A medalha planejada, a noite do milagre e o amanhã ‘do sonho’ de Thiago Braz.
3 min readAntônio Strini, do Rio de Janeiro (RJ), do ESPN.com.br
A noite de segunda-feira reservou (grandes) surpresas no Engenhão.
Uma chuva torrencial atrasou a programação do atletismo nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro. João Vitor de Oliveira deu um “peixinho” para conquistar sua vaga na semifinal dos 110 metros com barreiras. A bahamiana Shaunae Miller usou da mesma tática para ganhar a medalha de ouro nos 400 metros rasos.
Achei que a cota já tivesse acabado, mas então veio Thiago Braz.
O menino cuja mãe partiu e nunca mais voltou. Aquele que abdicou de vida social para treinar na Itália com foco na Olimpíada em casa ao lado do lendário treinador Vitaly Petrov, o homem por trás do sucesso de Yelena Isinbayeva e Fabiana Murer.
O rapaz de Marília (SP) que resolveu peitar ninguém menos do que Renaud Lavillenie, o francês detentor do recorde mundial do salto com vara e que a cada prova se mostrava mais imbatível.
A torcida, como era de se esperar, apoiou Thiago. E a cada salto válido, uma explosão nas arquibancadas. Até que todos perceberam a surpresa: ele iria “medalhar”.
Não que realmente fosse uma novidade, pois já neste ano superou o recorde sul-americano com seus 5m93 em prova na capital alemã, Berlim.
O momento, porém, era único: ele lutava pelo ouro contra o melhor de todos.
“Um milagre”, como o próprio atleta brasileiro definiu quando passou o sarrafo a 6m03. Novo recorde pessoal, continental. Só faltava também ser olímpico.
Lavillenie sentiu a pressão vinda das arquibancadas. À la futebol, torcedores mandaram às favas o chamado “espírito olímpico” e vaiavam o rival do brasileiro. Como manda o figurino nacional, mas que lá fora fazem vistas grossas.
Dois erros no 6m03, e a última tentativa já no 6m08. Afinal, se o francês acerta, todo o peso recairia sobre os jovens ombros de Thiago Braz. Para quem já saltou 6m16, oito centímetros a menos estão no papo, não é? Nem sempre os deuses concordam.
Thiago Braz, aos 22 anos, tornou-se campeão olímpico e fez com que os torcedores no Engenhão cantassem seu nome na saída do Engenhão. A festa começou.
Ele ainda não tem muita ideia do tamanho de seu feito, e até por isso nas entrevistas se mostrou sereno. A medalha olímpica foi um feito planejado, mas ouro?
Cedo demais, talvez. Mas o menino obstinado do interior de São Paulo já sonha alto, como todo atleta em seu nível tem de fazer. E a meta, agora, é ousada.
“O meu sonho hoje seria, sim, ser o recordista mundial, saltar mais do que 6m03, só que isso exige muito trabalho, e esse ano foi voltado para a Olimpíada. Agora a gente precisa ver como vão ser os próximos anos, os treinamentos, como vai ser nossa preparação. Mas seria um sonho pessoal meu”, respondeu o atleta à pergunta doESPN.com.br.
Como será o amanhã, Thiago Braz?