silva no caso.

1.1)
A primeira petição do atleta Claudio Massad foi julgada improcedente. A petição inicial foi indeferida em decorrência da ausência de interesse processual. Após transitar em julgado, o processo foi arquivado.

Entretanto na segunda ação proposta em face da Confederação Brasileira de Tênis de Mesa, o Sr. Claudio Massad não apresentou a réplica no prazo estipulado, após ser legalmente citado. Em virtude disto, foi considerado revel.

Ressalto que em nossa contestação pedimos em sede preliminar para que fosse indeferida a petição inicial, em decorrência da ausência de interesse processual, tendo como consequência a extinção do processo, sem resolução do mérito.

A base do nosso pedido supramencionado se dá pois entendemos que antes do atleta Claudio Massad pleitear na justiça comum qualquer demanda que verse sobre disciplina e competição, o mesmo deveria ajuizar o instrumento processual cabível na justiça desportiva, a fim de alcançar o suposto direito pleiteado.

Esse também é o entendimento jurisprudencial. Segue anexo a nossa contestação para melhor entendimento, bem como segue anexo a última movimentação do processo, onde afirma a revelia do atleta Claudio Massad.

2) Com relação ao acordo feito entre o Técnico Paulo Camargo e o atleta Diego Moreira, acertado sem conhecimento ou participação da CBTM, esclarecemos o seguinte: o contrato de trabalho do técnico com a Confederação era por período parcial. Fomos informados posteriormente que o mesatenista Diego Moreira contribuiu com três parcelas mensais de R$ 250,00 ao técnico para o mesmo ministrar treinos extras no restante do dia. Para isso, o técnico abriu mão de outras atividades profissionais que seriam realizadas para seu sustento.

O tênis de mesa brasileiro levou uma inédita medalha de prata no Rio 2016, com o atleta paralímpico Israel Stroh, prata na classe 7.

ESPN.COM.BR

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