Cartola de líder da Série B reza com jogadores, almoça com time e vê preleção no vestiário
3 min readMarcus Alves e Vladimir Bianchini, do ESPN.com.br.
Lugar de cartola não é no vestiário? Não é bem assim no Vitória. No comando do atual líder da Série B, com 37 pontos, o presidente rubro-negro Raimundo Viana ignora qualquer cartilha e, em dias de jogo, marca presença praticamente em todos os momentos do time que deixou a crise para trás na temporada após o adeus precoce no Baiano e na Copa do Nordeste para disparar na briga pelo acesso.
Não falta experiênca a Viana.
O advogado de 79 anos é hoje um dos dirigentes mais velhos do futebol brasileiro.
Não dá para dizer também que uma dose de sorte e, claro, de competência não acompanhe o seu estilo folclórico: com a renúncia de Carlos Falcão, foi exatamente a partir de sua chegada ainda em março para um mandato tampão até 2016 que a maré de azar no Barradão foi revertida.
O time baiano conta atualmente com um paredão em seu gol, Fernando Miguel, um argentino sensação do campeonato, Damián Escudero, e vê seu talismã, Rogério, ser cobiçado pelo São Paulo.
No comando de toda essa engrenagem, Vagner Mancini – com direito, naturalmente – ou não – aos pitacos do manda-chuva rubro-negro.
“(Você costuma ir ao vestiário?) Não, costumo não, vou sempre, é um dever meu. Sou um presidente de vestiário. Acompanho o time em todos os jogos fora do Barradão e principalmente aqui (em Salvador), nem se fala. Mais do que isso, em dia de jogo, almoço com os jogadores, assisto preleção, assisto a preleção do vestiário, assisto a preleção do intervalo e rezo com eles ao fim da partida”, conta Raimundo Viana aoESPN.com.br.
Mesmo com a equipe na primeira colocação da Série B, o cartola, que já presidiu a federação baiana nos anos 70, prega as “sandálias da humildade”.
Ele se diz satisfeito, mas não quer saber de ver o seu clube “ser grande entre os pigmeus”.
“Essa não é a vocação do Vitória”, afirma Viana. “Quero ser grande no meio de gigantes”, prossegue.
Para isso, ele diz dar toda “liberdade do mundo” para Mancini, a quem trata como amigo e não se furta de fazer comentários sobre o time.
“Palpite na escalação, eu não dou, mas sou da arquibancada. Se eu não gostasse de futebol, o que estaria fazendo aqui? Provavelmente, trabalhando na padaria com pão, com cavalo, todas essas atividades honrosas, mas que não são dirigir futebol. Se eu dirijo, por que não conversar com o treinador, que, para mim, é meu amigo? A comissão técnica toda, muita admiração, o preparador físico, o médico, converso com todo mundo e, evidentemente, aqui e lá a gente dá alguma sugestão”, conclui.
Mesmo com a idade avançada, o presidente do Vitória curte o sucesso e diz que recebe com a fase positiva “energias positivas que o rejuvenescem”