19/04/2024

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Time feminino de handebol de areia tenta trocar biquíni por shorts, sofre ameaça de W.O e homens postam foto de sunga para apoiar.

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Bianca Daga, do espnW.com.br

REPRODUÇÃO/FACEBOOK

Time de handebol protesta contra o uso de sunquíni
Time de handebol protesta contra o uso de sunquíni

Regras desiguais para homens e mulheres. Nenhuma novidade. E mais um caso em que, em vez de se calar, ‘elas’ resolveram protestar. A equipe de handebol de areia CopaBeach/CEPRAEA, do Rio de Janeiro, foi ameaçada de perder por W.O. em uma partida disputada no último domingo porque as atletas se recusaram a jogar somente de sunquíni – um biquíni maior -, colocando shorts por baixo.

Foi assim durante todo o primeiro turno do campeonato estadual, sem objeções. Mas a história mudou. O regulamento da Federação Internacional exige o uso de sunquíni; no entanto, não faz nenhuma referência à proibição de usar shorts por baixo. Soma-se a isso – e esse é o principal argumento – o fato de o uniforme oficial dos homens, pela regra, ser bermuda longa e camiseta regata, e não sunga.

“Nós jogamos as três etapas do primeiro turno com short e top. Outras equipes também o fizeram, e algumas até usaram blusa ao invés de top. E então, na primeira etapa do segundo turno, fomos avisadas que não poderíamos jogar de short. Nos apresentamos para o jogo com o sunquíni por cima do short e o representante do departamento de arbitragem impediu nossa entrada na quadra, dizendo que se não nos trocássemos perderíamos por WO”, contou ao espnW a armadora central Carolina Carneiro Peixinho.

A proibição foi feita no momento do jogo, pelo departamento de arbitragem da Federação de Handebol do Estado do Rio de Janeiro. As jogadoras decidiram entrar em quadra sem os shorts para evitar a derrota, mas no mesmo dia decidiram se manifestar, na tentativa de mudar a situação para as etapas seguintes do campeonato e, também, outros torneios.

“Contra o machismo no esporte: o time feminino de handebol de praia CopaBeach/CEPRAEA foi impedido de jogar no campeonato estadual com short por baixo do sunquíni. Fomos ameaçadas de levar W.O caso não jogássemos somente de sunquíni. Nosso amor pelo esporte não pode ser esmagado por regras machistas e desiguais. Nós repudiamos a obrigatoriedade do uso do sunquíni. Cada equipe deve ter o direito de escolher”, escreveu a atleta Gabriela Peixinho em sua página no Facebook.

Na última quarta-feira, a equipe masculina saiu em defesa das colegas de clube. A página do CopaBeach no Facebook postou uma foto dos jogadores de sunga, acompanhada de um texto: “Nós, o time masculino do CEPRAEA, apoiamos nossas mulheres na discussão sobre o uso obrigatório do sunquíni como uniforme de jogo. Direitos e deveres iguais para homens e mulheres. #VamosFalardaRegra4 #NaoéSóPeloSunquini #SouAtletaNaoObjeto #MeuCorpoMinhasRegras.”

“Nossa ideia é levar nosso pleito às instâncias estadual, nacional e internacional para que a gente consiga abolir essa regra, que fere princípios constitucionais de igualdade de gênero e o direito das mulheres decidirem pelo seu próprio corpo, além de negar o caráter inclusivo do esporte. Por isso, estamos preparando um documento para entregar à Federação do Estado do Rio e à Confederação Brasileira para abrimos a pauta de discussão com todos que se interessarem”, completou Carolina.

Essa não é a primeira vez que mulheres do handebol de areia se revoltam contra o uso obrigatório do sunquíni. Em 2014, a Associação Basca de Handebol apresentou uma reclamação oficial à Federação Europeia da modalidade contra punições que a Federação Espanhola ameaçava aplicar sobre atletas que haviam sido “denunciadas” por cobrirem demais o corpo durante um torneio.

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