Líder da Série B foi espião de Dunga na Copa e até tirou foto com Drogba para disfarçar.
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O comandante do Atlético-GO, que lidera a Série B do Campeonato Brasileiro, já teve seus anos como James Bond. Marcelo Cabo fez parte da comissão técnica de Dunga como espião da seleção brasileira entre 2007 e a Copa do Mundo de 2010. Durante esse tempo, ele colecionou aprendizados, aventuras e precisou mostrar muito jogo de cintura.
“Eu fui ver os treinos da Costa do Marfim fingindo ser turista e com uma máquina fotográfica. Eu cheguei mais cedo, esperei o ônibus e tirei uma foto com o Drogba quando ele desceu (risos)”, contou o técnico, aoESPN.com.br.
Apesar de não ter licença para matar, como o famoso personagem criado por Ian Flaming, ele tinha liberdade para ver tudo o que os adversários do Brasil no Mundial da África do Sul faziam.
“Era um esquema de espião mesmo. Não poderia ser notado, mas tinha que fazer depois um relatório minucioso para o Dunga. Não podia anotar muita coisa lá e ia gravando a voz pelo celular”.
Para dissecar o Chile treinado por Marcelo “El Loco” Bielsa, rival nas oitavas de final, ele usou outro tipo de disfarce.
“Eu era muito cara de pau (risos). Quando tinha que anotar alguma coisa e me perguntavam o que estava fazendo lá, eu respondia que era jornalista de algum veículo do Brasil (risos). Eu sentava perto das tribunas dos dirigentes e me deixavam até tirar umas fotos da equipe”.
Antes de virar craque na função, Marcelo Cabo sofreu no primeiro trabalho que foi fazer na Venezuela, antes da estreia nas Eliminatórias.

“Não conhecia quase nada do país e o táxi lá não tem referência, o motorista te cobra o quanto quiser. E o cara ficava rodando demais comigo até chegar ao aeroporto e perdi o voo. Eu pedi para me levar de volta ao hotel e chegando lá ele queria me cobrar 500 dólares pela corrida toda”.
“Eu falei que não ia pagar e quase a gente saiu no tapa (risos). Eu estava muito assustado e liguei para o [supervisor da CBF] Américo Faria e contei a história. Ele me mandou pagar e não brigar, mas o taxista não queria emitir nota nem nada. Estava preocupado com a minha imagem porque tinha que justificar isso. Precisei ficar mais um dia e remarcar o voo”.
Além disso, o treinador chegou a ir a um estádio no meio de uma favela para ver um jogo da Coreia do Norte, adversário na estreia do Mundial, contra a Nigéria. “O Taffarel foi comigo e lembro que ficou muito assustado. Era um lugar bem inusitado”.
Marcelo acredita que todas essas experiências foram fundamentais para sua formação. Além, da observação, ele recolhia estatísticas dos adversários e junto com a equipe de análise de desempenho montava um relatório para a comissão técnica composta por Dunga e Jorginho.
“Foi um momento que cresci demais porque trabalhei com a elite do futebol como Eliminatórias, Copa das Confederações e Copa do Mundo. É um trabalho bastante científico e importante. Hoje ganhou uma proporção maior dentro do futebol”.

LIDERANÇA E SONHO COM TÍTULO
Marcelo Cabo conciliou a carreira de jogador de futebol de campo com o futsal até os juniores. Passou pela base de Fluminense, Vasco (foi colega de Romário em 1982) e Olaria. Acabou optando por deixar os gramados e seguir nas quadras como profissional até 1999, quando parou de jogar.
Depois de fazer o curso de técnico, assumiu a base do Olaria. Ele ainda foi auxiliar do brasileiro Marcos Paquetá, que comandou a seleção da Arábia Saudita na Copa do Mundo de 2006.
No ano seguinte, foi trabalhar para a CBF na comissão técnica de Dunga e ficou até o final da Copa do Mundo de 2010. Depois, foi auxiliar de Jorginho no Figueirense e na Ponte Preta.

“Ele acreditou no meu trabalho. Ele é meu irmão mais velho e uma referência dentro e fora de campo. Me ensinou muito sobre gestão de pessoas e treinamento. Fora de campo é um exemplo e sempre me aconselhava. Nossas famílias são muito amigas e tenho uma gratidão enorme”.
Em 2013, Marcelo retomou sua carreira como treinador e comandou Tombense, Nacional-MG, Volta Redonda, Macaé, Ceará, Tigres do Brasil e Resende. Após o final do Campeonato Goiano de 2016 assumiu o Atlético-GO.
“Cheguei faltando uma semana pra a Série B. O grande mérito da diretoria foi manter a mesma equipe. Trouxemos apenas quatro jogadores e um virou titular, que é o Michel. Começamos com três metas: não cair, o acesso e depois o título”.
“Os auxiliares fizeram um grande trabalho antes de eu chegar. Tivemos muita regularidade na competição, estamos há 30 rodadas no G-4. Por isso sempre estávamos perto do Vasco, que viveu um mau momento e como emplacamos três vitórias seguidas os passamos”.
Mesmo com uma folha salarial de cerca de R$ 600 mil por mês, incluindo comissão técnica, o Atlético-GO está no topo da Série B com 55 pontos.
“A gente está na liderança e quer o acesso e o título. Temos um orçamento limitado, não temos grandes astros, mas nosso maior craque é a força do elenco. O Vasco é o favorito, mas corremos por fora”.
O próximo desafio da equipe goiana será diante do Paysandu no estádio Olímpico de Goiânia, nesta sexta-feira, às 20h30.
FICHA TÉCNICA:
ATLÉTICO-GO X PAYSANDU
Local: Estádio Olímpico Pedro Ludovico, em Goiânia (GO)
Data: 14 de outubro de 2016, sexta-feira
Horário: 20h30 (de Brasília)
Árbitro: Marcelo de Lima Henrique (PE)
Assistentes: Marcelino Castro de Nazaré (PE) e Gilberto Freire de Farias (PE)
ATLÉTICO-GO: Klever; Matheus Ribeiro, Marllon, Ricardo Silva e Romário; Michel, Magno Cruz (Luiz Fernando), Pedro Bambu e Jorginho; Gilsinho e Júnior Viçosa. Técnico: Marcelo Cabo
PAYSANDU: Emerson; Edson Ratinho (Roniery), Fernando Lombardi, Gilvan e João Lucas; Augusto Recife, Rodrigo Andrade, Jhonnatan e Tiago Luis; Leandro Cearense e Jobinho (Bruno Veiga). Técnico: Dado Cavalcanti.
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