29/03/2024

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Xodó da Série D usou chupeta até os 12 e conta como familiar salvou Rei Roberto Carlos.

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Do Zigzagdoesporte.com.br por ESPN.com.br.

FOTO: DEYSIANE GAGNO/RBAC

Pepeta é atacante do Rio Branco, que disputa  Série D do Brasileiro
Pepeta é atacante do Rio Branco, que disputa Série D do Brasileiro 

As músicas de Roberto Carlos embalam a vida de muitos brasileiros desde o começo da década de 60. Nascido em Cachoeiro do Itapemirim, no Espírito Santo, o Rei da Jovem Guarda não é um fã confesso de futebol, mas sua vida tem ligação com o mundo da bola.

Quando sofreu um acidente com apenas seis anos de idade em 1947, que por muito pouco não terminou em uma tragédia ainda maior, ele foi salvo por pessoas que passariam a história de geração em geração. Quase 68 anos depois do ocorrido, um atacante que disputa a Série D do Campeonato Brasileiro garante: seu familiar salvou o cantor.

“Meu bisavô se chamava Manoel Moringueiro, porque fazia panela de barro, e salvou a vida dele quando sofreu aquele acidente no trilho do trem em que perdeu a perna. Na cidade é comentado que se não fosse por ele, a vida do Rei teria acabado. Um tempo atrás, ele agradeceu em um show aqui em Cachoeiro que meu bisavô salvou a vida dele”, disse Elias Junior da Silva, o Pepeta, atacante do Rio Branco-ES.

Não vá dizer meu nome sem querer à pessoa errada

Um dos destaques da equipe que briga pelo acesso para a Série C do Brasileiro carrega com orgulho a história do parente, que segundo ele, mudou para sempre a história da cultura pop tupiniquim.

Elias carrega um apelido desde os 12 anos quando trabalhava com a mãe, dona de um bar na cidade, até altas horas da madrugada. Mesmo assim, no dia seguinte acordava ás seis da matina para ir á escola. “Ela era analfabeta e eu estudava e ajudava a fazer contas, essas coisas. Numa sexta fiquei acordado até tarde porque não tinha aula no dia seguinte. No sábado, os amigos foram me chamar em casa de manhã para ir à praia”, contou.

“Quando entraram me pegaram dormindo com a chupeta na boca. Ela me dava isso para me acalmar depois que o meu pai tinha morrido. Quando acordei estavam todos rindo, não fui para praia com vergonha (risos). Na segunda-feira todos da escola sabiam e o apelido pegou. Se você chegar na minha cidade ninguém sabe meu nome, mas o Pepeta todo mundo conhece (risos)”, prosseguiu.

Até na hora de balançar as redes, o apelido está presente. “Eu sempre comemoro meus gols com o dedo na boca fazendo uma chupeta e os amigos dão risada sempre que assistem isso (risos)”, divertiu-se.

Toda pedra no caminho, você pode retirar

FOTO: DEYSIANE GAGNO/RBAC

Pepeta fez um gol na Série D do Brasileiro
Pepeta fez um gol na Série D do Brasileiro

Além do boteco, Pepeta trabalhou limpando fossas na cidade para conseguir dinheiro e ajudar em casa. “Eu entrava lá nos buracos depois que saía toda água suja ficava todo cheio de lama, era bem complicado”, disse.

Antes de conseguir a primeira oportunidade no mundo da bola, foi trabalhar de gari e no serviço pesado da construção civil.

“Corria atrás de caminhão de lixo para ajudar em casa, fiquei como servente de pedreiro por um ano depois disso. Fui trabalhando com outras coisas até que a oportunidade apareceu depois de alguns campeonatos amadores. Acharam que eu poderia ser atleta profissional e fui tentar”, recordou.

Você é meu amigo de fé, meu irmão camarada

Pepeta se destacava no futebol local e depois de pasar por times do Rio de Janeiro foi com 17 anos para as categorias de base do Cruzeiro, onde ficou por 9 meses. Na Toca da Raposa ele virou parceiro de quarto de Kerlon ‘Foquinha’.

“Ele tem uma história de vida muito bacana, éramos muito amigos lá. Ele me dava as dicas pra fazer o drible da foquinha e acho que consigo fazer. Hoje em dia procuro nos treinos equilibrar a bola na cabeça para aprender um drible novo. Quem sabe faça um dia que nem o dele nos jogos”, prometeu.

Lady Laura

DIVULGAÇÃO

Roberto Carlos é da cidade de Pepeta
Roberto Carlos é da cidade de Pepeta

Depois da passagem por Minas Gerais, ele se profissionalizou pelo Americano-RJ e voltou para sua cidade natal, para jogar no Estrela de Itapemirim. Foi nesse período em que viveu o período mais complicado de sua vida, perdendo a carreira e sua maior incentivadora.

“Foram quatro anos fora do futebol porque fiquei dois anos lesionado e logo depois minha mãe adoeceu e cuidei dela. No leito de morte, me pediu para nunca desistir e correr atrás com todas as minhas forças”, relembrou emocionado.

“Hoje realizei o sonho dela de ter uma vida melhor através do futebol e agora faz dois anos que ela partiu, pena que não pode ver tudo isso que aconteceu”, disse.

Eu voltei, agora pra ficar

Atuando no beach soccer capixaba e quase sem perspectivas de voltar aos gramados, Pepeta recebeu outra oportunidade: desta vez no Atlético Itapemirim. “Estava completamente desacreditado e fui muito bem no ano passado e acabei contratado pelo Rio Branco”, disse.

A equipe foi campeã estadual e Pepeta foi o vice-artilheiro da competição com gols marcados, o que o tornou um dos grandes xodós da torcida. “Fui muito bem tratado aqui de uma forma inexplicável, sempre procuro fazer gols e a felicidade para eles. Quero fazer história aqui e subir para a Série C do Campeonato Brasileiro”, afirmou.

Esse cara sou eu

ALEX BRANDÃO/ ARQUIVO PESSOAL

Torcida fez até máscara para o ídolo Pepeta
Torcida fez até máscara para o ídolo Pepeta

A idolatria com o folclórico atacante no time  ‘Capa Preta’ é tanta, que além de ter seu rosto virado uma máscara utilizada pelos fãs, ele ganhou várias músicas em sua homenagem.

“Eu curto demais tudo isso, tem uma que é assim: ‘Acabou o caô, o Pepeta chegou’. Essa, aliás, eles fizeram para mim antes do Flamengo utilizar para o Guerreiro”, garantiu.

Outro cântico entoado nas arquibancadas do Estádio Kléber Andrade não sai da boca do camisa 18. “A mais divertida é essa daqui: ‘Pepeta do mal, ele é sensacional (risos)’ Mas eu sou mal apenas com a defesa adversária”, disse.

Agora, ele quer uma homenagem para unir ainda mais os dois filhos ilustres de Cachoeiro do Itapemirim. “Eles podiam fazer uma música em ritmo de Roberto Carlos, seria bacana, né?”

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