Técnico achou ‘diamante’ e fez ‘filha’ destaque da seleção; agora, duelam na semi da Superliga.
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Gustavo Setti e Henrique Munhos, do ESPN.com.br.

“Eu vi a Natália jogando um campeonato no interior do Espírito Santo, um campeonato brasileiro, ela defendendo a seleção de Santa Catarina, e, no aquecimento de rede, eu estava no mesmo plano da quadra e de repente vi uma jogadora passar praticamente o peito por cima da rede, com 14 anos. Então, aquilo já me surpreendeu.”
Foi assim que Luizomar de Moura descobriu Natália. A impressão inicial fez com que ele levasse a menina para as seleções de base e depois convidou a atleta para atuar no Osasco, clube pelo qual trabalha até hoje. Com 15 anos, a mãe da jogadora não queria se ver distante da filha, e então entregou uma carta ao treinador.
“Ela entregou uma carta pedindo que ele cuidasse de mim como uma filha dele. Não tenho dúvida que ele honrou a carta e a promessa que fez para minha mãe, até hoje me trata como pai e filha. Eu tenho relacionamento bacana com a família dele, e ele me tratou sempre muito bem. É um cara que sempre vou querer bem”, declarou Natália aoESPN.com.br.
Se a amizade segue intacta, dentro de quadra os objetivos são diferentes, já que o Vôlei Nestlé/Osasco, do técnico Luizomar, enfrenta o Rexona Ades/Rio de Janeiro, de Natália, nas semifinais da Superliga. Com uma vitória de cada equipe, o finalista da competição será conhecido nesta segunda-feira, às 18h30, em duelo realizado na casa do time carioca.
“Ele é um cara superbacana, tenho carinho enorme e é sempre difícil enfrentá-lo. Mas amigos amigos, negócios à parte, e dentro de quadra defendemos nossos objetivos”, ressaltou Natália.
Luizomar, nessa série semifinal, está como auxiliar técnico, já que se recupera de um mau-súbito que o fez desmaiar em quadra e ir para a UTI. Dos tempos em que atuou como “pai” de Natália, o técnico guarda grandes histórias, como a desastrada tentativa de um bolo.

“Ela, junto com outras meninas do juvenil, chegou pra mim e falou que resolveu fazer um bolo de cenoura. Ela olhou a receita e colocou duas cenouras inteiras e estava pra colocar leite até cobrir as cenouras. Ela colocou uns três litros de leite, e aí não ia sair esse bolo nunca. Quando ela me contou, eu falei que ela tinha que bater no liquidificador. Então, o bolo ficou uma porcaria”, relembrou o treinador.
Tratado como um diamante a ser lapidado ainda os 14 anos, Natália virou uma realidade, destaque da seleção brasileira e uma das principais jogadoras do país, o que é um motivo de orgulho para seu “descobridor”.
“A Natália sempre foi uma jogadora que encheu os olhos de quem trabalha com voleibol, desde as categorias de base. Era a grande promessa do voleibol que se tornou uma grande realidade. Acompanhando a Natália, nós continuamos grandes amigos, eu vejo o brilho nos olhos dela, a vontade de jogar, exatamente quando a conheci. Então, fiquei muito feliz, ela é uma realidade hoje com a mesma alma que ela sempre teve desde os 15 anos”, finalizou Luizomar.