Mãe de Zanetti encontra o caos e escala, com braço e cérebro, só mulheres para comandar federação de ginástica.
3 min readBianca Daga, do espnW.com.br
Roseane Zanetti está perto de completar um ano no comando da Federação Paulista de Ginástica. Ela já trabalhava na diretoria do Agith (clube em São Caetano) desde 1999, mas era mais conhecida como mãe do campeão mundial e olímpico Arthur Zanetti. Em 24 de fevereiro, no entanto, assumiu o posto de presidente da entidade estadual, formou diretoria 100% feminina e colocou a mão na massa. Seu trabalho é intelectual, mas também braçal.
“Precisamos organizar a casa física mesmo. Encontramos arquivos no chão, troféus quebrados, coisas antigas sem utilidade, guardadas há mais de dez anos. Me incomodou muito chegar e ver tudo daquele jeito. Estamos arrumando pessoalmente, pegando vassoura, limpando, passando álcool, lavando banheiro. E nas competições, se precisar servir café, servimos”, contou ao espnW.
Outra ação, de início, foi a reformulação no quadro de funcionários. São poucos e todas mulheres. “Queríamos quem se adaptasse ao nosso modo de trabalho, mas foi por acaso (a totalidade feminina). Antes, tínhamos dois homens e cinco mulheres na diretoria. Um mudou para o Sul e outro pediu para sair porque não estava dando conta. Agora, somos eu e mais quatro mulheres na diretoria, além de duas funcionárias. Antes, os funcionários eram um homem e uma mulher”, explicou Roseane.
Nem ela nem as outras diretoras são remuneradas. A verba que sustenta a Federação Paulista de Ginástica vem dos clubes federados (pagam anuidade), das inscrições nas competições e dos cursos que a entidade promove para aperfeiçoamento profissional. Não há recurso municipal, estadual ou federal, nem do Comitê Olímpico Brasileiro (COB) ou da Confederação Brasileira de Ginástica (CBG).
O site da federação estava fora do ar desde dezembro e agora está funcionando. Além disso, Roseane conseguiu contratar um programa para digitalizar as informações de cadastros de atletas, técnicos e médicos, que antes constavam em fichas manuais.
Algumas propostas para desenvolver a modalidade no estado de São Paulo Roseane já começou a colocar em prática. A principal é fazer o público conhecer todas as ginásticas, e não só a artística.
“Já colocamos, no início das competições, pequenas apresentações das outras ginásticas. Realizamos 13 torneios de rítmica, sete de artística, dois de acrobática e um de aeróbica, calendário que já estava montado, e implementamos dois novos, de ginástica para todos. E no ano que vem, haverá de trampolim também.”
Outro objetivo para 2018 é trabalhar para qualificar os profissionais. Hoje, os cursos de arbitragem são realizados apenas no primeiro ano do ciclo olímpico – caso de 2017 –. A ideia de Roseane é que a Federação Paulista possa promovê-los anualmente.
“E além dos árbitros, queremos fazer cursos de especialização para técnicos, porque estamos perdendo muitos para outros países por falta de incentivo e condições de trabalho. Foi um ano produtivo. Ainda temos muito a aprender. Estamos tentando organizar a administração neste primeiro momento, para então entender os melhores caminhos a serem seguidos.”
Roseane Zanetti tem mandato até 2020. Sua chapa, a Gestão e União, venceu a coligação Unidos pela Ginástica que tinha a atual vice-presidente da Federação, Ana Paula Serine, como candidata ao posto máximo.