28/03/2024

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Fabiana: ‘Sinto pena do racista, acho que isso é pior que ódio’. Entenda o fato.

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Não que o sentimento ao agressor seja bom. Pelo contrário.

Igor Resende, de São Paulo (SP), para o ESPN.com.br.

Menos de 24 horas depois de ser pela primeira vez na vida vítima de racismo, Fabiana está tranquila. Nas próprias palavras, a religiosa capitã da seleção brasileira de vôlei não se permite sentir nenhum tipo de raiva ou ódio. Não que o sentimento ao agressor seja bom. Pelo contrário.

“Eu não estou com ódio nenhum, com raiva nenhuma desse senhor. Tenho pena, tenho dó. E acho que esse é o pior sentimento que você pode ter por uma pessoa. Como sou muito religiosa, peço a Deus que o abençoe, que mude o coração dele. Que ele possa mudar, levar mais amor para a família dele para que isso possa mudar. Minha vida vai continuar a mesma coisa. Resolvi falar, escrever, para que isso possa mudar. Para todo mundo enxergar que todo mundo é igual. Quando a gente não estiver aqui, a gente vai para o mesmo lugar”, disse a jogadora em papo exclusivo com a ESPN.

Fabiana diz não ter ouvido os insultos da arquibancada, só olhou sem entender de dentro de quadra que uma confusão acontecia nas arquibancadas. Mas o fato de não ter ouvido também não ameniza nada. Afinal de contas, o ginásio estava repleto de familiares, e os pais da jogadora viram de perto tudo que aconteceu.

“Minha mãe, tadinha, ela fala que na hora a ficha custou a cair. Ela não estava acreditando que aquilo era direto para mim. Ela escutou, viu a confusão toda, mas depois que ela viu que aqui estava sendo direto para mim, ela ficou sem reação. Não sei como não tive a reação de ter feito alguma coisa. Ela está triste, meu pai também. É difícil assimilar que isso está acontecendo com você. A gente vê na televisão, mas não pensa que possa estar tão próximo da gente. Ainda mais num ambiente de vôlei, com família, amigos. Quando acontece a gente fica sem palavras, sem reação.”, disse.

O caso, claro, não é nenhuma novidade por aqui no Brasil. No ano passado, por exemplo, câmeras da ESPN flagraram uma torcedora do Grêmio chamando o santista Aranha de “macaco”. Dias depois, ela se disse arrependida e até pediu um encontro pessoal com o goleiro, mas o jogador não quis saber de ver mais uma vez a agressora. Fabiana tem uma opinião diferente do caso.

“Aceitaria sim, encontraria de coração aberto. Graças a Deus sou muito religiosa e a melhor justiça que pode ser feita é a de Deus. Não tenho raiva, ódio, tenho simplesmente dó, pena de quem esteja ao lado dele. Encontraria, falaria com ele da melhor forma possível”, disse.

Uma medida judicial ainda não está completamente descartada, mas não parece perto de acontecer. Fabiana diz manter contato até agora com a diretoria do Minas – e também do Sesi, claro – para tomar qualquer atitude. O objetivo, porém, já foi alcançado: jogar mais uma vez luz sobre um fato tão deplorável.

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