Rio 2016 paga ‘segurança pessoal e privada’ de Nuzman. Entenda o fato.
3 min readGabriela Moreira, blogueira do ESPN.com.br.
O presidente do Comitê Rio 2016, Carlos Arthur Nuzman, e sua família têm a seu dispor seguranças privados pagos com verba do comitê. Documentos obtidos pelo blog mostram que a empresa SL Quatro Segurança e Vigilância foi contratada com vencimentos, só em 2015, de pelo menos R$ 492,480 mil. Este é apenas um contrato firmado entre a instituição e a empresa. Antes, de acordo com os documentos analisados, outros quatro contratos foram fechados entre os anos de 2011 e 2014. A entidade se nega a falar sobre esta prestação de serviços.
De acordo com a descrição das notas fiscais emitidas, em dezembro de 2011, o Rio 2016 registrou recibo no valor de R$ 72.260,80 contra a empresa de segurança. No objeto do contrato, a explicação dos serviços consta como “segurança pessoal e privada do presidente da Rio 2016”, cargo que é ocupado por Carlos Arthur Nuzman.
Outras duas empresas prestam segurança para o Rio 2016, mas não fazem a escolta pessoal do dirigente, cuidam da vigilância da entidade. Uma delas é a Gocil Serviços de Vigilância e Segurança, contratada por R$ 3,6 milhões anuais. O objetivo desta contratação é cuidar da segurança “ordinária patrimonial” do comitê. Além do contrato fixo, a empresa também é requisitada em eventos externos, firmando contratos específicos para cada ocasião, como fazer a segurança do evento teste de Vela, ocasião em que cobrou R$ 83 mil.
A terceira empresa que mantém contrato fixo com o Rio 2016 relativo à segurança é a VMI Sistemas de Segurança. Ela cuida dos equipamentos como escaner e raio X do prédio do comitê no centro da cidade, ao custo de R$ 315.700,95 anuais.
Falta de transparência
O blog tentou tirar dúvidas a respeito dos gastos do Rio 2016 com a assessoria de imprensa do comitê, mas o órgão se nega a prestar qualquer tipo de informação a respeito. Uma das perguntas feitas era se os custos com a segurança privada do presidente sofreram algum tipo de redução após o corte de gastos anunciado pela entidade por conta da crise econômica.
A pergunta não foi respondida, mesmo a reportagem informando que não queria saber detalhes técnicos da segurança. “Não temos a obrigação de prestar contas públicas, apenas aos nossos patrocinadores”, responderam ao blog.
Inicialmente, o Rio 2016 negou manter contrato com a empresa SL Quatro Segurança e Vigilância. A fonte da informação era a chefia da segurança do comitê, segundo informaram. Após a reportagem dizer que tinha detalhes do contrato, um novo contato foi feito, mas desta vez, sem negar a contratação da empresa. “Quem cuida dos assuntos do presidente é outra pessoa, não a mesma que consultamos inicialmente”.
Veja a nota do Rio 2016: “Por razões óbvias, todos os gastos ligados à segurança são mantidos em sigilo, por objetivo de manter a integridade do evento. Os jogos são organizados com recursos privados. As informações prestadas ao Tribunal de Contas da União são protegidas por sigilo legal e regimental”.
A assessoria se negou a enviar a nota por e-mail, pediu que a reportagem anotasse a resposta, enquanto ditava o conteúdo – o blog esperou cinco dias pela réplica.