NOTICIÁRIO DE TOKYO 2020/21; CONFIRA TUDO QUE PRECISA SABER E ATUALIZE-SE.
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Por Carlos Fiúza de Salvador para o Zigzagdoesporte.com.br
skate impacta identidade do Brasil nas Olimpíadas e conquista a 1ª medalha em tokyo.

Há cinco anos, quando o Comitê Olímpico Internacional confirmou o skate na programação do maior encontro esportivo do planeta, a intenção era clara: “um passo histórico em levar os Jogos para os jovens e refletir a tendência de urbanização do esporte”.
Então não é exatamente uma surpresa que a menor idade já registrada numa delegação brasileira nas Olimpíadas seja a de Rayssa Leal, que aos 13 anos e meio compete na noite deste domingo (25) na disputa feminina do street.
Nem que a primeira medalha do Brasil nesta edição seja logo na disputa inaugural da modalidade na história olímpica, depois de anos de tanto sucesso dos skatistas nos campeonatos e na repercussão dessa cultura ao redor do mundo. Kelvin Hoefler, do street, levou a prata na primeira madrugada da modalidade.
Se as Olimpíadas resolveram olhar para os meninos e meninas que tomam as ruas sobre quatro rodinhas, já era previsto que o Brasil marcaria forte presença. O impacto provavelmente será visível no quadro de medalhas, mas também na identidade do país nos Jogos, que passa a contar com essa imagem tão única, extrapolando as notas dadas após cada manobra.
A primeira sementinha foi plantada ainda em 1996. Corriam as edições do início dos X Games, a reunião das competições dos esportes radicais, e a cerimônia de encerramento dos Jogos Olímpicos de Atlanta recebeu uma instalação para uma pequena exibição ao mundo. Tony Hawk, lenda do skate e eternizado num icônico jogo de videogame que leva seu nome, era um dos presentes.
Virou o século e a discussão estava posta. Havia um novo ambiente esportivo e cultural se profissionalizando, ganhando audiência na televisão, influenciando gente no mundo todo. O skate, atividade não institucionalizada por escolas e clubes, extremamente popular e tratada por muitos como algo marginal e restrito à contracultura, entrava na pauta definitivamente.

Houve muito debate e controvérsia, tanto sobre o modelo de organização quanto de dúvidas de skatistas diante de um “enquadramento” daquele estilo de vida como competição entre países. O skate como identidade, agora valendo uma medalha de ouro olímpica, a mesma da maratona, do ciclismo ou da natação. Esse dia chegou.
“É muito mais do que só ir lá competir por algum dinheiro ou para fazer seu trabalho. É na verdade mais do que uma arte. É um estilo de vida. É sair com seus amigos só para se divertir”, falou ao site das Olimpíadas, ainda antes dos Jogos, o americano Nyjah Huston, que era um dos favoritos e foi apenas o sétimo colocado na final deste domingo.
E se alguém tem dúvidas de que se trata de algo muito à parte, em que outra modalidade uma lenda do esporte brinca e convive com os favoritos ao título pouco antes da disputa começar para valer? Em Tóquio, nesses dias que sintetizam toda essa trajetória, ver Tony Hawk, aos 53 anos, andando de skate numa pista – olímpica! – e interagindo com a pequena Rayssa, 13, é uma prova de personalidade única.
O carisma da pequena Fadinha (ela viralizou em 2015 fazendo manobras com uma fantasia de fada nas ruas de sua cidade) encontrando o Pelé do skate é uma das marcas brasileiras no Japão. Com a liberdade de quem chama o ídolo de Tonyzinho, ela se diverte com alguém que é ídolo de gerações ainda bem anteriores à dela.
“Como uma criança que era detonada por meu interesse no skate, eu nunca imaginei que um dia faria parte dos Jogos Olímpicos”, comentou Hawk, que está trabalhando como comentarista de TV nos Jogos. Sem deixar de tirar uma casquinha na pista, claro.
“No momento, estou no evento inaugural do skate olímpico enquanto ‘Skate and Destroy’, da [banda] The Faction, toca nos alto-falantes. Bem-vindos ao nosso mundo”, escreveu quando a pista recebia os primeiros competidores do dia.
Brasil olímpico
“Eu nunca pensei que o skate estaria aqui, mas eu gostei. Gostei da sensação, da Vila Olímpica. A gente nunca precisou, mas a energia do Brasil junto dos outros na Vila é diferente. Aqui eu estou representando meu país”, comentou Kelvin na saída do pódio, lembrando que, no circuito, não há muito essa distinção por nacionalidade.
A repercussão de uma estreia tomou as redes sociais. Entre posts, fotos e stories, muita gente começou a escrever que havia uma aparente divisão na equipe brasileira, já que outros atletas não estavam parabenizando Kelvin Hoefler após a conquista, enquanto havia referências ao campeão, o japonês Yuto Horigome.

Letícia Bufoni, que compete na noite deste domingo, resolveu se explicar em vídeo. “O Kelvin nunca está com a gente nos rolês. Por opção dele. Ninguém não gosta dele, pelo contrário. Mas ele não gosta muito de estar com a gente. A CBSk [Confederação Brasileira de Skate] não pode nem marcar ele nos stories porque ele bloqueou a CBSk. O skate é uma família independente se americano, francês. A gente torce para todo mundo.”
Seja por ineditismo, medalha, repercussão na internet, apelo do skate ou mesmo pela soma de todos esses fatores, fato é que a partir de agora há um novo elemento na história olímpica nacional. O Brasil chegou ao Japão com 129 medalhas na história, e em algumas disputas o público já sabe que a tendência é beliscar algum pódio. São 22 no judô, 18 da vela, 10 no vôlei. O vôlei de praia é um exemplo bem simbólico disso. Estreou em 1996 e tem 13 medalhas nos 12 torneios realizados até aqui. Uma chegada recente que logo se traduziu em vitórias.
Agora, de cara, em poucos dias de vida, o skate já pode figurar bem nessa lista, colando no patamar intermediário que tem atualmente, por exemplo, hipismo (3), tiro (4), ginástica (4), boxe (5) e basquete (5). Depois do street masculino finalizado na madrugada deste domingo, o Brasil agora fica na expectativa para o street feminino, onde Pâmela Rosa, Rayssa Leal e Letícia Bufoni são candidatas às medalhas; park masculino, com Luiz Francisco e Pedro Barros na parte de cima, e Pedro Quintas podendo surpreender; e park feminino, com Isidora Pacheco, Dora Varella e Yndiara Asp correndo por fora.
Presente na elite do skate, é como se a delegação brasileira levasse para o ambiente olímpico uma prateleira cheia de conquistas em X-Games e Mundiais, constante presença nas cabeças dos rankings e o respeito internacional sobre seus atletas. Aquela imagem que se tinha a cada quatro anos ganha a companhia de algo bem, bem brasileiro. E que não voltará de mãos vazias.
Brasil disputará final da natação no revezamento 4x100m

O Brasil obteve bons resultados na manhã deste domingo (25) nas provas classificatórias da natação nas Olimpíadas de 2020. Oito nadadores do país caíram nas piscinas japonesas, com destaque para Fernando Scheffer, semifinalista dos 200m livre dos Jogos com direito a recorde sul-americano.
Além dele, Guilherme Guido, está na semifinal nos 100m costas, e o revezamento 4x100m , composto por Breno Correia, Pedro Spajari, Gabriel Santos e Marcelo Chierighini, disputará a final da prova. Murilo Sartori (200m livre) e Guilherme Basseto (100m costas) não conseguiram avançar.
Scheffer foi o primeiro dos brasileiros nadar na piscina olímpica. O nadador do Minas Tênis Clube fez 1min45s05 e bateu o próprio recorde sul-americano. A marca havia sido obtida em 2018. Esse foi o sexto tempo mais rápido do mundo até aquela altura. Ao final de todas as baterias, Scheffer passou para a semifinal com o segundo melhor tempo.
Correia poderia nadar a prova, mas preferiu focar no revezamento 4x100m. Em seu lugar, Sartori caiu na água e fez 1min47s01, ficando de fora da final. O foco dele, no entanto, é o revezamento 4x200m.
Em sua terceira Olimpíada, Guilherme Guido caiu na água junto com seu xará Guilherme Basseto. Companheiros de time no Pinheiros, tinham a intenção de ir à semifinal juntos. Por pouco, isso não aconteceu. Basseto nadou primeiro e fez 53s84. Precisou secar os demais e no final acabou na 20ª colocação em sua primeira participação olímpica.
Na sequência, Guido caiu na água e fez um tempo melhor: 53s65, o 11º melhor do dia. Com isso, estará à noite (do horário de Brasília) em sua terceira semifinal. Seu objetivo será melhorar a 11ª colocação obtida nas Olimpíadas de Pequim, em 2008.
Chierighini coloca Brasil na final do 4x100m

Disputado e eletrizante, o revezamento 4x100m fechou o dia de competições. Breno Correira, Pedro Spajari, Gabriel Santos e Marcelo Chierighini caíram na água para tentar classificar o Brasil a mais uma final.
Correia não abriu tão bem e entregou em sexto com 48s67. Na sequência, Spajari foi melhor (48s15), mas também entregou para Santos na sexta colocação – Gabirú, como é conhecido, fez 48s43 e ganhou uma colocação.
Chiereghini tinha um piano enorme nas costas. Se fosse mal, poderia deixar o Brasil da final. Sem sentir a pressão, ‘voou’ dentro da piscina e cravou 47s34, a terceira melhor parcial dentre todas.
Com isso, deixou o Brasil mais tranquilo na terceira colocação da bateria. O país fez 3min12s59 e ficou atrás da França (3min12s35) e Itália, que cravou impressionantes 3min10s29.
Na segunda bateria, os Estados Unidos venceram, sem a presença do astro Caeleb Dressel. Ao final da eliminatória, os finalistas, em ordem, foram: Itália, EUA, Austrália, França, Brasil, Hungria, Canadá e ROC.
Rebeca Andrade vai a 3 finais e fica só atrás de Biles no individual geral.

A brasileira Rebeca Andrade, se destacou na classificatória da ginástica artística neste domingo (25). Ela avançou a três finais das Olimpíadas 2020: salto, solo e individual geral, onde ficou atrás apenas da norte-americana Simone Biles, principal estrela da ginástica e favorita ao ouro.
A outra brasileira na disputa, Flávia Saraiva, também se classificou para uma decisão. Ela machucou o tornozelo direito após se apresentar no solo e desistiu das provas do salto e das barras assimétricas. Ainda assim, conseguiu ficar com a oitava e última vaga na trave, onde já havia competido.
Biles cometeu algumas falhas neste domingo. Mesmo assim, vai disputar todas as seis finais da ginástica artística, confirmando o favoritismo com o primeiro lugar no individual geral.
A primeira final de Rebeca Andrade será na próxima quinta-feira (29), no individual geral. Ela segue para as decisões por aparelhos daqui a uma semana, com a prova do salto no dia 1º de agosto e do solo um dia depois. Flávia Saraiva entra na disputa pelo pódio na trave no dia 3 de agosto.
Rebeca Andrade, 22, teve no solo seu primeiro grande desempenho. Ao som do hit funk “Baile de Favela”, de MC João, ela ficou com a quarta posição, com a nota de 14.066, na prova que foi liderada pela italiana Vanessa Ferrari (14.166), seguida pelas norte-americanas Biles (14.133) e Jade Carey (14.066).
Na sequência, ela foi para o salto, onde ficou no top 3, novamente atrás das ginastas dos Estados Unidos. Sem cometer erros, Rebeca conseguiu uma nota próxima das rivais: 15.100, contra 15.183 de Biles e 15.166 de Carey.

Suas performances na trave (18ª) e nas barras assimétricas (19ª) lhe ajudaram a conseguir o segundo lugar no individual geral, com uma pontuação total de 57.399. Simone Biles, campeã olímpica e favorita ao ouro, somou 57.731.
Flávia Saraiva vai à final na trave, mas sente lesão
Finalista na trave nos Jogos do Rio, Flávia Saraiva, 21, irá novamente à decisão da categoria em Tóquio. Pouco antes de sentir dores no tornozelo direito, ela ficou em nono lugar na trave, com a pontuação de 13.966, assegurando a última vaga por causa do limite de duas atletas por país na final — a China, com três ginastas entre as oito melhores, cedeu a posição.
No solo, Flávia sentiu a lesão após aterrissar no último movimento de sua execução. Em seguida, saiu mancando e chorou, desistindo das disputas do salto e das barras assimétricas.
Mesmo com falha, Biles está em todas as finais
Uma das grandes estrelas das Olimpíadas, Simone Biles confirmou as expectativas e se classificou para todas as seis finais da ginástica artística, apesar de cometer alguns erros no classificatório deste domingo.
O mais visível foi no solo, onde ela aterrissou fora da linha determinada em um momento. Mesmo assim, os movimentos de difícil execução lhe garantiram uma pontuação alta, atrás apenas da italiana Vanessa Ferrari.

Biles liderou no salto, ficou com a sétima posição na trave e a décima nas barras assimétricas — nesta última, se classificou por causa do limite de atletas por equipe na decisão.
Além dos quatro aparelhos e do individual geral, Biles também disputará a final com a equipe norte-americana, que avançou com a segunda melhor pontuação (170.562), atrás das atletas russas (171.629).
Nas últimas Olimpíadas, Biles se consolidou como o maior nome da ginástica no Rio ao ganhar quatro ouros: solo, salto, individual geral e equipes — esse último, como parte do time dos Estados Unidos. Ela ainda conquistou o bronze na trave.