29/03/2024

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A sua revista eletrônica do esporte

De repente é aquela corrente pra frente!

10 min read

Por Jailton Andrade para o Zigzagdoesporte.com.br

Bolsonaro e MOurão desembarcando de avião da FAB.

Para salvar o Brasil, impeachment é placebo.
O que está em jogo, com copa ou sem, é a vida da população brasileira. Não dá pra pedir
benevolência ao futuro presidente Mourão. O impeachment só é melhor do que o nada.
Fora isso, é a pior posição que nós poderíamos tomar.
Enquanto nós aguardamos o parlamento receber o 57º pedido de impedimento do
presidente, o primeiro aguarda análise mais de 850 dias. Foi o pedido da artista plástica
e advogada Diva Maria, quando Bolsonaro publicou vídeo, segundo ela, pornográfico no
Twitter relacionado ao golden shower. Cinquenta e sete são quase duas placas de ovos,
dessas que eram vendidas em Salvador por R$ 10 antes do acordo no CADE onde a
Petrobras se comprometeu a nunca mais vender diesel barato. Hoje o ovo, que chega
de Kombi, custa R$ 14 a placa. Duas placas cheias de pedidos de afastamento do
presidente da república (caixa baixa mesmo).
Para salvar o Brasil, impeachment é placebo.
O que está em jogo, com copa ou sem, é a vida da população brasileira. Não dá pra pedir
benevolência ao futuro presidente Mourão. O impeachment só é melhor do que o nada.
Fora isso, é a pior posição que nós poderíamos tomar.
Enquanto nós aguardamos o parlamento receber o 57º pedido de impedimento do
presidente, o primeiro aguarda análise mais de 850 dias. Foi o pedido da artista plástica
e advogada Diva Maria, quando Bolsonaro publicou vídeo, segundo ela, pornográfico no
Twitter relacionado ao golden shower. Cinquenta e sete são quase duas placas de ovos,
dessas que eram vendidas em Salvador por R$ 10 antes do acordo no CADE onde a
Petrobras se comprometeu a nunca mais vender diesel barato. Hoje o ovo, que chega
de Kombi, custa R$ 14 a placa. Duas placas cheias de pedidos de afastamento do
presidente da república (caixa baixa mesmo).
Desculpe desanimar, mas a grande maioria dos que decidem sobre pedidos como esse,
não está do lado da classe trabalhadora e esse foi o argumento usado pelo próprio
Rodrigo Maia em entrevista à TV247. Com ou sem impedimento continuará a reforma
trabalhista, o teto dos gastos, a reforma previdenciária, a terceirização irrestrita do
Estado, as privatizações, a segregação racial e a destruição do meio ambiente.
Mas, pior que isso, o impedimento de Bolsonaro, validado pelo Congresso Nacional,
tornará legítima ao parlamento a reabertura do caminho para a reforma do Sistema
Administrativo Brasileiro combinado com a reforma tributária tão esperada pelos
industriais. Feito isso, teremos o Marco Regulatório do Feudalismo no Brasil póspandemia.
Em países sérios, toda essa “equipe de governo” estaria presa neste momento. Cada
depoimento na CPI do genocídio era um camburão na porta. Pela vacina, pelo oxigênio,
pela Ford, pelo petróleo, pela carne, pela Amazônia, pelo racismo… Só a Greve Geral no
Brasil teria repercussão capaz de levar à prisão de toda essa turma e, mais que isso, de
transformar as relações entre nações e capital.
Se você tivesse 7 trilhões de dólares na sua conta, que mal faria ajudar a salvar uma
vida? Pois bem, guarde esse número.
Precisamos entender como estão se dando as relações entre o Estado Brasileiro e os
capitalistas, tanto brasileiros como internacionais. Essa galera não está de brincadeira.
Veja o exemplo da norte americana Ford que tirou a comida de 5.000 famílias brasileiras
no pico da pandemia com o tempo de um clique no ENTER. Para além do demônio que
assumiu o país, o exemplo da Ford mostra como o capital assumiu, no Brasil, sua feição
mais desumana. E seria assim com qualquer outra. O golpe que trouxe esse canalha a
chefe supremo da república foi financiado por eles, aparelhando os espaços no
judiciário, no governo, no parlamento e nas empresas estatais, com ultraliberais
discípulos da Universidade de Chicago, que encontraram no fascismo de Bolsonaro uma
“ponte para o futuro”, como dizia Temer. A ponte garante o futuro deles e do seu
patrimônio. Essa é a liberdade dada ao empresário, ao industrial. Tomaram conta de
tudo, desde as telecomunicações, a educação, o esporte, o comércio, a indústria, a
energia.
Se tivéssemos um STF comprometido com a Constituição Brasileira, a função social dos
contratos, da propriedade privada, da dignidade da pessoa humana serviria nesse
momento, porque uma empresa relevante como a Ford não poderia escolher brincar de
dar emprego e, no momento em que o Estado mais precisa de parceria, simplesmente
sair sem fechar a porta, não pra voltar, mas para que outras saiam. Essa liberdade, para
além da Carta Maior, foi dada e está sendo usada. O Carrefour faria a mesma coisa, não
para nos proteger do seu racismo, mas para se proteger enquanto “máquina de lucro”.
No tema Copa América, o STF dá outro show. É o judiciário mínimo diante da Nike,
Amber, Itaú, Mastercard, GOL, Vivo onde o supremo usa a máxima de Moro: não vem
ao caso. Todas essas marcas se disseram preocupadas com os casos de abuso sexual
envolvendo a CBF e Neymar, mas ninguém tirou a grana pra realizar a cova. O jornalista
da UOL, Rodrigo Matos, confirmou que somente a Latam desistiu de financiar. O resto
finge se preocupar. Com a Constituição completando 1 ano de vida aparece o Ricardo
Texeira, depois vem o José Maria Marin, o Marco Polo Del Nero e agora sai o Caboclo.
Só tem direitinho nessa paixão nacional.
Veja o caso da indústria de petróleo. Com a providencial Operação Lava Jato e as
reformas legislativas, os capitalistas internacionais se apossaram e estão, cada vez mais,
tomando conta das nossas reservas, e o que está acontecendo? Sobe o preço do item
mais emblemático para o país, o gás de cozinha. Aí o empresariado do setor vai ao CADE
pra obrigar a Petrobras a aumentar ainda mais o preço dos combustíveis porque não
consegue importar. Ora! Importar?
Eu vou explicar novamente. Os importadores de combustíveis, por meio da ABICOM,
alegam que não conseguem importar combustível porque a Petrobras pratica um preço
muito baixo. Esse baixo que, para nós, é até R$ 105 no botijão de gás e R$ 6 no litro de
gasolina.
Quem são essas pessoas? Você acha que esse sadismo vai acabar com Mourão ou com
qualquer um deles? Como alguém tem a audácia de propor substituir a produção
nacional de combustíveis que gera emprego, renda e desenvolvimento para o Brasil pela
importação, gerando em outro país todo desenvolvimento, e lucrar com isso? Essa
pergunta já seria feita num outro momento, mas mexer nisso durante a pandemia, só
pode ser um genocida.
A Ford colocou um FAQ na sua página logo após abandonar suas fábricas no país. Lá, ela
responde as próprias perguntas e a primeira diz assim:
1. Ford: A Ford está saindo do Brasil?
Resposta: Ford: Não, a Ford continua comprometida com os clientes no Brasil e na
América do Sul com um modelo de negócios ágil e sustentável baseado em uma linha
de veículos icônicos, conectividade e eletrificação. A Ford estará ativamente presente
no Brasil atendendo seus clientes com um portfólio de SUVs, picapes e veículos
comerciais modernos e conectados.
A sociedade brasileira continua servindo, mas como mercado consumidor (cada vez
menor com as reformas), como se nada tivesse acontecido. E ela não está sozinha. A
Ford uma das 181 maiores empresas dos EUA que compõe a Business Roundtable (BR)
e juntas faturam US$ 7 trilhões/ano. Sabe o que eles fizeram agora nos EUA? Boicotaram
o financiamento de campanha daqueles que se opuseram ao Joe Biden. Dentre as
boicotadoras estão a Dow Química, BP, ExxonMobil, Shell, Facebook, Microsoft, Google,
Apple, Amazon, GM, Walmart e, a Ford.
Em 19 de outubro de 2019 a Business Roundtable lançou um manifesto que foi assinado
pelos 181 CEO`s. Lá, eles repetem o discurso que permeia a universidade de Paulo
Guedes: de que precisam atender aos anseios dos acionistas, clientes, comunidades,
fornecedores e funcionários, mas que, diferente do pensamento desses romancistas do
capital, o acionista deveria ficar na última posição e não na primeira.
Se você acessar o site da businessroundtable.org vai ler a seguinte mensagem sobre o
lançamento do manifesto:
“Esta é uma notícia tremenda porque é mais crítico do que nunca que
as empresas no século 21 estejam focadas em gerar valor de longo
prazo para todas as partes interessadas e enfrentar os desafios que
enfrentamos, o que resultará em prosperidade compartilhada e
sustentabilidade para os negócios e a sociedade ” Disse Darren
Walker, Presidente da Fundação Ford. (tradução do GOOGLE)
Tente encontrar qualquer parte dessa declaração na ação recente da Ford no Brasil. Não
vai achar.
Há quase 1 ano esse colosso empresarial emitiu relatório, após o enforcamento de
George Floyd, recomendando ações de combate ao racismo. “São nossos funcionários,
clientes e comunidades que estão clamando por mudanças estamos ouvindo e – o mais
importante – estamos agindo”, disse o presidente da BR, Doug McMillon, que também
é presidente do Walmart. Parece um predestinado, já nasceu com o sobrenome
McMillion. Lembre-se que o grupo americano Walmart comprou a rede brasileira
Bompreço do empresário sergipano João Carlos Paes Mendonça, que também vendeu
o Hipercard para o Itaú Unibanco, maior conglomerado financeiro do hemisfério sul. Ou
seja, o varejo brasileiro não é brasileiro, é dominado pela Walmart americana e pela
francesa Carrefour. Lembra daquele papo de globalização? Como disse Eduardo Galeano
o Brasil se especializou em perder.
Pois bem. Como o BR quer combater o racismo tendo uma de suas empresas demitindo
cinco mil pretos e pretas no Brasil para gerar emprego na Argentina que tem, em 6% da
população, traços negros em sua genes? Eles querem essa liberdade de mentir, de
possuir, discriminar, tirar todo o sangue e depois largar aí. Farão a mesma coisa com os
nossos irmãos do sul quando quiserem. Isso não é problema para nenhuma dessas
empresas que compõe o Business Roundtable. São experientes em trazer retorno para
os acionistas tirando da sociedade em mercados como o Brasil.
Quando te falarem de impeachment lembre-se da Grande Recessão provocada pelo
banco Lehman Brothers em 2008. Uma ambição levada ao extremo promovida pela
desregulamentação do sistema financeiro norte americano, justamente o que querem
fazer com as reformas administrativa e tributária. Estudo do Economic Policy Institute
feito nos Estados Unidos mostrou que a remuneração média dos CEOs no país teve uma
alta de 940% de 1978 a 2018, contra o aumento de apenas 12% na renda de um
trabalhador americano comum no período. Os EUA usaram os princípios sociológicos de
Chicago que diz que a economia só anda bem com liberdade. Você entende que tá tudo
muito solto? Onde o impeachment vai mudar isso?
Tem pouco tempo que aviões estavam transportando pacientes de COVID de Manaus
para outros estados, e a ex-senadora Vanessa Grazziotin divulgou um vídeo chorando
pelo desespero do povo amazonense, a Venezuela oferece ajuda humanitária, mas a
indústria de gases como o oxigênio que falta no Amazonas vai bem, obrigado. Quantos
seres humanos você acha que salva com a presidência do Mourão? Que mal faria aos
capitalistas e a Mourão uma Amazônia sem povo?
Você se lembra do carnaval do Rio em 2017, quando um carro alegórico da Paraíso do
Tuiuti atropelou e prensou 20 pessoas e em outro acidente, também na Sapucaí, um
carro da Unidos da Tijuca despencou com 12 pessoas? O jornalista André Trigueiro
chegou a dizer ao vivo, na Globo News, que as vítimas da Unidos da Tijuca atrapalharam
o desfile. André resume bem a visão empresarial desse grupo: tire sua vida da frente
que eu quero passar.
A Shell tomou conta da Nigéria há 60 anos por causa da vasta reserva de petróleo, e o
que acontece? A Nigéria é um dos países mais pobres do mundo. E quem atrapalha os
negócios na Nigéria é enforcado como Ken Saro Wiwa. Tire sua vida da frente que eu
quero passar com meu subdesenvolvimento…
Se daqui a 50 anos alguém comentar ou ler algum livro sobre uma reunião no Brasil, ao
vivo, com as maiores petroleiras do mundo, em junho de 2020, irão dizer: “Ufa, o
industrial se juntou pra resolver a pandemia”. Só que não. Vieram falar de negócios e
do “Custo Brasil” para a entrada de players internacionais. Tirem suas leis da frente que
eu quero passar com meus negócios.
Mourão não vai mudar nada disso. O que interessa ao Brasil é a Soberania, a Dignidade
da Pessoa Humana, a função social do contrato, da propriedade privada. Precisamos
revogar a reforma trabalhista, o teto de gasto, a previdência, a terceirização, a
privatização do estado brasileiro. Precisamos impedir as futuras reformas administrativa
e a tributária que o impeachment de Bolsonaro só vai legitimar.
Impeachment é uma farsa, como o capitalista quer. O impeachment de Dilma foi a
narrativa da direita contra a esquerda e hoje é a narrativa da direita contra a extrema
direita. É a narrativa do capital contra a incerteza do fascismo.
Não estamos corrigindo um milímetro do curso da nação. Só mudaremos a cara do
mesmo lobo que ataca o Brasil, o capital. Quanto a nós? Precisamos sair da frente,
porque eles querem passar, e estão chegando pela Amazônia.

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