14/12/2024

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Campeão brasileiro com o Corinthians quase encarou hemodiálise e foi curado por ‘milagre’. Entenda o fato.

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Francisco De Laurentiis, do ESPN.com.br, e Vladimir Bianchini, da Rádio ESPN.

Daniel Augusto Jr/Ag. Corinthians

Nenê Bonilha Treino Corinthians 14/02/2013
Meia Nenê Bonilha por pouco não teve que encerrar carreira por doença nos rins

No elenco campeão do Brasileirão 2011 pelo Corinthians, estavam estrelas como Adriano “Imperador”, Emerson Sheik, Liédson, Ralf, Paulinho, Danilo, Alex, Leandro Castán, Chicão… E também estava Luís Otávio Bonilha de Oliveira, o Nenê Bonilha.

O meio-campista pode não ter jogado nenhuma partida do torneio, mas guarda com orgulho sua medalha. Principalmente por tudo o que passou antes de chegar ao Parque São Jorge, quando por muito pouco não teve que encerrar a carreira antes mesmo dos 20 anos, por causa de uma misteriosa doença nos rins.

Aconteceu quando ele estava no Paulista de Jundiaí, time que o revelou junto com o lateral direito Weldinho e o atacante Hernane “Brocador”, entre outros. Tentando ganhar um espaço entre os titulares, um dia Nenê sentiu dores fortes nos rins. Quando foi ver, estava urinando sangue. Imediatamente, foi levado ao hospital para exames, e recebeu notícias nada animadoras dos médicos.

“Tive um problema feio no rim, que me deixou uns cinco meses parado, sem poder fazer nenhum exercício. Eu tive uma calcificação, começou com pedra, depois ficou pior. Não podia nem subir escada que começava a urinar sangue. Quando vi, estava com o papel da hemodiálise na mão…”, contou o meia, em entrevista à Rádio ESPN.

A família do atleta ficou em choque. No consultório médico, sua mãe não conseguia parar de chorar. Nenê teve que ficar cinco meses sem jogar, fazendo exames três vezes por semana, para acompanhar a evolução de seu quadro. Triste com a vida, perdeu peso e ficou raquítico. Além disso, nenhum médico conseguia apresentar uma solução para seu caso.

Foi aí que sua mãe entrou definitivamente em ação.

“Ela é devota de tudo quanto é santo, e passou a me levar um todas as igrejas que conhecia. Ao mesmo tempo, a médica falava: ‘Se tiver que começar a hemodiálise, vai ter que encerrar a carreira’. Depois desses cinco meses, porém, eu estava curado. Sumiram as dores, parei de urinar sangue. A médica não entendeu, até falou pra minha mãe: ‘Se existe milagre, é o que aconteceu com o seu filho, porque ele estava com o papel da hemodiálise na mão, e agora está novo’. Acho que minha cura foi mais na fé, mesmo…”, recordou.

Daniel Augusto Jr/Ag. Corinthians

Nene Bonilha Corinthians Paulista Jundiai Campeonato Paulista 20/01/2013
Nenê Bonilha em ação pelo Corinthians

A volta, porém, foi dura. Nenê pediu uma nova chance para o técnico Fernando Diniz no Paulista de Jundiaí, e o treinador prontamente lhe atendeu. Bonilha foi sincero: “Professor, tô ruim de bola. Faz cinco meses que não jogo”. Mas Diniz deu de ombros. Aos poucos, foi lhe colocando para jogar nos treinos, até surgir uma grande chance em um amistoso.

“Fomos jogar contra o Atlético-MG, e ele me levou. Perdemos por 7 a 1, mas fui bem pra caramba, acredite se quiser (risos)! Corri, dei chapéu, chutei no gol. Não jogava há meses, e senti como se tivesse nascido de novo”, comemorou.

Na outra semana, o Paulista fez outro amistoso, desta vez contra o São Paulo. Nenê chamou a atenção ao deixar o volante Casemiro, hoje no Porto, atordoado com uma pedalada. Ao fim da partida, o meia Hernanes veio até Bonilha e lhe elogiou: “Você está no caminho certo”.

E estava mesmo. Daí pra frente, retomou a boa forma de antes da doença nos rins, e, com grandes atuações pelo Paulista, foi contratado pelo Corinthians no início de 2011, logo após a eliminação da equipe alvinegra para o Tolima, na Libertadores.

No Parque São Jorge, contudo, não teve muitas chances. Foi emprestado para Catanduvense, Avaí, Audax, América-RN e Vila Nova até o fim de seu contrato, em 1º de janeiro deste ano. Agora, acertou com o Rio Claro até o final do Paulistão 2015, na esperança de reeditar o bom futebol que o levou ao Corinthians.

Cheio de histórias pra contar

Nenê Bonilha chegou tímido ao Corinthians, mas aos poucos foi conquistando o elenco com suas resenhas, as histórias curiosas que se tornam lendas do mundo da bola. A melhor delas aconteceu nos tempos em que ainda era juvenil no Paulista.

“Uma vez, meus pais foram me visitar em Jundiaí, e meu pai trabalhava com pneu e levou a caminhonete velha dele cheia de pneu atrás. Deixou na frente do clube e foi pra casa da tia Neuza. Ele costumava deixar a chave embaixo do banco, pensou: ‘Cidade pequena, ninguém vai roubar’. Chegou meia-noite, eu e uns companheiros estávamos conversando no corredor, e gritaram: ‘Nenê, tão roubando o carro do seu pai’. Descemos correndo, todos de cueca, e falei pro ladrão: ‘Por favor, não rouba, é o carro que meu pai usa pra trabalhar’. O ladrão olhou pra mim e deu risada: ‘Não vou roubar, fica tranquilo, esse carro não tem nem freio’. E ele ainda deixou umas moedas pra mim e falou pra dar pro meu pai pra ele levar arrumar o freio (risos)”, gargalhou o meia.

Seu jeitão do interior, contudo, fez Bonilha virar o alvo preferido dos trotes do elenco corintiano. O mais marcante aconteceu na vez em que Nenê fez sua primeira viagem de avião com o clube paulista, para disputar uma partida do Brasileirão no Rio Grande do Sul.

“Todo mundo já estava me zoando, porque sabiam que eu estava nervoso. O Castán pediu pra ver minha passagem, pra certificar que estava tudo certo, e tirou o tíquete que fica do lado. Eu entrei em desespero, era minha primeira viagem! Falei: ‘Castán, você é louco? O que eu vou fazer? Não tenho dinheiro pra outra passagem!’, e ele só ria: ‘Se vira, Nenê'”, contou.

“Aí fui numa lanchonete, pedi um durex e colei a passagem, deu tudo certo (risos). Mas acabei pagando outro mico. Quando passou lá no detector de metais, deixei minha mala com o segurança e fui embora. Estava usando fone e nem ouvi o pessoal gritando: ‘Nenê, Nenê, olha a mala’. Aí veio uma moça e agarrou meu ombro, falou que eu tinha deixado a mala. Falei: ‘Pode levar pro avião, moça, não quero ficar carregando’. Eu nem sabia que tinha que levar a mala de mão (risos)!”, lembrou.

Outra história que lhe marcou foi a primeira vez que encontrou Ronaldo “Fenômeno”, seu maior ídolo no futebol, pessoalmente. A emoção foi tanta que Bonilha não conseguiu nem falar.

“Cheguei ao Corinthians depois que ele aposentou. Um dia, teve um jantar de confraternização, eu não conhecia ninguém, sentei no sofá e fiquei sozinho. De repente, ouvi a voz do Ronaldo. Pensei: ‘Não é possível, não pode ser verdade’. Se tem alguém de quem sou fã no futebol, é ele. Quando vi, ele tava do meu lado. Comecei a suar, tremer! Saí de perto e fui sentar com o Willian, falei: ‘Cara, olha o Fenômeno, não tô acreditando!’. Aí eles foram contar pro Ronaldo, e ele veio sentar do meu lado, começou a me zoar: ‘Calma, Nenê, tá gelado! Eu não mordo, fica tranquilo’. Mas tudo que ele falava eu só respondia ‘sim’ e ‘não’ com a cabeça, não conseguia nem falar”, contou.

Mas pra quem já viu até “milagre” da medicina, ver Ronaldo é só mais um dia comum…

Daniel Augusto Jr/Ag. Corinthians

Nene Bonilha Paulo Andre Vestiario Corinthians 23/10/2011
Nenê Bonilha ouve os conselhos de Paulo André: meia era alvo de bullying no elenco

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