Guy Peixoto (esq.) e Amarildo Rosa (dir.): os candidatos à presidência da CBB
Guy Peixoto (esq.) e Amarildo Rosa (dir.): os candidatos à presidência da CBB

Nesta sexta-feira, na sede do Comitê Olímpico Brasileiro, às 14h (Brasília) a Confederação Brasileira de Basketball irá conhecer, em Assembleia Geral Ordinária e Eletiva, seu novo presidente para comandar a entidade pelos próximos quatro anos.

Independente de quem assumir, a missão não será nada fácil. O basquete brasileiro vive a pior crise de sua história, dentro e fora das quadras, devido às péssimas gestões recentes de Gerasime Nicolas Bozikis, o Grego (1997-2009) e Carlos Nunes (2009-2017).

Outrora uma nação que produziu campeões mundiais e medalhistas olímpicos masculinos e femininos, o Brasil se tornou coadjuvante nas seleções de base até o profissional.

A maior crise da história da CBB vem em decorrência dos péssimos resultados em quadra e da má administração fora dela. Uma dívida de mais de R$ 17 milhões manchou a gestão de Nunes, que resultou em uma punição da Fiba à entidade brasileira, que está no momento proibida de participar de competições internacionais, assim como seus clubes.

  • Quem são os candidatos
FPRB

Amarildo Rosa apoiou Carlos Nunes nas duas últimas eleições da CBB
Amarildo apoiou Nunes nas duas últimas eleições da CBB

Os candidatos à presidência da CBB são dois: Amarildo Rosa, que comanda a chapa “Bola na Cesta”, e Guy Peixoto, da chapa “Transparência”.

Amarildo Rosa tem 55 anos e há 12 anos preside a Federação Paranaense de Basquete. Antes disso, foi secretário de esportes de São José dos Pinhais-PR. Nas duas últimas eleições presidenciais da CBB, Rosa apoiou a chapa de Nunes.

A três dias de completar 56 anos, Guy Peixoto tem passado nas quadras. Natural de Belém-PA, Peixoto jogou no Remo, Paysandu, Monte Líbano, Corinthians e foi campeão sul-americano pela Seleção Brasileira. Graduado em administração pela UniSantanna, ele atualmente é um homem de sucesso no mundo dos negócios, sendo CEO do Grupo Horizonte, especializado em transportes. Nas últimas duas eleições, apoiou o Grego e Nunes, respectivamente.

  • Como funciona a eleição

Quem elege o mandatário da CBB são os presidentes de federações do Brasil, junto com a associação de jogadores, presidida pelo ala-pivô Guilherme Giovannoni.

Ou seja, são 27 votos de presidentes de federações, mas um da associação de atletas, totalizando 28. No entanto, Tocantins não tem direito a voto neste momento porque para isso cada federação precisa enviar o seu relatório de atividade no ano anterior, algo que a entidade tocantinense não fez.

Portanto, são possíveis apenas 27 votos na eleição desta sexta-feira, com a opção de abstenção. A chapa que tiver maioria simples, vence. Caso haja empate, o candidato mais velho – Guy Peixoto, no caso – fica com a vitória.

  • Quais os planos dos candidatos?

O ESPN.com.br entrou em contato com Amarildo Rosa e Guy Peixoto para saber quais os planos de governo, caso sejam eleitos, dos candidatos. Veja abaixo as perguntas e as respostas:

Quais os principais planos e objetivos da sua chapa?

Amarildo: Nossos planos e objetivos já são bem divulgados e estruturados nos seguintes pilares: Administração Financeira, Marketing, Relações Institucionais, Federações Estaduais e Eventos Esportivos e Técnicos. Em cima dessas diretrizes, teremos um “choque de gestão” através da forte redução de despesas e renegociando dívidas com fornecedores, prestadores de serviços, funcionários e a própria FIBA. Da mesma forma, nos esforçaremos na busca de novos patrocinadores através de um novo Projeto de Patrocínio, essa será nossa conduta na questão da Administração Financeira.

No Marketing, faremos uma aproximação aos ex-atletas e grandes nomes que atuam no cenário nacional e internacional, nossos ídolos do Basquete, para que eles venham abrilhantar os eventos das Federações e da CBB, precisamos criar uma identificação desses atletas com o público. Queremos levar nossos atletas em todos eventos promovidos pela CBB. Eles precisam ser vistos em todas as regiões do país. Para isso é necessário descentralizarmos os Campeonatos de Base para várias regiões do Brasil, e aqui abro parênteses, hoje todos os campeonatos brasileiros de seleções de são realizados em uma única sede, nosso vontade é fazer que cada categoria seja realizada em sedes diferentes, assim a logomarca dos nossos Patrocinadores, serão expostas em diferentes regiões e cidades do Brasil. Esse é nosso objetivo no que diz respeito aos Eventos Esportivos e Técnicos.

No que diz respeito as Relações Intitucionais, faremos uma aproximação da CBB com os Governos Estaduais, através das Secretarias de Estado do Esporte e das Federações, e das entidades que tenham sinalizado ajudar a modalidade como o COB e Ministério do Esporte, que poderão nos ajudar principalmente com realização de eventos e treinamentos de seleções. Por fim temos que apoiar as Federações Estaduais, traremos um patrocínio exclusivo e através de um Projeto Incentivado custearemos as taxas de arbitragens na categoria de base nos campeonatos estaduais para motivar a participação das equipes, e consequentemente um aumentos no números de atletas pelo país.

Guy: A nossa meta é realizar uma gestão profissional e transparente, mostrando que almejamos fazer uma administração diferente, pensando em todos os níveis do basquete, procurando recuperar a saúde financeira da CBB, trazendo de volta a credibilidade perdida. A partir desses pontos e contando com profissionais experientes e competentes nos mais diversos setores, creio que a CBB ficará novamente em condições de contar com apoios estatais e de outros setores também.

A dívida da CBB tem crescido nos últimos anos, o que você pretende fazer para baixá-la?

AR: Faremos um “choque de gestão”, e será prioridade a retirada da suspensão da CBB que esta impedindo ainda mais de resolver os problemas financeiros da entidade. A dívida da CBB estaria entorno de 17 milhões, conforme os balanços fornecidos pela entidade nas Assembleias, mas já se calcula que ultrapassa esse valor. O problema dessa dívida, não foi a falta de verba de órgãos públicos ou falta de patrocínios, foi um grave problema de gestão. É necessário colocar a casa em ordem e a matemática é muito simples, gastar menos do que se arrecada. E a busca do patrocínio de uma estatal e a renovação com o Bradesco também serão importantes nesse sentido.

GP: O primeiro passo é conhecer o montante da dívida da CBB. Depois disso, junto com a minha equipe de trabalho, é traçar planos de recuperação da sua saúde financeira, usando para isso, profissionais competentes e atuando sempre com transparência.

Se eleito, qual a primeira medida que irá tomar?

AR: Precisamos assinar o documento (TAC) que a FIBA indica para a retirar a suspensão da FIBA, e isso será prioridade.

Precisamos colocar a CBB como membro da FIBA com seus plenos direito, caso contrário a credibilidade da entidade não trará patrocinadores e ela permanecerá com os recursos retidos no COB e no Ministério do Esporte. Sou a favor desta “Força Tarefa”, por que nesse momento precisamos da colaboração de todos os órgãos possíveis para tirar a CBB desse caos. Precisamos sim da ajuda da FIBA, COB, Ministério do esporte e LNB, Rejeitar a colaboração dessas instituições, seria pensar muito pequeno, além de uma grande irresponsabilidade da minha parte.

GP: Assim que assumirmos, caso vençamos as eleições, será anunciado o plano de 100 dias, ou seja, um conjunto de ações emergenciais que julgamos essenciais para o nosso início de trabalho. Alguns dos itens mais importantes são: retirar a suspensão imposta à CBB, reativar os campeonatos de Base de Seleções Estaduais nas faixas etárias sub-13, sub-15, sub-17 e sub-19, implementar o Centro de Treinamento de Excelência para seleções de Base e Adultas, dar transparência total às informações financeiras, administrativas e técnicas da Confederação, implementar a Universidade do Basquetebol para atender a todos os segmentos do basquete (Técnica, Arbitragem, Saúde do Esporte, Gestores esportivos e Atletas e ex-atletas) e criar o Conselho de Notáveis. Outra coisa que considero importante relatar, é que toda a remuneração destinada à presidência será revertida para projetos de iniciação ao basquete, espalhados por todo o Brasil.

A longo prazo, o que fazer para o basquete brasileiro ter o prestígio e número de praticantes que já teve um dia?

AR: Como está comtemplado no nosso Plano de Ações, precisamos colocar a casa em ordem primeiramente, sanear as dividas, estruturar nossos departamentos e fortalecer as federações estaduais. Investir na base, na formação de atletas, atletas e dirigentes. Essa formação é essencial, não temos isso, as principais potencias do basquete mundial, tem uma escola de treinadores, e dirigentes, que com isso possuem uma padronização na formação de atletas, cito como exemplo a Espanha e Argentina, mas outros países fazem isso, como a Sérvia, Austrália, Canadá. Depois precisamos valorizar a Seleção Brasileira, ela precisa ficar perto do público. Quantos jogos a seleção fez no Brasil nos últimos anos, é preciso criar essa identificação, como no caso do vôlei. Penso no futuro voltarmos ao pódio de um Mundial ou olimpíada, seja masculino ou feminino. Hoje a LNB e a NBA fazem uma parte desse trabalho, mas a CBB, com o apoio do patrocínio exclusivo para as federações estaduais, vai atuar fortemente nas categorias de base para o aumento de praticantes na modalidade.

GP: Fomentar a base, que é muito importante para o futuro do nosso basquete, pois é a formação que dá a sustentação para a modalidade no futuro. Vamos dar uma atenção mais do que especial a ela, já que foi totalmente esquecida nos últimos anos. Além do que já falei em relação às federações, vamos fazer eventos e ações que fortaleçam a base e possam elevar os níveis dos nossos atletas e treinadores. Como mencionado, vamos realizar os campeonatos de base de Seleções Estaduais nas faixas etárias sub-13, sub-15, sub-17 e 19. Saliento que alguns destes campeonatos foram interrompidos nos últimos anos (Sub-15 e Sub-17), traremos de volta o Sub-19 (que por muitos anos não foi promovido) e criaremos o Sub-13, paralisado há mais de 30 anos.

Pretende trabalhar como com os ex-jogadores e ídolos do basquete brasileiro?

AR: Sim, é fundamental nos aproximarmos deles. Posso dizer que muitas vezes eles são esquecidos pelos dirigentes que já ocuparam a CBB. A experiencia e o carisma deles vai ser importantíssimo. quando presidente da federação Paranaense, já fizemos essa aproximação. E existem várias maneiras de aproveita-los. Desde ocupando um cargo em algum departamento da CBB, ou na sua exposição junto a patrocinadores em eventos, como campeonatos e clínicas.

GP: Sim, está no nosso plano de gestão, a criação do Conselho de Notáveis, com a presença dos ex-jogadores e ídolos, como você citou, além de profissionais gabaritados de vários outros setores. Eles serão sempre ouvidos em momentos de necessidade.

Tem em mente quem serão os técnicos das seleções masculina e feminina? Se não, qual o perfil que mais te agrada?

AR: Vamos por etapa, num primeiro momento, Vamos nomear um Diretor Técnico e seus coordenadores (Masculino e Feminino) e depois em reuniões com toda diretoria da CBB escolheremos um nome. E dentro do Brasil temos técnicos capacitados para ocupar esse cargo.

Como critério, estabeleço alguns que considero importante: estar participando em competições nacionais, ter tido bons resultados nos últimos anos, ser um técnico MODERNO que procure sempre se atualizar, e estar em concordância com a filosofia da nova gestão, que será de preservar a ética e o respeito profissional entre atletas, dirigentes, árbitros, entidades e imprensa. Este profissional deverá preservar o bom comportamento dentro e fora de quadra.

GP: Em caso de vitória do nosso grupo iremos informar a composição da nossa diretoria e teremos os responsáveis técnicos. Estes profissionais habilitados, ao lado da diretoria e do grupo de notáveis, chegarão aos nomes certos para estas funções.

Como pretende trabalhar o basquete de base brasileiro?

AR: Na minha gestão frente a federação Paranaense tivemos um salto de qualidade no que diz respeito ao basquete de base. Criamos o Programa de desenvolvimento do Atleta, o qual nossos atletas eram convocados para participar de treinamentos e clinicas desde a categoria sub13. Paralelamente a 6 anos criamos o Campeonato Sul Brasileiro de Seleções Sub-13 e Sub-14, que tem gerado um crescimento da participação e um aumento também do nível técnico. As seleções paranaenses passaram a ocupar um lugar de destaque nos campeonatos Brasileiros de Base, ocupando frequentemente um lugar entre as quatro melhores. Isso foi um diferencial, que culminou com o titulo de campeões Brasileiros Sub-15 Masculino em 2015, um feito inédito. Nossas seleções possuem um padrão de jogo em similar em todas as categorias. Sendo assim, com a ajuda dos técnicos de todo o Brasil, fazer algo maior a frente da CBB.

Dei muita importância no que se refere as categorias de base no nosso plano de Governo, vamos reativar e melhorar a realização dos Campeonatos Brasileiro de Base de seleções Sub-15 e Sub-17, e além disso realizaremos incluiremos a categoria Sub-13 para incentivar a participação de mais equipes nos campeonatos estaduais nestas categorias. Incentivaremos as instituições formadoras, como clubes, escolas, prefeituras, com os Campeonatos de Clubes Sub13 até Sub19. Buscaremos apoio nos treinamentos de seleções de base e adulto, incentivar o mini-basquete, 3×3, e principalmente fortalecer a Escola Nacional de Treinadores e Clínicas de Arbitragem.

GP: Como citei, vamos reativar os campeonatos de Base de Seleções Estaduais nas faixas etárias sub-13, sub-15, sub-17 e sub-19. Além disso, vamos auxiliar as federações estaduais para que elas trabalhem também na base, em suas regiões, promovendo torneios entre clubes e projetos sociais/escolares para massificar a prática do esporte.

Como pretende resolver a punição da Fiba ao basquete brasileiro?

AR: Como já mencionei, nossa prioridade é acabar com essa punição e reerguer a entidade para colocar o basquete em destaque no cenário nacional.
Por isso quando fui convidado para a reunião com os representantes da FIBA aceitei prontamente. Nessa reunião a FIBA propôs um termo de compromisso, uma espécie de TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) como conhecemos no Brasil, no qual ela cria um grupo de trabalho chamado de “Força Tarefa” formado pelo Presidente da CBB, um representante da FIBA, do COB, do Ministério do Esporte e o Presidente da LNB; viu assinar esse compromisso, pois o mesmo visa ajudar a CBB a sair desse momento difícil, Não posso ser irresponsável em não assumir esse compromisso e rejeitar o acompanhamento dessas instituições especialmente em um momento tão delicado.

Se o próximo Presidente eleito da CBB não aceite esta ajuda a FIBA já é certo a desfilar da CBB. E sem a chancela da FIBA, aí sim a CBB pode fechar as portas e as consequências para o basquete seriam drásticas. Rejeitar a colaboração das maiores instituições nacionais do esporte, juntamente com a FIBA, simplesmente por que possivelmente haverão propostas de mudança do colégio eleitoral para eleger o Presidente, não dá pra continuar nesse modelo antigo. Esse é o meu entendimento e de todas as Federações que tem apoiado a minha candidatura.

GP: Creio que a FIBA está fazendo o seu papel de buscar soluções para basquete brasileiro, que é um dos seus filiados e dono de uma história riquíssima. Nós já fizemos contato com a entidade maior do basquete mundial para mostrar as nossas intenções, metas e ideais, e caso venhamos a vencer a eleição já temos uma reunião agendada na Suíça para apresentar nosso plano detalhado para os primeiros 100 dias. No momento oportuno iremos também abordar este tema.

Quais as medidas que pretende fazer com relação à transparência da CBB?

AR: Assinar a documento da FIBA já é uma grande ação de transparência. Fazer também algumas mudanças no Estatuto da CBB. Quero que além do Presidente da CBB, da mesma forma os presidentes das federações possam através do Conselho Consultivo, acompanhar e ser ouvidos igualmente a ¨Forca Tarefa ¨.

Queremos implantar na CBB uma GESTÃO POR RESULTADO. Teremos um projeto incentivado para ajudar os Estados com despesas de arbitragens e fomentar a participação de equipes nas competições de base em todos os Estados, masssa ajuda será proporcional a alguns critérios como: quantidade de filiados, quantidade de campeonatos e quantidade de equipes participantes. As Federações precisam de incentivo e motivação para ampliar seus resultados.

GP: Todas as informações administrativo/financeiras estarão disponíveis em nosso site. Sejam elas: balancetes, balanços, salários, patrocínios, etc… As informações relevantes estarão sempre disponíveis para a sociedade.