Dez anos após o tri do Brasileirão, São Paulo estancou e viu rivais crescerem em títulos e patrimônio.
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espn.com.br por Felippe Scozzafave, Gustavo Faldon, Rafael Valente, Thomas Polistchuk e Vladimir Bianchini
O São Paulocomemora nesta sexta-feira um dos momentos mais importantes da sua história. Há exatamente dez anos o clube do Morumbi conquistava seu terceiro título consecutivo do Campeonato Brasileiro, coroando o trabalho do técnico Muricy Ramalho e de jogadores como Rogério Ceni, André Dias, Alex Silva, Miranda, Júnior, Richarlyson, Aloísio Chulapa, entre outros.
A terceira conquista ocorreu em 7 de dezembro de 2008, após uma vitória sobre o Goiás por 1 a 0, no estádio Bezerrão, em Brasília. O time tricolor encerrou o Brasileirão com 75 pontos, título que, diferentemente dos dois anteriores, ficou marcado por uma reviravolta na competição.
O São Paulo chegou a ocupar as posições mais baixas da tabela até décima rodada, quando subiu para o nono lugar. Na virada do primeiro turno, conseguiu a quarta colocação. A oito partidas do final, ainda era o quarto. A liderança foi alcançada na 33ª rodada e assim foi até o final.
O time foi campeão com 75 pontos contra 72 do Grêmio (ganhador do primeiro turno). Foram 21 vitórias, 12 empates e cinco derrotas. Marcou 66 gols e sofreu 36.
Dos três títulos consecutivos, o de 2008 foi certamente o mais suado pelos fatores listados acima. Em 2006, a equipe soltou o grito de campeão a duas rodadas do fim. Em 2007, foi a quatro jornadas.
Naquele 7 de dezembro de 2008, o São Paulo ainda entrou para a história como o maior campeão de Campeonatos Brasileiros. Tinha seis títulos contra cinco do Flamengo e quatro de Corinthians, Palmeiras e Vasco. Vale lembrar que a CBF ainda não havia unificado as conquistas da Taça Brasil e do Torneio Roberto Gomes Pedrosa com o Brasileirão. Além disso, o time paulistano era o único tricampeão da Copa Libertadores e do Mundial. Os feitos fizeram os são-paulinos se auto-intitularem “Soberanos”.
No entanto, ao mesmo tempo que a lembrança daquela conquista pode ser nostálgica para maioria dos são-paulinos, ela também é triste. Foi o fim de uma era vitoriosa e início de um período doloroso.
Nos dez anos que se passaram após o tricampeonato nacional, o São Paulo acumulou fracassos, brigou três vezes contra o rebaixamento no Brasileirão, conquistou apenas uma Copa Sul-Americana –cuja final foi bem frustrante– e viu os três rivais do Estado empilharem títulos e aumentarem seus patrimônios.
Rivais laureados
O Corinthians foi quem mais triunfou no período. É verdade que em 2008 disputou a Série B, mas depois viveu o ápice com 11 taças erguidas.
Ganhou quatro vezes o Campeonato Paulista (2009, 2013, 2017 e 2018), três vezes o Brasileirão (2011, 2015 e 2017), uma vez a Copa do Brasil (2009), a Copa Libertadores (2012), a Recopa Sul-Americana (2013) e o Mundial de Clubes (2012).
O Santos também teve muitos sucessos. Faturou o Paulista cinco vezes (2010, 2011, 2012, 2015 e 2016), uma vez a Copa do Brasil (2010), a Copa Libertadores(2011) e a Recopa Sul-Americana (2012).
O Palmeiras foi quem menos ganhou títulos entre os três, acabou disputando a Série B novamente (2012) e quase caiu no nacional em 2014 (ano de seu centenário). Mesmo assim somou mais dois Brasileirões (2016 e 2018) e mais duas Copa do Brasil (2012 e 2015).
Já o São Paulo conquistou apenas a Copa Sul-Americana de 2012. Mesmo assim foi diante de um rival de nenhuma expressão –o Tigre, da Argentina– e numa final polêmica. Os jogadores adversários se recusaram a voltar do intervalo no segundo jogo decisivo alegando terem sido agredidos e ameaçados pelos seguranças tricolores.
Em âmbito nacional, o melhor resultado que obteve no Campeonato Brasileiro foi o vice em 2014. Jogou sete vezes a Copa do Brasil e foi semifinalista em 2012 e 2015. No Estadual, parou na semifinal em oito das dez edições que participou (nas outras duas caiu nas quartas).
Até patrimônio dos rivais melhorou
O Corinthians e o Palmeiras foram os que mudaram de patamar nesse sentido.
Alvo de gozações por não ter uma casa própria para jogar (além de ser pequeno, o Parque São Jorge não é usado pelo time profissional desde 2002), o clube corintiano ergueu uma pomposa arena em 2014. O estádio nasceu no boom da Copa do Mundo do Brasil e até recebeu a partida inaugural do Mundial, que antes estava cotada para acontecer na casa do São Paulo, no Morumbi.
O Corinthians também revitalizou o centro de treinamento dentro do Parque Ecológico do Tietê, na divisa entre São Paulo e Guarulhos, substituindo toda a precária estrutura que havia no lugar até então e dando lugar, em 2010, ao CT Joaquim Grava –usando pela seleção brasileira em alguns momentos e pela equipe do Irã durante a Copa realizada no Brasil.
O Palmeiras também tem um estádio moderno. Inaugurou em 2014 o Allianz Parque, que passou a concorrer com o Morumbi para receber os shows mais visados da cidade.
A equipe alviverde ainda melhorou seus dois CTs. Foram reformas de modernização no local usado pelos profissionais, no bairro da Barra Funda, e a ampliação do local da base, em Guarulhos.
Em termos de estrutura, o São Paulo teve duas reformas frustradas do Morumbi. Havia um plano ambicioso do ex-presidente Juvenal Juvêncio de cobrir o estádio e construir um hotel e um estacionamento ao lado. Já o ex-presidente Carlos Miguel Aidar queria fazer a cobertura e uma mini-arena para shows dentro do estádio. Hoje, o clube está reformando os vestiários e já tem engatilhado um plano de revitalização dos refletores para abrigar a Copa América do próximo ano.
Também houve uma grande reforma no centro de treinamento profissional entre 2012 e 2013. Vale lembrar que o local abrigou a seleção dos Estados Unidos na Copa do Mundo de 2014.