O título do Sevilla: conquista com ‘surrealismo’ de um time ‘cascudo’ que fez até criança chorar.
4 min readDo Zigzagdoesporte Por Felipe Alencar e Guilherme Nagamine, do ESPN.com.br.
Uma relação especial com o torneio. Duas disputas de pênaltis. Um encontro com o arquirrival. Uma classificação improvável. Um choro de criança. Um título conquistado.
Este é o resumo da campanha do Sevilla na edição de 2013/2014 da Liga Europa. A equipe espanhola precisou suar para conquistar pela terceira vez a competição, ao vencer nas penalidades o Benfica. Foram nove meses de altos e baixos no torneio até o grito de campeão ser liberado. E isso em uma temporada que poderia ser de crise, já que o presidente José Maria Del Nido foi condenado à prisão por peculato e corrupção.
Para entender como a conquista foi construída, o ESPN.com.br selecionou três momentos cruciais da campanha, uma característica importante da equipe e o atleta protagonista do time no torneio.
O MAESTRO |
Muito do que o Sevilla conseguiu na temporada foi graças a Ivan Rakitic. Um dos destaques do time no Espanhol, o meia foi quase um oásis no setor de criação da equipe durante a campanha na Liga Europa. Aos 26 anos, o croata foi o atleta que mais tocou na bola (1033), mais deu passes certos (658) e mais criou chances de gol (31). Foi ainda o que mais arriscou chutes ao alvo, com 27 – sendo uma bola na rede, com a artilharia da equipe ficando com o francês Kevin Gameiro (cinco gols).
UM TIME CASCUDO |
No Espanhol, mais ofensivo. Na Liga Europa, mais defensivo. O Sevilla foi uma das equipes mais ‘cascudas’ nesta edição da competição europeia. Em números absolutos, o time que mais cometeu faltas (224) e mais recebeu amarelos (37) – sempre com a ressalva que fez 15 partidas, mais do que qualquer outro adversário. Coincidência ou não, dos quatro jogadores que mais passaram ou tocaram na bola no time na competição, três eram defensores – os zagueiros Fazio e Pareja, e o lateral Navarro.
MOMENTO I: OS JOGOS CONTRA O BETIS |
Depois de uma primeira fase relativamente segura, quando liderou o grupo H com campanha invicta (três vitórias e três empates), o Sevilla teve um pouco mais de sofrimento para superar a primeira fase eliminatória contra o Maribor. Mas desafio mesmo foi nas oitavas de final, contra o arquirrival Betis. Contra todos os prognósticos, perdeu em casa para o adversário, lanterna do Espanhol, por 2 a 0. Na volta, devolveu o placar e passou nos pênaltis, na casa do rival, o estádio Benito Villamarín.
MOMENTO II: MASSACRE, GOL NO FIM E CHORO |
Depois de eliminar o poderoso Porto nas quartas de final, outro adversário caseiro surgiu no caminho do Sevilla: o Valencia. Ao contrário do confronto contra o Betis, o time da Andaluzia venceu a primeira partida por 2 a 0. Na volta, quase um desastre. Massacrada em campo, a equipe perdia para o Valencia por 3 a 0 até os 48 minutos do segundo tempo. Até que, em uma jogada de lateral, o camaronês M’Bia marcou e diminuiu. Comemoração efusiva dos torcedores e do técnico Unai Emery. O time ‘cascudo’ se classificava deixando um cenário desolador no Mestalla: jogadores do Valencia no chão, choro de crianças e outros torcedores na arquibancada.
MOMENTO III: O SURREALISMO DE BETO |
De um lado, um time lutando contra uma maldição de um técnico húngaro. Do outro, uma equipe em busca do tri na competição. O Benfica dominou o Sevilla na maior parte do tempo, mas não conseguiu furar a defesa espanhola: foram 21 chutes contra 11 do rival. Nos pênaltis, brilhou o goleiro português Beto. Com uma adiantada ‘surreal’ e outra questionável, ele defendeu duas cobranças (as de Lima e Cardozo) e foi o grande nome na vitória nos pênaltis. Título para o Sevilla.