18/10/2024

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Surfista brasileiro cego desafia ondas gigantes de Nazaré e vira tema de documentário. VEJA!

3 min read

Por Gustavo Iglesias do ESPN.com.br

Surfar as ondas gigantes de Nazaré, em Portugal, não é para qualquer um. Dropar aquele paredão d’água é assustador. Agora, imagine fazer isso sem enxergar. É o caso do brasileiro Derek Rabelo, que nasceu com glaucoma e perdeu a visão nos primeiros dias de vida. O surfe era um esporte que seu pai e seus tios praticavam, então, o interesse surgiu naturalmente.

“A única coisa que eu sempre pude controlar é a minha felicidade. Eu decidi desde pequeno que o fato de ter nascido cego nunca seria desculpa ou motivo para me impedir de realizar minhas conquistas“, afirmou o capixaba de Guarapari em entrevista exclusiva à ESPN.

O primeiro passo para encarar o esporte com a deficiência visual foi desenvolver a técnica. Ouvir a onda, tocar a água e sentir a energia. Dessa forma, Derek aperfeiçoou um sexto sentido: o feeling. “A sensação de adrenalina é algo único e até difícil de descrever para quem não surfa. É um esporte muito prazeroso.”

A história percorreu o mundo e chegou até o cineasta Pablo García em 2017, quando o colombiano estava gravando um documentário sobre Garrett McNamara, surfista dos Estados Unidos pioneiro em Nazaré.

“Derek estava pegando as maiores ondas que eu já tinha visto. Eu não comentei sobre sua deficiência visual e perguntei a opinião da minha equipe. Eles gostaram. Quando eu disse que Derek era cego, ninguém conseguiu acreditar”, revelou García, também em conversa exclusiva com a ESPN.

Este foi o começo de uma amizade e de um projeto. As lentes do cineasta registraram o surfista em Portugal, Brasil, Havaí e Taiti. Na primeira quinzena de março deste ano, durante o evento de surfe adaptado em Florianópolis (SC), o Kizu Invitational, o colombiano gravou as cenas finais do documentário sobre o brasileiro, cujo lançamento está previsto para o fim de 2023.

“É difícil porque o surfe depende do tempo e das ondas. O Derek precisa de condições bem específicas, não é tão simples. Paciência, comprometimento e um time incrível são necessários para capturar as melhores imagens em segurança”, explicou o diretor.

E agora?

Um capítulo acabou, mas o livro continua. O próximo passo de Derek, de 30 anos, é competir nas três etapas do circuito brasileiro de surfe adaptado. Primeiro, em Pernambuco, depois, na Paraíba e, por fim, em Búzios, no Rio de Janeiro.

“Além disso, meu objetivo é representar o Brasil no ISA Games, no final do ano na Califórnia (EUA), e quem sabe na Paralimpíada de 2028”, disse o surfista – o parasurfe não fará parte do programa olímpico dos Jogos de Paris, em 2024.

Neste meio-tempo, Derek Rabelo segue inspirando pessoas dentro e fora do mar. Nas palavras de seu agora amigo Pablo García, ele é a prova viva de que nada é impossível.

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