29/03/2024

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Brasileiro está na final do Mundial de pôquer. E pode ganhar R$ 23,5 mi; confira.

4 min read

Maurício Dehò Do UOL, em São Paulo.

Bruno Foster

8 / 10

Bruno Foster, paulista radicado no Ceará, disputa em novembro a final do mundial de pôquer, em busca do primeiro título brasileiro na competição mais importante do mundoDivulgação

Se andar pelas ruas de qualquer lugar pelo país, Bruno “Foster” Politano não passará de um desconhecido. Mas no seu “habitat natural”, ele é celebridade. Sentado próximo à entrada em uma casa de pôquer na zona Oeste de São Paulo, o paulista radicado em Fortaleza não tem sossego. Quem passa pede uma foto. Cumprimenta, deseja sorte, chama de campeão. A idolatria tem motivo: ele se colocou entre os 9 melhores jogadores do mundo em 2014 e vai jogar para se tornar o primeiro brasileiro campeão do mundo. E, de quebra, concorre a um prêmio de US$ 10 milhões (R$ 23,45 milhões).

Este valor representa, simplesmente, o maior pago a um atleta brasileiro de esporte individual por um único evento. Se ele vencer o evento do próximo dia 10 de novembro, é claro. Só de jogar, Foster ganhará US$ 750 mil, caso acabe em último lugar. Ele começa a disputa com o menor número de fichas entre os participantes.

Nascido em Santos, mas criado desde os 7 anos em Fortaleza, cidade em que seu pai apostou para crescer no ramo dos barcos de pesca, Bruno era um garoto fã de futebol que não brincava muito com baralho. No máximo um jogo de buraco com o pai. Há 11 anos, tudo isso mudou.

“Essa é a minha vida. Comecei a jogar como a maioria das pessoas, com feijãozinho, de brincadeira com os amigos, perto de casa. Não jogava nada de cartas, o pôquer foi a única luzinha que acendeu. Tanto que desde que meu amigo me ensinou nesse dia, na casa dele, numas férias, nunca parei de jogar”, conta Foster, com um sotaque nordestino leve, atenuado pelo tanto de tempo que passa em São Paulo. Formado em administração, ele é empresário e tem uma franquia da marca de Couro e Cia na capital paulista.

O que atraiu Foster, de cara, foi perceber que o pôquer não era um jogo de sorte ou azar. “Não depende das cartas, mas de mim. É um jogo de estratégia, de habilidade, de percepção. Comecei a jogar e comecei a ganhar. Quando comecei a ganhar, comecei a estudar. Aos 19 anos eu já importava livros e queria ler tudo, enquanto não entendesse, não parava”, relata ele, sobre o aprendizado de técnicas de estratégia, importantes para o jogo em alto nível.

Os títulos vieram: venceu o Cearense, o Paulista, foi à mesa final do latino-americano, triunfou na etapa dos campeões do Brasileiro… Aos 24 anos foi o momento em que Foster realmente viu que tinha uma segunda profissão. As premiações já se equivaliam ao salário de seu trabalho normal, então valia a pena dar passos mais largos.

O mais largo deles veio este ano, com a classificação à final do maior evento de pôquer do mundo: o WSOP, 10 de novembro, em Las Vegas. É a primeira vez que um brasileiro alcança tal feito. André Akkari (2011) e Alexandre Gomes (2008) foram campeões em torneios do WSOP, mas não do evento principal. Com mais obrigações no esporte, ele passou a pedir mais a ajuda de seu sócio para poder se dedicar tanto ao lado empresarial quanto ao de jogador.

Estratégias malucas

O pôquer é um jogo de estratégia e, mais que as cartas que um competidor tem na mão, são as decisões e táticas usadas contra seus rivais que definem uma vitória. Disciplina e foco: estas características destacam os bons jogadores dos campeões. E uma das chaves da vitória é tirar este segundo elemento, o foco. Vale quase tudo.

O principal, é claro, são as apostas e tudo o que elas causam no jogo, com cada competidor tentando induzir os rivais a pensarem em alguma direção. “Ele está tentando me enganar?”, “por que ele quer que eu pague tanto?”, “agora a mão dele realmente é boa?”.

Mas a tentativa de quebrar os adversários pode ser mais sutil. Em certo momento, Foster pode aparecer de agasalho e capuz e nem está fazendo frio. Ele quer apenas gerar um desconforto nos rivais. Em outro momento, usa fones de ouvido, mas não ouve música, está atendo a tudo o que se fala.

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