Ele trabalha nos Spurs desde a fundação da franquia e, aos 93 anos, é o funcionário mais velho da NBA.
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Do Zigzagdoesporte.com.br por Michael C. Wright na espn.com.br

Além dos arcos dos detectores de metais do AT&T Center, localizados perto da entrada dos fundos, encontra-se um lugar mal iluminado – também conhecido como Posto de Segurança 3A11.
Aqui, a estrela mais brilhante que ninguém conhece do San Antonio Spurs trabalha com alegria.
“Petey” é Pete Anton, uma das quatro pessoas na NBA que podem dizer que trabalharam para sua franquia desde o primeiro dia de sua fundação. Aos 93 anos e em sua 46ª temporada com os Spurs, Anton é o mais antigo funcionário de basquete da NBA; viu 13 treinadores, enquanto assistiu a mais de 300 jogadores circulando por um célebre programa que conquistou cinco títulos.
“Está escrevendo uma história sobre esse cara?” pergunta a voz da rádio dos Spurs, Bill Schoening. “Bom, há muito mais sobre ele do que o homem que apenas distribui os passes nos treinamentos.”
Anton começou com os Spurs em 1973 como assistente de serviços de mídia, quando a franquia mudou-se de Dallas para San Antonio como um membro da antiga American Basketball Association, e mandava seus jogos no HemisFair Arena. Sua primeira noite de trabalho aconteceu durante uma derrota por 121 a 106 para o San Diego Conquistadors. Coincidentemente, anos antes, Anton conheceu sua esposa, Angie, em uma convenção em Minneapolis, Minnesota, onde George Mikan – o primeiro comissário da ABA – estava programado para falar, mas nunca apareceu.
Anton começou a trabalhar no portão da imprensa da equipe por convite do vizinho Pinky Whitney, que passou 12 anos na Major League Baseball jogando como terceira base e esteve no All-Star Game de 1936. Whitney estava trabalhando para o time de beisebol da liga secundária, o San Antonio Missions.
“Pinky disse que, se eles o quisessem, teriam que me levar também”, diz Anton, soltando uma calorosa risada.
O que não foi tão engraçado foi a perspectiva da carreira de Anton no Spurs possivelmente terminar antes do início desta temporada.
Incapaz de dirigir à noite depois de passar por uma cirurgia no olho em setembro, Anton informou a equipe de sua situação quando o contataram sobre sua volta para a 46ª temporada.
“Eles disseram: ‘Não se preocupe com isso. Nós vamos buscá-lo e levá-lo para casa. Nós precisamos de você aqui'”, diz Anton.
Então agora o funcionário dos Spurs, David Mandujano, pega Anton em sua casa, na Avenida San Pedro, perto da Universidade Trinity, e ele chega à arena quatro horas antes da bola subir. Garrett Bragg o leva para casa depois dos jogos. O coordenador de comunicação de basquete dos Spurs, Jordan Howenstine, chama Mandujano e Bragg de “salvadores das noites de jogos” por transportar um dos bens mais valiosos da equipe.
No passado, no HemisFair Arena e no Alamodome, onde os Spurs jogaram de 1993 a 2002, Anton trabalhava no portão de entrada para os jogadores e membros da imprensa, e frequentemente escoltava executivos e famílias de jogadores para os camarotes ou para a sala de familiares. Mas quando a equipe se mudou para o AT&T Center, o layout do novo prédio deixou Anton recepcionando apenas os membros da imprensa.
Quando Vidak Lazarevic da revista Kos Magazin passa para Anton uma identidade eslovena para receber um passe de imprensa em 20 de janeiro, antes de jogo contra o Los Angeles Clippers, Anton ri pensando em como os tempos mudaram. A NBA se transformou em uma liga que gera apelo mundial, o que naturalmente leva a um fluxo de repórteres estrangeiros cobrindo jogos.
Quando Anton começou em 1973, ele não precisava examinar as três listas que estavam à sua frente ou vasculhar cinco pilhas separadas de credenciais para fazer seu trabalho.
O que é inegável no AT&T Center agora, no entanto, é o fato de que quase todo mundo conhece o rosto de Anton. Em uma caminhada de 10 minutos pelo saguão antes do início do jogo, pelo menos quatro funcionários do AT&T Center param Anton para apertos de mão, abraços e breves conversas.
Quando Anton desce para a sala de imprensa para uma refeição com frango frito, milho e macarrão com queijo, ele posa para uma foto com um recepcionista trabalhando na porta de um camarote de luxo antes de tirar mais fotos com os estagiários de mídia da equipe. Finalmente sentados para almoçar, Anton e vários funcionários dos Spurs lembram-se do Memorial Day Miracle de Sean Elliott no Alamodome, no segundo jogo da Final da Conferência Oeste de 1999, contra o Portland Trail Blazers.
Anton diz que ele estava 3 metros atrás de Elliott quando viu o arremesso de 3 pontos que venceu o jogo.
Anton pode passar o dia contando histórias sobre as centenas de treinadores e jogadores dos Spurs dos quais ele se tornou amigo ao longo dos anos, uma lista que inclui George Gervin, Dennis Rodman, James Silas e David Robinson, a quem ele descreve como “um cavalheiro”.
Toda vez que os Spurs trocaram de arena, Anton também acompanhou a equipe. Ele pode falar sobre os primeiros dias no HemisFair, quando a franquia teve que levantar o teto para aumentar a capacidade de assentos para entrar na NBA, o que levou ao que ele chamou de “ingressos de visão obstruída” que custavam apenas US$ 5.
“As pessoas compravam os ingressos e estava sempre lotado”, diz Anton.
Ao longo dos anos, os torcedores ofereceram subornos a Anton para entrar em jogos esgotados, e até disseram que eram membros da família de diferentes jogadores. Ele até recebeu cantadas de torcedoras.
“Elas falam qualquer coisa”, conta ele.
Mas Anton não liga. Ele entende a dinâmica de ser um torcedor fanático dos Spurs. Ele também é.
Anton também tem quatro anéis de campeão e um relógio que recebeu após o primeiro título da franquia
Os Spurs dizem que Anton sempre terá um emprego na equipe, desde que ele queira.
“As pessoas que vêm aqui são todas amigáveis, e é disso que eu mais gosto”, disse Anton. “Mas sério, é a coisa toda.”
“Muitos caras se aposentaram e, quando eles voltam, procuram por mim, e eu nem me lembro do nome de todos. Só sei que o quer que os Spurs digam, estou aqui para eles. Amo o time e as pessoas e eu amo basquete.”