Ele matou aula de natação no banheiro. Hoje é o juvenil mais veloz do país. Entenda o fato.
4 min readFábio Aleixo Do UOL, em São Paulo.
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Divulgação/Unisanta
Felipe Ribeiro foi o primeiro juvenil brasileiro a nadar os 100m livre abaixo dos 50 segundos
César Cielo, Bruno Fratus, Marcelo Chierighini, Matheus Santana. Velocistas de qualidade não faltam para o Brasil brilhar na natação ao longo do próximos anos. E na esteira deles, um garoto de apenas 16 anos já começa a chamar a atenção e ser tratado como a nova joia brasileira para as provas de curta distância.
Ele atende pelo nome de Felipe Ribeiro e já detém uma marca de respeito. Foi o primeiro nadador juvenil na história do país a nadar os 100m livre abaixo dos 50 segundos. No Campeonato Brasileiro Juvenil, em novembro, completou a distância em 49s93, algo que nem Cielo nem Santana haviam conseguido com a mesma idade.
“Eu treinei o ano todo só para baixar estes 50 segundos, fiquei muito feliz. Aí eu penso, se eles (Cielo e Matheus) estão em lugar muito bom agora, posso estar em lugar melhor ainda no futuro”, disse Felipe ao UOL Esporte.
Mas se hoje Felipe é o atleta mais rápido de sua idade, e a natação é tida como sua profissão, o esporte nem sempre lhe agradou. Quando tinha apenas quatro anos de idade e foi colocado pelo seus pais em uma escolinha, o garoto sempre tentava achar uma maneira para matar as aulas. Não queria de nenhuma maneira ir para a piscina.
“Comecei a fazer natação quando tinha 4 anos. Eu sofria com bronquite e o médico recomendou o esporte. Meus pais me matricularam em uma academia em Santos, mas eu sempre tentava matar aula, me escondia no banheiro masculino e minha mãe não podia entrar. Aí o professor sempre tinha de ir lá me tirar. Eu ficava morrendo de rir e minha mãe brigava comigo. Só fui pegar o gosto pela natação quando tinha seis ou sete anos. Foi quando disputei minha primeira competição e dei muita distância no segundo colocado. Aí comecei a gostar e não quis largar mais”, contou o nadador, que mede 1,84m e pesa 71 quilos.
Talentoso desde pequeno, Felipe ganhou uma bolsa de estudos integral do Colégio Unisanta para representar a escola nas principais competições estaduais e nacionais. Foi lá que conheceu Matheus Santana, que é dois anos mais velho. Rapidamente criaram um forte laço de amizade, reforçado ainda mais pelo fato de Matheus ser namorado de sua irmã.
“Meus ídolos são o Michael Phelps e o Matheus. Nós treinamos juntos, somos muito amigos e estamos sempre zoando. Ele me ajuda bastante. Daqui a pouco começarei a nadar mais contra ele e vai ter uma rivalidade, mas só dentro d’água”, disse Felipe que ao fazer 49s93 superou os 50s25, que Matheus havia feito em 2012.
A expressiva marca lhe valeu o índice para o Mundial Júnior de 2015, que será disputado entre os dias 1º e 6 de setembro de Cingapura. Mas este não é o único objetivo do jovem para o próximo ano. Ele disputará entres os adultos o Troféu Maria Lenk (entre 6 e 11 de abril) e espera assegurar índice para os Jogos Pan-Americanos de Toronto, que serão realizados entre os dias 10 e 26 de julho.
Nos 100m livre, a marca mínima estabelecida pela CBDA (Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos) é de 50s05. Já nos 200m livre, prova que também é sua especialidade, o índice é de 1min51s49. No último Brasileiro Juvenil, ele ficou com a medalha de ouro com 1min51s20.
“No ano que vem já nadarei com os adultos. Pelos meus tempos, consigo fazer final A no Maria Lenk. Apesar de ter feito este tempo nos 100m, todos dizem que minha melhor prova são os 200m. Eu acho que o Brasil tem uma carência nela e posso até estar na equipe do revezamento em 2016. Mas seria muito legal se eu já conseguisse disputar o Pan”, afirmou Felipe, que defendeu a seleção brasileira em todas as categorias de base, desde a época de infantil.
Por conta do desempenho que teve no Campeonato Brasileiro Juvenil, Felipe foi convidado pela FINA (Federação Internacional de Natação) para acompanhar o Mundial de Piscina Curta de Doha (QAT), realizado no início de dezembro. Ele participou de várias clínicas e acompanhou toda a competição.
“Eu treinava o dia todo e depois ia ver a competição. Fiquei bem perto de campeões que só via pela TV, foi uma experiência muito legal”, concluiu. sentiu energia bem positiva, da minha experiência.