Com caso Pistorius, África do Sul ‘conquista’ o mundo
3 min readPor Paulo Cobos, de Joanesburgo (África do Sul) para o ESPN.com.br.

Deu no “The New York Times”. Ocupou boa parte da programação de canais globais, como CNN e BBC. Satélites dedicados ao evento. Centenas de jornalistas credenciados disputando de forma acirrada um lugar no “camarote”.
O que a África do Sul suou para conseguir em 2010, quando gastou bilhões de dólares para organizar uma Copa do Mundial, faz agora com uma grande tragédia.
O mesmo país que buscou reconhecimento internacional com o futebol, foi talvez o assunto mais comentado no mundo no primeiro dia do julgamento de Oscar Pistorius, o herói do esporte paralímpico acusado de matar a namorada, a modelo Reeva Steenkamp.
Nesta segunda-feira, começou o júri que deve demorar mais de duas semanas para chegar ao seu veredito final. E tudo com um clima de final de Copa do Mundo.
A procura da mídia por informações do julgamento fez as autoridades sul-africanas tratarem o evento como um grande acontecimento esportivo.
Pela grande procura, a Justiça determinou que o credenciamento fosse dividido por duas organizações, uma para os jornalistas locais e outra para os estrangeiros. Também determinou que os 80 lugares disponíveis para a imprensa dentro do tribunal fossem divididos em partes iguais entre locais e forasteiros.

Para garantir a transmissão do caso pela televisão, uma emissora reservou um satélite exclusivo para a transmissão. Parte do julgamento poderá ser filmada, mas quando isso não for permitido o satélite irá transmitir para o mundo o áudio do julgamento.
Em Pretória, onde Pistorius é julgado, dezenas de caminhões de emissoras de televisão ficarão acampados enquanto o julgamento durar. O serviço de correios local acabou faturando com o caso, já que alugou espaço para nove grandes agências de notícias numa área próxima ao tribunal.
No primeiro dia do julgamento, Pistorius disse ser inocente. O testemunho de sua vizinha, no entanto, complicou a versão do atleta. Michelle Burger afirmou ter acordado na madrugada do assassinato com os berros de uma mulher pedindo socorro e só depois ouviu os gritos de Pistorius por ajuda. Ainda segundo Burger, ouve uma pausa após o primeiro disparo e depois três tiros seguidos.
Os investigadores da polícia não têm dúvida da culpa do atleta. Se considerado o autor da morte da modelo, Pistorius pode receber uma pena mínima de 25 anos e máxima de prisão perpétua.