Em época de cortes de gastos, governo gasta R$ 5 milhões para Brasil não passar vergonha no handebol.
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Bianca Daga, do ESPN.com.br.

A Confederação Brasileira de Handebol (CBHb) conseguirá realizar o Mundial Masculino Júnior-2015, entre julho e agosto, graças aos R$ 8 milhões que serão bancados pelos governos municipais, estadual e federal. Antes, o orçamento de gastos para o torneio era mais caro, e o estado-sede seria o Rio Grande do Sul. Agora, está definido que a competição será em Uberaba e Uberlândia, em Minas Gerais, com agenda mais curta para dar menos gasto às cidades e ao estado e conseguir colocar o planejamento em prática. O Ministério do Esporte vai arcar com R$ 5 milhões.
“A IHF (Federação Internacional) já homologou as cidades de Uberaba e Uberlândia após a vistoria realizada nos dias 23, 24 e 25 de março. Serão R$ 3 milhões a serem trabalhados com o estado e municípios. A CBHb não gastará nada. O Ministério do Esporte irá arcar com R$ 5 milhões. Os R$ 8 milhões serão suficientes para garantir a realização do mundial com a nova configuração”, declarou o presidente da CBHb, Manoel Luiz Oliveira, em entrevista ao ESPN.com.br.
Segundo a CBHb, em agosto de 2014, o governo do Rio Grande do Sul confirmou o compromisso de sediar o Mundial Júnior nas cidades de Campo Bom, Farroupilha, Caxias do Sul e Santa Maria. No entanto, com as eleições de 2014 e a troca no governo, o estado declarou que não tinha como fazer o aporte financeiro necessário e voltou atrás na decisão. O projeto inicial teria R$ 4.034.389,00 milhões, por meio de projetos de Lei de Incentivo do Estado, e R$ 2 milhões solicitados ao estado para apoiar os municípios.
“O governo não tem esses R$ 2 milhões. Não tem documentos que provassem esses R$ 2 milhões a mais. A gente disponibilizou R$ 4,5 milhões e eles queriam um extra ainda. Eles (a CBHb) dizem que foi feito um acerto no ano passado, mas nunca mostraram nenhum papel dizendo para que seriam os R$ 2 milhões”, declarou o diretor da Secretaria de Esporte do Rio Grande do Sul, o campeão olímpico de vôlei Paulão, em entrevista aoEstadão no dia 27 de março.
Para reduzir os custos, a Federação Internacional apresentou uma nova proposta para o Mundial Júnior, encurtando a agenda de jogos. As 16 equipes que disputarão a competição ficarão apenas 11 dias no Brasil, em vez de 17 dias, como seria anteriormente, e como o torneio será realizado em duas cidades – e não mais quatro -, os gastos serão menores com logística e mão de obra.
Além disso, a CBHb precisou negociar com a IHF alguns itens que constam no caderno de encargos e que precisam ser cumpridos quando um país se compromete a sediar mundiais de handebol: a compra dos direitos de imagem do Mundial; a disponibilização do sinal de TV internacional apenas para as semifinais e a final – e não para todo o campeonato -; e a utilização de pisos já existentes, em vez de comprar novos.
Caso a CBHb não conseguisse organizar o Mundial Masculino Júnior-2015, a seleção brasileira feminina poderia ficar de fora do Mundial da Dinamarca, que será disputado em dezembro, e não brigaria pelo bicampeonato. O motivo seria por sanções financeiras e esportivas da IHF: segundo informação publicada pelo Lance! em 2013, a CBHb acertou com a Federação Internacional o compromisso de receber três competições para auxiliar no pagamento da dívida referente ao Mundial Feminino de 2011, realizado em São Paulo, e o Mundial Masculino Júnior-2015 é um deles.
Agora, a Confederação Brasileira de Handebol garante que a dívida com a IHF está “equacionada”. As fontes de recursos para o Mundial Feminino de 2011, em que o Brasil foi sede e terminou na quinta colocação, foram Lei de Incentivo do Estado de São Paulo, convênio com o Ministério do Esporte e o Comitê Olímpico Brasileiro.