18/04/2024

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Massa tem início de ano nota 7 na F1. Só Hamilton e Ricciardo são 10

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Livio Oricchio Do UOL, em Xangai (China).

Desde que a FIA anunciou a mudança radical no regulamento da F1, há dois anos, criou-se enorme expectativa com relação a como seria a competição em 2014. Afinal, os pilotos passariam a acelerar um carro equipado com um pequeno motor a explosão turbo comprimido e dois motores elétricos, solução nunca experimentada antes na F1. Com certeza seria bem diferente do que estavam acostumados.

O GP da China, disputado ontem em Xangai, quarto do calendário, encerrou a primeira parte desse campeonato regido por regras técnicas bem distintas. Já foi possível ter uma ideia do desafio que a nova F1 representa para os pilotos. E como eles se saírem até agora, depois das corridas na Austrália, Malásia, em Bahrein e na China?

Cada fã da competição tem o direito de expressar a sua análise sobre o desempenho dos pilotos. E a grande maioria é válida. Esta é apenas uma delas.

 

Lars Baron/Getty Images

Lewis Hamilton – Nota 10 – O inglês da Mercedes venceu as três últimas provas e não fosse um fio de vela se romper na abertura do Mundial, em Melbourne, tinha grande chance de também ter sido primeiro. Havia largado na pole position. Dispõe hoje do melhor carro e desponta desde já como o favorito para conquistar o título. É um talento nato, ainda que por vezes cometa erros incompreensíveis, a exemplo de ontem, no GP da China. Na 16.º volta, com larga vantagem na liderança, seguiu reto na freada da curva 6, mas sem consequências. Disse estar com os pneus desgastados. Mas saber administrar o monoposto nessa condição faz parte das suas atribuições.

 

Daniel Ricciardo – Nota 10

O australiano de 24 anos é a agradável surpresa desse início de campeonato. Quase não houve como se preparar na pré-temporada, por conta dos problemas da unidade motriz da Renault, fornecedora da Red Bull. Não simulou com sucesso nos testes, por exemplo, um único. Mas já na sua estreia na Red Bull, em casa, Austrália, largou na primeira fila, em segundo, enquanto Vettel ficou em 11.º. E conduziu com perfeição pouco comum na corrida, a ponto de ser segundo, embora depois tenha sido desclassificado. O alemão abandonou.

A não ser na Malásia, Ricciardo sempre foi mais eficiente que Vettel nas definições do grid. Nas duas últimas corridas, foi quarto enquanto o tetracampeão, sexto e quinto. Não dá para desejar mais de Ricciardo. Mostrou personalidade ao tentar, e conseguir, ultrapassar Vettel na pista.

Na China, por exemplo, se o alemão não abrisse a porta provavelmente perderia a posição da mesma forma. Vettel tinha substituído seus pneus na 12.ª volta enquanto Ricciardo, apenas na 15.º, os tinha em melhor estado.

O bom dessa história é que Christian Horner e Helmut Marko, os homens que mandam na Red Bull, estão gostando de ver Vettel tendo de se mexer mais, agora, que quando Mark Webber era o seu parceiro, de 2009 até o ano passado. Se Ricciardo e Vettel não se aniquilarem na pista, a equipe sai ganhando com a concorrência interna. Hoje a Red Bull não está mais na frente. Precisa dessa luta entre seus pilotos para crescer.

E tem mais: foi possível perceber nos últimos anos que a direção da Red Bull, formada por profissionais altamente competentes, não apreciou muito quase só se falar de Vettel no seu período de dominação total da F1, de 2010 até 2013. Se Ricciardo ratificar, agora, a capacidade demonstrada nessa fase inicial da temporada e lutar regularmente por uma posição no pódio, então a importância da equipe nas conquistas de Vettel era um pouco maior da imaginada, não?

 

AP Photo/Luca Bruno

Nico Rosberg – Nota 9 – O alemão da Mercedes está se aproveitando bem do estado de graça da equipe e realiza grande trabalho. Luta contra um dos pilotos mais talentosos da F1 e por vezes o desafia, o que mostra seu elevado valor. Mas não está no mesmo nível de Hamilton. Regular, lidera ainda o campeonato por conta de ter vencido na Austrália e o companheiro abandonar. Apenas 4 pontos os separam, 79 a 75. É pouco provável que Rosberg possa se manter na frente de Hamilton à medida que a temporada avançar.

 

Fernando Alonso – Nota 9

Quando Felipe Massa era o seu companheiro na Ferrari e Alonso conquistava com regularidade melhores resultados, diziam que era porque o brasileiro estava aquém do espanhol. O que não deixa de ser verdade. Mas agora Alonso confronta o seu trabalho com um campeão do mundo, Kimi Raikkonen, que vem de dois campeonatos espetaculares na Lotus. E mesmo assim o espanhol o está dominando, ao menos até agora.

Alonso é o piloto mais completo em atividade. Tem uma capacidade notável de obter resultados importantes mesmo com um carro limitado, como tem sido o da Ferrari, na média, nos últimos anos. Poucos questionam suas qualidades técnicas. Mas muitos destacam, também, como é difícil lidar com um ser humano como Alonso, político por excelência e, por consequência, nem sempre sincero.

Felipe Massa – Nota 7

Valtteri Bottas, companheiro de Massa na Williams, é tido por muitos na F1 como um piloto talentoso, ainda que tenha de prová-lo, pois o carro da Williams do ano passado não permitiu a ninguém avaliá-lo. Nas definições do grid, este ano, Massa está vencendo por 3 a 1.

Nas corridas, Massa não teve responsabilidade no abandono na Austrália e no erro da equipe, ontem, no pit stop, que o levaram a não marcar pontos em ambas. Nas duas corridas que os dois pilotos da Williams terminaram, Malásia e Bahrein, Massa recebeu a bandeirada na frente do companheiro, sétimo e oitavo.

Massa é um piloto rápido, ainda, na sua 12.ª temporada na F1. E bastante útil para uma equipe em fase de reestruturação, como a Williams. A experiência de 195 GPs ajuda muito na hora de os engenheiros realizarem escolhas técnicas. Massa provavelmente esperava mais do carro depois da pré-temporada, bem como já compreendeu que Bottas não é um adversário fácil de ser vencido, apesar de bem menos experiente, 23 largadas.

Como está vencendo a primeira competição, que é dentro de casa, ao superar Bottas, pode-se dizer que Massa até agora disputa um bom campeonato, ainda que não tenha tido nenhuma performance que encantasse.

Valtteri Bottas – Nota 7

As sessões de classificação parecem não ser o seu ponto mais forte. Mas é veloz e regular nas corridas, tanto que marcou pontos nas quatro etapas e soma 24 pontos, sétimo colocado. Por não ter feito pontos na Austrália e ontem, na China, Massa tem 12 pontos, 11.º.

A Williams não deu mostras até agora de que terá um carro capaz de permitir a seus pilotos lutar pelo pódio, como em princípio se pensou ser possível. Bottas e Massa provavelmente vão estar no pelotão que na maioria das corridas vai competir por colocações que vão do quarto ao oitavo lugar.

Assim, será difícil ler o verdadeiro talento de Bottas. Mas sempre é possível demonstrar competência, mesmo com um carro limitado e até agora o finlandês tem tirado do modelo FW36-Mercedes da Williams a maior parte do que ele tem a oferecer, como no GP da Austrália, ótimo quinto, mesmo com um pit stop a mais, por errar, tocar o muro e ter de substituir a roda traseira direita.

Sebastian Vettel – Nota 6

Para um piloto que venceu os quatro últimos campeonatos de maneira arrasadora, quebrando recorde atrás de recorde, começar a temporada perdendo a disputa para o companheiro, Daniel Ricciardo, estreante numa equipe vencedora, inevitavelmente lança sobre si dúvidas. Será que tudo o que se pensa de Vettel realmente procede? É mesmo o fenômeno que parece?

Vettel é um grande talento, é inquestionável. Não foi por acaso que se tornou tetracampeão. Mas pode ser que no fim do ano, se continuar como agora, menos eficiente que Ricciardo nas definições do grid e nas corridas, seu elevadíssimo conceito tenha de ser revisto. Na escala dos supertalentos talvez não esteja nos estágios mais elevados.

Vettel se formou como piloto vencedor conduzindo carros extremamente velozes e equilibrados. Seu estilo de pilotar casou perfeitamente com os monopostos que Adrian Newey, diretor técnico da Red Bull, lhe entregou. Este ano está lutando com o carro, ainda. Com a mudança do regulamento, o modelo RB9-Renault da Red Bull não é tão rápido e previsível como o dos últimos quatro anos. E Ricciardo está se dando melhor nesse exame seletivo de natureza distinta da que Vettel estava acostumado.

Com a evolução do RB9 ao longo das próximas etapas espera-se mais de Vettel. E ele terá de corresponder para não ser visto com um piloto capaz, óbvio, mas menos do que os seus números impressionantes sugerem.

Kimi Raikkonen – Nota 6

Se alguém ainda duvidava do que Raikkonen pode fazer com um carro de F1, os dois últimos anos na Lotus esclareceram tudo. O finlandês campeão do mundo de 2007 tem muito talento. Mas está literalmente perdido na Ferrari. Não sabe como tirar velocidade do modelo F14T. Alonso tem sido bem mais eficiente.

Na entrevista depois da corrida de ontem poucas vezes se mostrou tão abatido. Raikkonen disse não saber o que dizer aos engenheiros, simplesmente está lento, não consegue fazer os pneus Pirelli trabalharem na faixa média de 85 e 95 graus Celsius, a ideal de aderência. E, claro, o carro não tem performance.

Falou em mudar o estilo de conduzir, mas reconheceu que não se faz isso de uma hora para a outra. Se as mudanças que o diretor técnico da Ferrari, James Allison, está estudando para incorporar no F14T no GP da Espanha não atenuarem, ao menos, essa dificuldade, o finlandês poderá disputar um campeonato bem fraco, como tem sido sua performance até agora, com regularidade atrás de Alonso. Soma 11 pontos diante de 41 do espanhol.

Raikkonen é um piloto muito sensível às reações do carro. Na Lotus, o modelo a sua disposição privilegiava a maneira como gosta de conduzir. Na Ferrari, está difícil para os italianos fazerem o F14T ser mais adequado para o que gosta. Alonso é menos sensível às reações do carro, é capaz de ser veloz com uma gama maior de monopostos, o que não é o caso de Raikkonen.

 

Frases do GP da China

Mark Thompson/Getty ImagesA parada foi um problema que a gente teve no pit stop. Acabou a corrida ali. O único jeito de recuperação era um safety car. Foi uma penaFelipe Massa, sobre os problemas durante a corrida

EFE/SRDJAN SUKIFoi muito estranho. Pensei ‘estou vendo coisas?’. Estava cruzando a linha de chegada quando, de repente, vi a bandeiraLewis Hamilton, assustado com a ‘miragem’ causada pelo erro de um fiscal no fim da prova

REUTERS/Carlos BarriaTerminar a corrida estando no pódio é meio que uma surpresa para nós. Uma agradável surpresa, finalmenteFernando Alonso, surpreso com o primeiro pódio dele nesta temporada

AFP PHOTO/Mark RALSTONÉ incrível. Honestamente, não consigo acreditar no quão incrível o carro é e no quão duro todos trabalharamLewis Hamilton, extasiado com a terceira vitória consecutiva no ano

AFP PHOTO/GOH CHAI HINTivemos sorte de terminar a prova. Espero uma largada limpa na próxima corrida. Foi um grande toqueFernando Alonso, ao descrever o toque em Massa

Lars Baron/Getty ImagesRosberg estava dirigindo às cegas. Perdemos a telemetria do carro dele na volta de apresentaçãoToto Wolff, chefe da Mercedes, ressalta as dificuldades enfrentadas pelo piloto alemão

Mark Thompson/Getty ImagesAbri para o Ricciardo assim que soube que estávamos em estratégias diferentes. Não havia entendido que estávamos com o mesmo tipo de pneu, ao contrário do BahreinVettel, justifica demora para deixar australiano passar

REUTERS/Carlos BarriaClaro, ele vai questionar para compreender, mas abriu passagem imediatamente após entenderChristian Horner, chefe da Red Bull, nega qualquer tensão com Vettel

REUTERS/Carlos BarriaTá de brincadeira. Ele me passou porque tem pneus melhores. Isso vai mudar daqui a duas voltasSebastian Vettel, inconformado por ser ultrapassado pela Caterham de Kobayashi

Aly Song/ReutersEste não foi um fim de semana perfeito para mim. Não tive qualquer telemetria, a embreagem estava no lugar errado e tive algum contato com BottasRosberg, 2º colocado mesmo com tudo isso

Clive Mason/Getty ImagesEste pódio é um impulso de confiança para toda a equipe e deve ser dedicado a DomenicaliAlonso, em homenagem ao ex-chefe da Ferrari

Lars Baron/Getty ImagesEu estou feliz de um modo que não consigo me lembrar de ter estado antesLewis Hamilton, falando sobre as três vitórias seguidas na Fórmula 1

EFE/DIEGO AZUBELNão acho que trouxeram muitas coisas para cá. Não sei o que estamos fazendo realmenteJenson Button, frustrado com a falta de competitividade da McLaren

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