Rose Namajunas com o cinturão do peso palha feminino do UFC
Rose Namajunas com o cinturão do peso palha feminino do UFC

Para quem apenas olha, Rose Namajunas parece uma lutadora de MMA, do cabelo raspado ao apelido, “Rosa Assassina”. Mas a nova campeã do UFC é também uma mulher que toca piano desde os cinco anos, mesma época em que começou a aprender taekwondo. Ela escreve regularmente em seu diário e cultiva seus próprios alimentos em sua casa em Denver, nos Estados Unidos.

Namajunas é, simplesmente, surpreendente, assim como foi no UFC 217, no último sábado, quando acabou com a invencibilidade da então campeã do peso palha feminino Joanna Jedrzejczyk para ficar com o cinturão, em uma das maiores “zebras” da história da maior organização de MMA do mundo.

Aos 25 anos, Namajunas fez sua segunda luta pelo cinturão, repetindo o que havia acontecido em 2014, quando enfrentou Carla Esparza para se tornar a primeira campeã do peso palha. Ela perdeu por finalização no terceiro round. Foram três anos e mais um revés até que a lutadora vencesse o título.

Vencer Jedrzejczyk não foi um feito pequeno. Em sua carreira profissional no MMA, a polonesa nunca havia perdida, e não foi por acaso. Ela dominou todas suas rivais na divisão – mas não assustou Namajunas.

A nova campeã do UFC cresceu nas ruas de Milwaukee com as crianças de sua vizinhança. Eles jogavam basquete para matar o tempo, correndo para dentro todas as vezes que um carro circulasse o quarteirão mais de uma vez. Às vezes, lutavam um com outro “por diversão”, segundo Namajunas, aprendendo a se defender no caso de alguém tentar roubar suas bicicletas.

Foi um vizinho que deu a Namajunas o apelido de “Rosa Assassina”, pela forma como ela andava, com ar de arrogância. “Para sobreviver, criei certa aura sobre mim mesma de que eu era a pior garota das ruas”, explicou. A cada vez que alguém me subestima, a Rosa Assassina aparece.”

Sua mãe, que também tocava piano, colocou Namajunas para receber lições com o instrumento para mantê-la ocupada e o mais longe das ruas possível. A lutadora ainda toca quando pode – acabou, por exemplo, de aprender novamente a tocar “Fantasie-Impromptu”, de Chopin.

No UFC, a primeira aparição de Namajunas foi em 2014, na 20ª temporada de “The Ultimate Fighter”, o reality show da organização. Dana White a descreveu como “a próxima Ronda Rousey”, aposto também utilizado para Jedrzejczyk – que poderia, inclusive, ter igualado um recorde da estrela norte-americana caso defendesse com sucesso seu título no último sábado.

Foi no final da temporada do TUF que Namajunas enfrentou Esparza. Após perder, ela embalou três vitórias seguidas e enfrentou Karolina Kowalkiewicz no UFC 201 em 2016, mas caiu novamente, em decisão dividida. O revés lhe tirou a oportunidade de lutar novamente pelo título, adiando o encontro com Jedrzejczyk.

Três anos depois da primeira luta pelo título do peso palha, Namajunas voltou para onde tudo começou para ela no UFC. A adversária era diferente, o desafio também, mas sua fome era a mesma. Ela já havia sido testada e derrotada, mas ela gosta de surpreender.

Jedrzejczyk pagou o preço, sendo nocauteada com apenas três minutos de luta. Namajunas, a “Rosa Assassina” que toca piano desde criança, é, enfim, campeã do UFC.

* Traduzido e adaptado por Thiago Cara. Texto original, publicado antes do UFC 217, pode ser lido aqui: “Facing a presumed outcome, Rose Namajunas hopes the unexpected can topple Joanna Jedrzejczyk”