16/04/2024

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Novo escândalo: contrato da CBV vale R$ 10 milhões a diretor geral e braço direito de presidente da Federação Internacional

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Por Lúcio de Castro, especial para o ESPN.com.br.

e braço direito de presidente da Federação Internacional

Por Lúcio de Castro, especial para o ESPN.com.br
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Depois de revelar na última semana a existência de uma empresa que recebe comissão da Confederação Brasileira de Vôlei (CBV) em cima de um contrato de patrocínio negociado diretamente entre a entidade e o Banco do Brasil (BB) e ganhando comissão posteriormente a uma venda já realizada, a série de reportagens Dossiê Vôlei mostra agora algo ainda mais surpreendente: o mesmo patrocínio, que não prevê porcentagem a nenhuma empresa por não ter intermediários na negociação, rendia comissão também para uma segunda firma.

A mesma quantia do primeiro caso. Mais R$ 10.000.000,00 (dez milhões de reais), totalizando R$ 20.000.000,00 (vinte milhões de reais) em comissões por uma venda feita diretamente. Não bastasse a duplicidade no pagamento de comissão para venda sem intermediação, a operação atípica tem outro ingrediente que chama atenção: a abertura da agência beneficiada se deu exatos três dias antes da assinatura do contrato. O Banco do Brasil, ao ser questionado sobre comissões para agências na primeira reportagem, foi taxativo: “o contrato é firmado diretamente”, afirmou o BB através de sua assessoria de imprensa.

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O novo caso funciona assim: dois contratos de “prestação de serviços de representação e assessoria comercial” no valor total de R$ 10.000.000,00 (dez milhões de reais) pagos pela Confederação Brasileira de Vôlei (CBV) beneficiam a “S4G Gestão de Negócios”. Nos documentos obtidos pela reportagem no Cartório de Saquarema, a empresa consta ser de Fábio André Dias Azevedo. Homem de confiança e ligado a Ary Graça Filho, presidente da Federação Internacional de Vôlei (FIVB).

Tamanha ligação uniu Fábio Azevedo e Ary Graça em duas frentes: como pessoa jurídica, a S4G de Fábio foi para dentro da CBV. Como pessoa física, o dono da S4G consta como “Diretor Geral” no expediente da FIVB, primeiro cargo logo abaixo de Ary Graça, que assumiu a presidência da entidade mundial em setembro de 2012, sem, no entanto, deixar oficialmente a presidência da CBV. Até ser levado para a FIVB, Fábio Azevedo era superintendente da CBV. No organograma, abaixo apenas de Ary Graça.


Na última semana, a série de reportagens “Dôssie Vôlei” aqui publicadas mostrou que outra empresa, a “SMP Logística e Serviços LTDA” também tem contrato de “prestação de serviços de representação e assessoria comercial” em modelo semelhante aos dois compromissos com a S4G. Também por dez milhões de reais em cinco anos de contrato. Assim, somando as cotas previstas para a SMP e para a S4G, a CBV prevê pagamento de R$ 20.000.000,00 (vinte milhões de reais) para estas agências em cinco anos, por comissão pelo contrato de patrocínio com o Banco do Brasil. Um repasse de vinte milhões de reais da CBV a título de “venda de patrocínio” realizado após a venda direta do patrocínio entre o BB e a CBV.

ESPN.com.br

Fábio André Dias Azevedo (esquerda) e Ary Graça Filho (direita) na mesa de reuniões da CBV
Fábio André Dias Azevedo (esquerda) e Ary Graça Filho (direita) na mesa de reuniões da FIVB

Por ocasião da reportagem que citava a relação entre a SMP e a CBV no que diz respeito a pagamentos de comissão pelo contrato com o BB, procuramos ouvir a Confederação, através da assessoria de imprensa. Não houve resposta. No mesmo dia da publicação, Marcos Pina comunicou sua saída do cargo de superintendente da CBV. Ao Jornal Nacional, da TV Globo, a CBV afirmou que “está apurando os fatos”.

Para esta reportagem, novamente procuramos a CBV, que desta vez respondeu e negou que, por parte da entidade, exista tal relação. “Os contratos entre a Confederação Brasileira de Voleibol (CBV) e o Banco do Brasil não preveem nenhum tipo de intermediação. A CBV reafirma que jamais houve esse tipo de prestação de serviço nos seus contratos com o banco”, afirmou a entidade através de sua assessoria de imprensa.

Os dois contratos da S4G Gestão de Negócios com a CBV, que totalizam dez milhões de reais, falam em comissão por “serviços prestados”, entre eles “vendas de patrocínio, negociações junto às agências de publicidade, agências de promoção, anunciantes”. Passaram a vigorar entre 15 de abril de 2011, indo até 30 de junho de 2017. O contrato com a SMP, objeto da reportagem na última semana, foi assinado em um domingo, 1º de janeiro de 2012, indo até o mesmo 30 de junho de 2017 dos dois contratos da S4G.

Os dois contratos com a S4G estão assim divididos: um tendo como objeto comissão sobre “entrada de recursos para a CBV nas atividades de vôlei de quadra” e outro relativo ao vôlei de praia. Pagamento anual de um milhão de reais para cada contrato, com duração de cinco anos cada, perfazendo R$ 5.000.000, 00 (cinco milhões de reais) pela comissão do contrato de vôlei de quadra e cinco milhões de reais pelo de vôlei de praia. Totalizando dez milhões de reais nesses cinco anos.

O contrato relativo a comissão paga para a S4G “nas atividades relacionadas à modalidade vôlei de praia” e o contrato assinado com a SMP tem o mesmo objeto e determinam, ambos, em sua primeira cláusula, que a CBV pague comissão “nas atividades relacionadas à modalidade vôlei de praia”. Nas duas empresas beneficiadas em contrato, SMP e S4G, estão proprietários com estreita ligação com a CBV.

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