A Bahia é de ouro e deixa o Brasil dourado; confira as conquistas dos baianos para o Brasil.
12 min read
Por Carlos Fiúza de Salvador para o Zigzagdoesporte.com.br direto da redação.
Isaquias Queiroz é ouro na canoagem C-1 em Tokyo.
Baiano venceu prova do C1 1000 m.
Isaquias Queiroz fez história na noite desta sexta-feira (6) no Canal Sea Forest. O baiano faturou a medalha de ouro na prova do C1 1000 metros (m) da canoagem de velocidade na Olimpíada de Tóquio (Japão).

Isaquias Queiroz conquistou na manhã deste sábado no Canal Sea Forest, na baía de Tóquio, a medalha de ouro na prova do C1 1000m da canoagem velocidade, com o tempo de 4m04s408. O baiano de 27 anos, que é o atual campeão mundial da distância, reafirmou sua condição de ícone da elite internacional da modalidade. Canoista baiano iguala a marca de Serginho e Gustavo Borges e tem o objetivo de se tornar o brasileiro com mais conquistas em Olimpíadas.
– Tô meio que aéreo ainda… É diferente ganhar uma medalha de ouro. Estou feliz, mas estou mais feliz por estar deixando vocês no Brasil mais felizes (…). É um trabalho longo, de uma vida inteira. Larguei tudo na minha vida para me dedicar ao esporte, não só eu, mas minha esposa também. Minha mãe passou por muita coisa na vida e hoje está vendo o filho medalhista de ouro, dedico a ela também essa medalha – disse Isaquias.
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_bc8228b6673f488aa253bbcb03c80ec5/internal_photos/bs/2021/l/r/QAWcl2QWmXBvLqlQdBGw/canslavel-mj-070821-8887.jpg)
Isaquias Queiroz medalha de ouro no C1 1000m — Foto: Miriam Jeske/COB.
Agora, o brasileiro soma quatro medalhas olímpicas em sua carreira (o ouro de Tóquio e duas pratas e um bronze da Rio 2016). Foi o único brasileiro em toda a história a conquistar três metais em uma única edição do megaevento. Ele também ostenta 12 pódios em Campeonatos Mundiais (dos quais seis ouros) e quatro em Jogos Pan-Americanos (três ouros).
A medalha de prata ficou com o chinês Hao Liu, com o tempo de 4m05s724. O bronze é de Serghei Tarnovschi, da Moldávia, com 4m06s069.
Confira como ficou a classificação da final:
1. Isaquias Queiroz (Brasil) – 4m04s408
2. Hao Liu (China) – 4m05s724
3. Serghei Tarnovschi (Moldávia) – 4m06s069
4. Adrien Bart (França) – 4m06s171
5. Martin Fuksa (Rep. Tcheca) – 4m08s755
6. Conrad Scheibner (Alemanha) – 4m13s725
7. Fernando Dayan Enriquez (Cuba) – 4m13s918
8. Pengfei Zheng (China) – 4m14s048
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_bc8228b6673f488aa253bbcb03c80ec5/internal_photos/bs/2021/B/i/zpDcJLTuSlzMolPxFHQw/canoamasc-jr-07.08.21-00039426.jpg)
Isaquias Queiroz é ouro no C1 1000m nas Olimpíadas de Tóquio — Foto: Jonne Roriz/COB.
Antes da finalíssima, uma chuva forte caiu na baía de Tóquio em decorrência da passagem de um tufão na região. Cerca de 20 minutos antes da largada, porém, os céus deram uma trégua e permitiram que a disputa se desenrolasse sem problemas.
Nas eliminatórias, na manhã de sexta-feira no Japão (quinta à noite no Brasil), Isaquias já se impôs e marcou o melhor tempo no geral. Na manhã deste sábado, venceu a segunda bateria semifinal e, após sorteio, foi balizado na raia 4 na final.
O baiano havia terminado a final do C2 1000m, na quarta-feira na quarta posição ao lado de Jacky Godmann. Depois da disputa, ele chorou, passou mal e decidiu que entraria na briga por medalhas no C1 1000m com disposição redobrada.
Atleta do Flamengo, ele treina há sete anos em Lagoa Santa, cidade da região metropolitana de Belo Horizonte, sob o comando de Lauro de Souza Júnior, o Pinda. Talentoso desde a adolescência, quando foi descoberto ainda em Ubaitaba, sua cidade natal na Bahia, Isaquias acabou lapidado pelo lendário técnico espanhol Jesus Morlán, que conquistou várias medalhas olímpicas na canoagem velocidade como orientador do compatriota David Cal.
Morlán assumiu a seleção brasileira em 2013 e, dali em diante, Isaquias se tornou um dos maiores canoístas do mundo. O espanhol morreu em 2018 depois de travar uma luta de dois anos com um câncer no cérebro.
Na véspera da final, ele disse que queria uma medalha para honrar a memória do antigo mestre.
– Jesus foi um cara que mudou a a trajetória da canoagem do Brasil. Um cara que merece todo elogio por todas as conquistas que teve e pelo que estava fazendo mesmo com o tratamento do câncer. Para mim, é uma honra poder remar aqui e tentar mostrar para o Brasil que o trabalho dele segue, que podemos mostrar à família dele que levamos o nome do Jesus mesmo ele não estando mais fisicamente aqui. Meu objetivo agora é ganhar essa medalha de ouro para dedicar a ele – disse.
Com esse pódio em Tóquio, Isaquias entra definitivamente na galeria dos gigantes da história olímpica brasileira.
Hebert Conceição aplica nocaute salvador de forma espetacular no 3º round e vence medalha de ouro no boxe.

Hebert Conceição é medalha de ouro no boxe. O brasileiro entrou no ringue contra o ucraniano Oleksandr Khyznhiak na final até 75kg das Olimpíadas e venceu por nocaute no terceiro round.
E não foi qualquer nocaute. Foi um nocaute espetacular com um cruzado de esquerda no queixo que deixou o rival caído no chão, com o árbitro intervindo e dando a vitória e ouro ao brasileiro.
E o nocaute não poderia vir em melhor hora. Isso porque Hebert Conceição havia perdido de forma unânime pelos cinco jurados nos dois primeiros rounds.
O brasileiro não resistiu à pressão do ucraniano nos rounds iniciais, que desde o início fez uma estratégia de ir para cima a todo momento, golpeando Hebert de forma incansável e se movimentando para frente.
Mas não bastou, já que Hebert conseguiu um nocaute espetacular em Tóquio. Após o final da luta, o brasileiro chorou copiosamente no ringue.
O Brasil encerra a sua participação no boxe em Tóquio-2020 com três medalhas. Além da de Hebert, Abner Teixeira foi bronze entre os pesados, e neste domingo Bia Ferreira disputa o ouro entre as mulheres.
A medalha no boxe também é a 18ª medalha do Brasil no quadro em Tóquio. O país agora tem seis ouros (Ítalo Ferreira no surfe, Rebeca Andrade na ginástica, Martine e Kahena na vela, Ana Marcela na maratona aquática, Isaquias Queiroz na canoagem e agora Hebert), quatro pratas (Kelvin Hoefler, Rayssa Leal e Pedro Barros no skatee Rebeca Andrade na ginástica) e oito bronzes (Bruno Fratus e Fernando Sheffer na natação, Daniel Cargnin e Mayra Aguiar no judô, a dupla Pigossi-Stefani no tênis, Abner Teixeira no boxe, Alison dos Santose Thiago Brazno atletismo).
E há algo que o quadro não mostra: são mais três pódios já garantidos – um no boxe (Beatriz Ferreira), um no futebol masculino e outro no vôlei feminino. O número de 22 medalhas já é um recorde para o Brasil em Olimpíadas, superando as 19 do Rio de Janeiro.
E mais que isso: o Brasil fica agora a apenas um ouro de igualar também o recorde de 7 douradas no Rio de Janeiro.
Ana Marcela Cunha conquista ouro em Tóquio.

Ana Marcela Cunha não nadou nas águas londrinas. Em Pequim e no Rio de Janeiro, suas braçadas foram menos potentes que as das adversárias. Mas, no mar de Tóquio, a nadadora baiana, uma das mais consagradas atletas da maratona aquática, finalmente agarrou o ouro olímpico.
Em Pequim-2008, aos 16 anos, ficou perto do pódio (5º) na estreia olímpica da maratona aquática. Em Londres-2012, não conseguiu a classificação e, no Rio-2016, teve que se contentar com o 10º lugar após perder uma reposição líquida.
A decepcionante performance olímpica daquela que é considerada por muitos a maior atletas da maratona aquática da história teve um final feliz nesta quarta-feira (terça-feira em Brasília), após os 10 km da prova disputada no Parque Marítimo de Odaiba, uma ilha artificial na capital do Japão.
Quatro vezes campeã mundial nos 25 km (2011, 2015, 2017, 2019), uma vez nos 5 km (2019) e dona de dez recordes no Guinness por número de títulos e vitórias (25 até 2019) em séries mundiais da maratona aquática da Federação Internacional de Natação (Fina), Ana Marcela conquistou o ouro em Tóquio com um tempo de 1:59:30, chegando à frente da holandesa Sharon van Rouwendaal (+0,9), campeã no Rio, e da australiana Kareena Lee (+1,7).
O ponto mais alto do pódio em Tóquio vai engrossar uma já impressionante vitrine que inclui 66 medalhas (33 ouros, 16 pratas e 17 bronzes) de competições de 5, 10 e 25 km da Fina, além do ouro nos Pan-americanos de Lima-2019 nos 10 km e seis dos dez prêmios entregues à melhor nadadora de águas abertas do mundo.
“Eu amadureci muito para chegar até aqui e só tenho uma coisa a dizer: acreditem nos seus sonhos”, declarou a campeã olímpica após ganhar o ouro, o primeiro do Brasil na modalidade.
Ana Marcela está conectada ao mar desde muito cedo. Ela aprendeu a nadar quando tinha dois anos. Foi a mãe que lhe ensinou a dar as primeiras braçadas para evitar sustos na piscina da creche.
Mas seu coração urgia pelo mar e com oito anos ela já praticava em águas abertas, impulsionada pela cultura marítima de Salvador, sua cidade natal.
“Sempre gostei de nadar ao ar livre, nos rios, nas praias”, explicou Cunha, de 29 anos, ao site oficial dos Jogos de Tóquio.
Ana Marcela ganhou destaque rapidamente e estreou em Olimpíadas em Pequim aos 16 anos. Desde então, apareceu com bastante frequência nos pódios de um esporte muito exigente.
“Eu treino todos os dias da semana, exceto no domingo. Começo às 6h00 da manhã, como, descanso, e depois faço outro treino pela tarde. Isso dá uns 300 km por mês, dependendo da estação”, explica.
Depois da decepção no Rio, em outubro de 2016 ela sofreu outro baque. Uma doença auto-imune forçou a remoção de seu baço, embora em pouco tempo ela já estivesse de volta ao mar.
De braços e pernas tatuadas e com os arcos olímpicos gravados no ombro direito, Ana Marcela gosta de compartilhar nas redes sociais seus coloridos e chamativos cortes de cabelo, além de fotos com a namorada e mensagens positivas para que os jovens se apaixonem pelo esporte.
Um de seus ídolos é Ayrton Senna. Durante uma prova de 36 km entre Capri e Nápoles, na Itália, Ana Marcela usou uma touca no estilo dos capacetes do inesquecível tricampeão mundial de Fórmula 1.
Embora ela, a braçadas, e por si só, há muito tempo tenha conquistado seu lugar na história do esporte brasileiro.
“Procuro sempre compartilhar cada sucesso com os outros. Não sou nem melhor, nem pior do que ninguém. Sou apenas a Ana Marcela das maratonas em águas abertas”.
Daniel Alves chega ao 42º título em sua carreira no futebol. O vovô baiano emplacou mais um.

Aos 38 anos, Daniel Alves segue adicionando conquistas importantes em sua carreira. Convocado para ser um dos líderes da seleção olímpica em Tóquio, o camisa 13 teve uma grande importância na campanha do Brasil, demonstrando que ainda é capaz de atuar em alto nível na seleção brasileira. Sendo assim, mediante a vitória de 2 a 1 sobre a Espanha, o craque do São Paulo chegou ao título de número 42 na carreira.
Superada na decisão, a Espanha ficou com a prata, e o bronze da modalidade ficou com o México. Os gols brasileiros foram marcados por Matheus Cunha e Malcom. Oyarzabal fez o espanhol.
A conquista no futebol masculino faz o Brasil chegar a sete ouros nos Jogos Olímpicos de Tóquio, igualando o recorde da Rio-2016.
Oscilando na competição, a Espanha começou melhor a partida e chegou a ter ótima oportunidade com Oyarzabal, que só não abriu o placar aos 15 minutos porque Diego Carlos cortou em cima de linha.
O time brasileiro só conseguiu levar a perigo aos 24, com Richarlison, que recebeu passe de Arana na área e bateu forte, mas na rede pelo lado de fora. Se os espanhóis não aproveitavam as chances criadas, os brasileiros desperdiçavam também do outro lado. E justamente com o artilheiro do campeonato.
Cruzamento na área aos 33, choque entre Matheus Cunha e Unai Simón e revisão no VAR. Foi assim que o Brasil teve a bola na marca da cal para abrir o placar. Na cobrança do pênalti, Richarlison isolou por cima do gol e não converteu a melhor oportunidade até ali.
Até ali.
O time brasileiro seguiu no ataque após o baque da cobrança desperdiçada. E o gol saiu. Richarlison na linha lateral deu toque para trás, Claudinho cruzou forte na área e a bola parecia perdida, mas o veterano Daniel Alves, como um ponta, acreditou e não só evitou a saída como a cruzou bem alta.
Eric Garcia e Pau Torres não subiram, ficaram olhando, Matheus Cunha dominou como um verdadeiro centroavante e bateu seco, no canto, sem qualquer chance de defesa para Unai Simón, que ficou estático.
Mais aberta na defesa para buscar o empate, a Espanha passou a dar espaços preciosos para os brasileiros puxarem o contra-ataque. E foi assim que quase saiu o 2 a 0 quando Matheus Cunha correu e achou Richarlison na frente.
O camisa 9 dominou, cortou a defesa e bateu, mas esbarrou em um toque de Unai Simón e outro do travessão.
Mais aberta na defesa para buscar o empate, a Espanha passou a dar espaços preciosos para os brasileiros puxarem o contra-ataque. E foi assim que quase saiu o 2 a 0 quando Matheus Cunha correu e achou Richarlison na frente.
O camisa 9 dominou, cortou a defesa e bateu, mas esbarrou em um toque de Unai Simón e outro do travessão.
A pressão espanhola fez efeito aos 14.
Guilherme Arana não apertou na marcação, Soler cruzou e encontrou Oyarzabal nas costas de Daniel Alves. O capitão da Fúria deu show de qualidade para bater de primeira e marca o gol de empate na partida.
Ainda que tenha começado melhor a segunda etapa, o Brasil ‘abriu mão’ de jogar após buscar a bola nas redes, e passou a ver os espanhóis dominarem a partida, ficando a boa parte do tempo na marcação.
O resultado? Pressão espanhola e duas bolas no travessão de Santos que salvaram o Brasil na reta final do segundo tempo, que levaram a partida para a prorrogação.
Após o apagão nos 45 minutos finais, o time brasileiro conseguiu colocar a cabeça no lugar e voltou a pressionar a defesa espanhola, principalmente com a entrada de Malcom.
E foi justamente o atacante do Zenit que marcou o gol do ouro brasileiro. Após a lançamento longo de Antony, o camisa 17 botou na frente, ganhou do zagueiro e bateu na saída de Unai Simón aos 2 minutos da prorrogação.
Situação no campeonato
Com a vitória na final o Brasil fecha a Olimpíada de Tóquio com a medalha de ouro no futebol masculino. A Espanha termina com a prata.
Último confirmado no time brasileiro em Tóquio, Malcom precisou convencer o Zenit-RUS a liberar sua participação nos Jogos Olímpicos. E foi dele, que entrou na prorrogação, o gol que colocou o ouro novamente no peito do futebol brasileiro.
Badalados, Eric Garcia e Pau Torres vacilaram no lance crucial do primeiro tempo e perderam a disputa pelo alto para Matheus Cunha, que ainda levou a melhor no jogo de corpo e marcou o gol brasileiro no fim da etapa inicial.
Ainda sofreram quando encontraram o veloz Malcom pela frente no segundo gol do Brasil. O gol do ouro.
Ficha técnica
BRASIL 2 X 1 ESPANHA
GOLS: Matheus Cunha (45’+1′) e Malcom (108′) para o Brasil; Mikel Oyarzabal (61′) para a Espanha
BRASIL: Santos; Daniel Alves, Diego Carlos, Nino e Guilherme Arana; Douglas Luiz, Bruno Guimarães e Claudinho (Reinier); Antony, Matheus Cunha (Malcom) e Richarlison (Paulinho); TÉCNICO: André Jardine
ESPANHA: Simón; Óscar Gil (Vallejo), Eric García, Pau Torres e Cucurella (Miranda); Zubimendi, Pedri e Merino (Soler); Asensio (Bryan Gil), Oyarzabal (Rafa Mir) e Dani Olmo; TÉCNICO: Luis de La Fuente