Gabriel Medina fala sobre a base do surfe brasileiro
Gabriel Medina fala sobre a base do surfe brasileiro

A despeito do sucesso dos surfistas brasileiros no Circuito Mundial, o surfe nacional está em crise. Com as categorias de base do esporte comprometidas, Gabriel Medina, maior ícone da apelidada de ‘Tempestade Brasileira’, aprova um maior engajamento dos atletas que já alcançaram a elite.

A base do surfe brasileiro é retratada por graves problemas de organização, marcados por atritos entre dirigentes e campeonatos esvaziados. O cenário tem mudado pouco, o que ameaça o surgimento de novos talentos.

“Realmente, essa nova geração não tem muita oportunidade, não temos muitos eventos aqui dentro do Brasil. Está complicado”, atestou Gabriel Medina, campeão mundial em 2014, feito até então inédito para o país.

Além dele, nomes com Adriano “Mineirinho” Souza e Filipe Toledo também participaram de competições de base locais antes do sucesso no Circuito Mundial, organizado pela World Surf League (WSL). Este é um caminho cada vez mais difícil para as novas gerações.

A responsabilidade de administrar o esporte nacionalmente é da Confederação Brasileira de Surf (CBS), presidida por Adalvo Argolo, com Guilherme Pollastri como vice. Em visita ao recém-criado Instituto Gabriel Medina (IGM) no final de julho, ambos manifestaram o desejo de costurar parcerias com a entidade montada pelo atleta em Maresias.

De forma inédita, o surfe e o skate foram incluídos nas Olimpíadas de Tóquio 2020, aumentando a responsabilidade das respectivas confederações. Na Confederação Brasileira de Skate (CBSk), após a renúncia de Marcelo Santos, o astro Bob Burnquist resolveu se candidatar. Questionado se os surfistas de elite devem seguir o exemplo e se engajar na CBS, Medina assentiu.

“Eu acredito que sim, que isso tem que ser feito. É complicado. Nós, atletas, não entramos nessa questão ainda, mas, com certeza, ajudaria se a gente se envolvesse mais com isso, como o Bob está fazendo no skate. É uma boa ideia. Vou conversar com os meninos”, afirmou.

Apesar do panorama desanimador para as categorias de base do surfe nacional, Gabriel Medina procura adotar uma postura otimista. O primeiro brasileiro campeão mundial da modalidade espera que os resultados alcançados pelos compatriotas internacionalmente sejam suficientes para seduzir potenciais investidores.

“Acredito que vai melhorar. Para o ano que vem, provavelmente, vão subir uns quatro brasileiros (para a divisão de elite). Se mantivermos os que já temos, vamos ser maioria no Circuito. Tomara que as empresas vejam isso e tentem fazer algo pelo surfe, que está sendo tão bem representando pelos atletas”, declarou.

Focado na preparação de novos valores da modalidade, o instituto inaugurado no último mês de fevereiro pelo surfista brasileiro seleciona seus atletas por meio do Circuito Medina/Associação de Surfe de Maresias. Na sede de sua entidade, entre vários garotos em início de carreira, o astro lembrou a própria trajetória ao projetar o futuro.

“Um Circuito Brasileiro seria incrível não só para a gente, mas também para eles (patrocinadores) verem que estamos fortes. O surfe já mudou a minha vida e pode mudar a vida de muitas pessoas. Então, precisa começar pelas oportunidades. As minhas, eu não desperdicei, graças a Deus. Só espero que hajam novas oportunidades”, declarou o atleta.