18/05/2024

zigzagdoesporte.com.br

A sua revista eletrônica do esporte

Pedido de Lugano, apoio de Ceni e conselhos de Kaká: os bastidores da contratação MAC.

5 min read

Luciano Borges e Rafael Valente, de São Paulo (SP), para o ESPN.com.br

622 bfeeb49a e9aa 3200 9689 374abb8115d7
Para Marco Aurélio, é possível fazer bom trabalho com elenco atual: não dá tempo de buscar reforços

Três dos maiores ídolos da história recente do São Paulo tiveram papel importante para que Marco Aurélio Cunha retornasse ao clube do Morumbi, segundo apurou oESPN.com.br. Lugano, Rogério Ceni e Kaká trocaram mensagens para o dirigente desde a última quarta-feira até a manhã de sexta para que ele aceitasse o convite do presidente Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco, e fosse o novo diretor executivo de futebol.

Lugano foi mais direto no recado: “Precisamos de você aqui. Não pense em você, pense no bem que fará”. Já o dialógo com Ceni e Kaká foi mais longo.

Ceni está na Inglaterra, onde está estudando para ser técnico. Mandou algumas fotos ao lado do técnico Jurgen Klopp, do Liverpool, perguntou sobre o trabalho de Cunha na seleção [ele é coordenador técnico da seleção feminina] e escreveu: “Chegou a hora de você voltar e ajeitar a casa”.

A mensagem foi enviada logo após a derrota do time tricolor para o Palmeiras por 2 a 1, na última quarta-feira, pelo Brasileiro.

O revés foi simbólico por dois motivos. Deixou o time a um ponto acima da zona de rebaixamento e ocorreu no mesmo dia em que Gustavo Vieira foi demitido do cargo de diretor-executivo de futebol do clube tricolor. Algo que fez o nome de Cunha ser associado ao cargo por várias pessoas, uma delas Kaká, com quem teve a conversa mais longa.

622 9436466e b7c9 34f0 8732 334a489cece4
Rogério Ceni crê que Marco Aurélio ajudará São Paulo com sua habilidade na parte política

Jogador do Orlando City, dos EUA, o meio-campista aconselhou Cunha a escolher com tranquilidade, sabedoria e, ao mesmo tempo, ‘com o coração’. Na conversa, até brincou e disse que a decisão ‘não pode ser só pela empolgação de voltar com a ex’.

Os três tiveram muita convivência com Marco Aurélio Cunha no São Paulo. O primeiro é agradecido até hoje pelos incentivos que recebeu em 2003, quando era reserva, não tinha qualquer perspectiva de jogar e, chateado, pensava em ir embora.

Cunha convidou o zagueiro para um jantar ao lado de Pedro Rocha e Darío Pereyra, ídolos do São Paulo, em um restaurante uruguaio. “Disse para o Lugano: ‘Tenha paciência e você será marcante como eles foram'”, relembra sempre o dirigente. O incentivo deu resultado e o defensor virou titular, passou a colecionar títulos e ganhou o apelido Díos.

Já Rogério Ceni conheceu Marco Aurélio Cunha em 2000, quando o São Paulo vivia uma fase de vacas magras. Recebeu apoio do dirigente, mesmo quando havia críticas de pessoas de dentro do clube e das arquibancadas. Isso se repetiu em outros anos do goleiro, quando voltaram a trabalhar juntos entre 2004 e 2011.

MARCO AURÉLIO CUNHA/ARQUIVO PESSOAL/2003

Lugano, Darío Pereyra (de azul) e Pedro Rocha (de branco) em almoço promovido por Cunha
Lugano, Darío Pereyra (de azul) e Pedro Rocha (de branco) em almoço promovido por Cunha

PAPUA-NOVA GUINÉ, CBF E SÃO PAULO

A contratação foi decidida bem rápida. O acordo foi selado em menos de 24h e com aperto de mãos com o presidente Leco na manhã de sexta-feira, quando os dois tomaram café juntos no apartamento de Cunha, na região oeste da capital paulista.

Mas os bastidores são curiosos. Houve um início de burburinho no último dia 2 de setembro, quando Cunha foi ao CT do São Paulo a convite de Leco. Nada que fosse para tratar do cargo, apenas uma visita e um papo rápido com os jogadores.

REPRODUÇÃO/INSTAGRAM

A confirmação da contratação de Cunha por Leco
A confirmação da contratação de Cunha por Leco

No dia seguinte, foi à cerimônia de casamento de um conhecido, em São Paulo, e depois viajou para Papua-Nova Guiné por causa do conselho técnico da Copa do Mundo sub-20 de futebol feminino. Foram 38 horas de voo, com parada/escala em Dubai e Cingapura.

Voltou ao Brasil às 17h da última terça-feira, dia 6, no Rio de Janeiro. Embarcou para São Paulo, onde passou o feriado do dia 7 de setembro com a família.

Assistiu em seu apartamento à derrota do São Paulo para o Palmeiras, quando soube pela televisão da demissão de Gustavo Vieira. Seu celular então passou a tocar e a receber diversas mensagens de WhatsApp. Todos querendo saber: “Vai ser contratado?”

“Com a derrota eu pensei, que coisa, agora ficou complicado”, disse Cunha à reportagem. Foi na noite de quarta para quinta que conversou com Kaká.

Sem ter conversado ou sido procurado por alguém da diretoria do São Paulo, Cunha chegou ao Rio de Janeiro na manhã de quinta-feira. Ainda passou no apartamento que tem na Barra da Tijuca e, às 8h30, já estava no escritório da CBF trabalhando.

As ligações continuaram. Mensagens de assessores, funcionários e amigos do São Paulo, como ex-jogador Pintado, hoje auxiliar-técnico foram recebidas por ele.

Por volta do meio-dia, foi chamado pelo presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, para conversar. Na sala do cartola estavam mais dois dirigentes: Coronel Nunes e Rogério Caboclo (filho de Carlos Caboclo, influente conselheiro são-paulino). O assunto foi o São Paulo. Leco já havia ligado para Del Nero e avisou que queria Cunha.

“Leco me ligou e pediu para eu liberar você. Eu não gostaria. Você é importante para a manutenção do nosso projeto. O que você quer?”, perguntou Del Nero.

“Quero continuar o projeto na CBF, mas preciso pensar. É difícil não pensar em ajudar o São Paulo nesse momento difícil a sair dessa situação”, respondeu Cunha.

“Eu libero, mas só por três meses. Vou te dar uma licença”, decretou Del Nero.

‘VAI EMBORA?’

Um dos motivos que poderia ter impedido a vinda de Cunha é o calendário do futebol feminino. A seleção disputará dois mundiais neste ano. Terá a Copa sub-17 na Jordânia e a Copa sub-20 em Papua-Nova Guiné. A decisão deixou jogadoras chateadas.

“Não acredito? Você vai embora mesmo?”, escreveu a zagueira Thaila.

Mas o dirigente tem dito para todo mundo que voltará. Só ficará até o final do Brasileiro, período em que acertou a licença da CBF com Del Nero. Inclusive, não vai se desfazer do apartamento que tem na Barra da Tijuca. Deve alugar para o preparador físico Fábio Mahseredjian, que está com Tite na seleção brasileira masculina.

Neste sábado, Marco Aurélio Cunha será apresentado oficialmente pelo São Paulo, mas o dirigente já visitou o centro de treinamento na tarde de sexta. A missão é clara: blindar o departamento de futebol das críticas (especialmente políticas), resgastar a confiança do elenco e fazer jogadores de nome em baixa voltarem a render.

00:00

01:58

About Author

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Copyright © All rights reserved. | Newsphere by AF themes.