O atacante Hugo Cabral em sua apresentação ao América-MG
O atacante Hugo Cabral em sua apresentação ao América-MG

Na última sexta-feira, o atacante Hugo Cabral ficou os noventa minutos no banco de reservas e não entrou em campo no empate em 1 a 1 do América-MG com o Goiás, na Arena Independência, pela Série B.

No domingo, ele deixou, então, as chuteiras de lado e se arriscou em um torneio de pôker: seis horas depois, faturou US$ 64.491 (R$ 210 mil, de acordo com a cotação atual).

O reforço de 28 anos trazido pelo Coelho para o restante da temporada após disputar o Campeonato Paulista pelo Osasco Audax ganhou o evento SCOOP (Spring Championship of Online Poker). Para ficar com o prêmio, ele teve de superar 6.646 mil adversários e, assim como seus concorrentes, foi obrigado a desembolsar US$ 109 (R$ 355) para a taxa de inscrição.

“Algum tempo atrás, fui bem num torneio de US$ 10 mil. Esse que ganhei agora foi sensacional. Quase sete mil pessoas, muitos profissionais, caras do mundo todo. Muito complicado de se conquistar. Muitos jogadores sonham ganhar isso. Fui muito feliz em conseguir essa façanha”, afirmou Hugo ao ESPN.com.br.

“Conforme o torneio vai se desenhando, você vai querendo chegar. Mas é surreal. Sempre imaginei ganhar um torneio grande, mas sabia que era difícil. Pegou que eu estava bem e não errei quase nada. Quase não acreditei. É uma sensação diferente. Foi quase como fazer um gol no Maracanã lotado, mas nada se compara a isso (risos)”, completou.

Segundo o jogador, somente outros três colegas têm o mesmo hobby no América-MG. Ele começou a jogar em 2014, quando atuava pelo Joinville.

“Eu aprendi com os jogadores. Só jogava outras coisas. Quando chegava na concentração a maioria só jogava pôker. Não tinha vontade nem interesse de aprender. Mas no JEC foi diferente. Everton, agora no Fortaleza, Jael, Cruel (risos), e o Deretti brincavam. Eles me ensinaram e fui pegando as regras e jogando”, contou.

“Só que fui tomando gosto e a jogar sempre quase todo dia. Pratiquei com o Everton e melhorando. Em 2015 e 2016 jogava on-line e passei a ter melhores resultados”, acrescentou.

Ele agora quer ajudar a família com o dinheiro que será bem-vindo neste momento de crise no país.

“O dinheiro caiu do céu! Vou ajudar minha família, quem sabe comprar uma casa para eles. Posso estudar o que fazer com a grana”.

Fã de “Cartas na Mesa”, filme no qual o astro Matt Damon interpreta um jogador de pôker, ele acredita que o jogo tem coisas em comum com o futebol.

“Durante a mesa a gente fica mais concentrado porque as expressões podem definir seu jogo. Não posso passar fraqueza para o adversário. Fico mais frio, do mesmo jeito que um atacante tem que ser na cara do goleiro (risos)”.

Dentro de campo, Hugo espera ter o mesmo êxito que teve nos jogos de cartas.

“Cheguei há pouco tempo (no América-MG), não faz nem um mês. O campeonato tem duas rodadas e a gente está com uma equipe muito experiente e boa. Temos um elenco forte para brigar por acesso e título. Quero buscar meu espaço”, concluiu.

Após se profissionalizar, ele atuou por Miguel Couto e Olaria antes de chegar ao América-RJ, em 2010. Para atuar no clube que era presidido por Romário, ela ainda precisou passar em uma peneira com outros 200 jogadores.

Hugo fazia dupla de ataque com o veterano Alex Dias (ex-Vasco e São Paulo), que virou um amigo.

Depois do América-RJ, ele jogou no Macaé, Americano, Bangu, Vitória da Conquista, Ceará, Náutico, Joinville, Volta Redonda, Bahia, Avaí, Criciúma, São Bernardo e Luverdense-MT até chegar ao Audax em sua campanha desastrosa no estadual desta temporada.