Candice Wiggins atuando pelo New York Liberty em 2015
Candice Wiggins atuando pelo New York Liberty em 2015

Terceira escolha no draft da WNBA (a liga norte-americana de basquete feminino) em 2008, a armadora Candice Wiggins anunciou em março do último ano sua surpreendente aposentadoria das quadras. O motivo, porém, ela só revelou agora.

Em entrevista ao jornal San Diego Union-Tribune, a hoje ex-atleta de 30 anos afirmou que gostaria de atuar por mais duas temporadas, mas desistiu por causa do bullying que sofria por parte de outras jogadoras por ser heterossexual.

A campeã de 2011 pelo Minnesota Lynx garante que 98% das atletas na WNBA são gays.

“Eu queria jogar mais duas temporadas na WNBA, mas a experiência não prestou para meu estado mental. Era uma situação depressiva na WNBA. Isso não é visto. Nosso valor é reduzido. Pode ser bastante duro. Eu não gostava da cultura dentro da WNBA, e sem revelar muito, era tóxico para mim. Meu espírito estava sendo quebrado”, disparou Candice Wiggins.

“Eu ser heterossexual e ter voz em minha identidade como uma mulher hetero foi demais. Eu diria que 98% das mulheres na WNBA são gays. Era um tipo de lugar conformista. Existia toda uma série de regras diferente que elas (as outras jogadoras) poderiam aplicar”.

“As pessoas tentavam deliberadamente me machucar a todo momento. Eu nunca havia sido chamada pela palavra com B (Bitch, ou vadia) tantas vezes em minha vida do que em minha temporada de novata. Eu nunca havia sido atirada tanto ao chão. A mensagem era: ‘Nós queremos que você saiba que não gostamos de você'”, continuou.

“Chegou a um ponto no qual você é tantas vezes comparada aos homens que você se espelha neles. Muitas pessoas pensam que você tem que parecer um homem, jogar como um homem para conseguir respeito. Era o contrário. Eu me orgulhava por ser uma mulher, e não me encaixava bem nessa cultura”, disse.

A declaração de Candice Wiggins foi bastante criticada por jogadoras nas redes sociais.

A presidente da associação de atletas, Nneka Ogwumike (atual MVP da WNBA), afirmou: “Nossa associação só é tão forte por nossa lealdade e apoio pela outra. O que é chave para essa lealdade e apoio é nosso comprometimento pela diversidade e inclusão. Como uma associação, nós devemos e continuaremos celebrando a diversidade que nos torna especial e nos guia pelo exemplo. Devemos respeitar os direitos daqueles que nós não concordamos quando falam o que veem à mente. Se alguém concorda ou discorda dos comentários feitos recentemente por uma ex-jogadora ou se alguém viu ou experimentou alguma coisa como o que ela descreveu, tudo que impactar uma cultura inclusiva deve ser levada seriamente”.