Irmãos Hypolito sobrevivem à renovação da ginástica. Sorte dos novatos. Entenda o fato.
3 min readBruno Doro Do UOL, em São Paulo.
-
Luiz Carlos Murauskas/Folhapress
Daniele e Diego Hypolito em 2007, quando o mais novo da família conquistou o segundo título mundial
Os irmãos Hypolito dividem bem mais do que uma prateleira lotada de conquistas na ginástica artística. Juntos, Diego e Daniele sobrevivem, geração após geração de brasileiros, entre os melhores atletas da modalidade no país. No ano que vem, quando os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro começarem, ambos serão trintões. Ainda em atividade e contribuindo ativamente para o time brasileiro.
Daniele conquistou, em 2001, no Mundial de Ghent, na Bélgica, a medalha de prata no solo, a primeira da história da modalidade para o país. Naquele ano, os novos fenômenos da seleção brasileira, Flávia Saraiva e Rebeca Andrade, tinham apenas dois anos. A dupla faz parte da terceira geração de talentos que a veterana acompanhou.
A primeira foi a sua. Daniele abriu o caminho em 2001. Daiane dos Santos a seguiu e, em 2003, foi a primeira campeã mundial do pais, também no solo. A segunda onda tinha como ícones Laís Souza, melhor atleta olímpica brasileira em 2006, e Jade Barbosa, bronze no individual geral do Mundial de 2007. A terceira chegou agora, com Rebeca e Flávia, campeã olímpica (da juventude) do solo no ano passado.
“Eu to com 30 anos, mas ainda sou atleta. Ainda estou na seleção pelos meus méritos. Treino muito, me esforço, ainda faço minha parte como ginasta”, avisa. A função, porém, mudou um pouco. Daniele já foi pioneira, hoje é fonte de experiência de um time muito jovem. “Sou atleta e tenho sonhos, mas sei que hoje o meu papel é mais de orientação. De estar por perto delas, conversando, dando dicas”.
Com Diego é a mesma coisa. Ele foi campeão mundial em 2005, quando Ângelo Assumpção, um dos cotados para ser o novo destaque da equipe masculina brasileira, tinha apenas oito anos. Naquela época, o garoto dava seus primeiros saltos no esporte e ainda se perguntava se a ginástica seria, mesmo, o seu futuro.
Desde então, o mais novo dos Hypolitos (Daniele tem 30, Diego tem 28) venceu mais um Mundial, foi massacrado por público e crítica em duas Olimpíadas e ainda sofreu uma enormidade de problemas físicos – de lesões sérias, que o levaram para a mesa de operação, até uma depressão que quase encerrou sua carreira. Viu, ainda, Arthur Zanetti superar seu status e, com um ouro olímpico e um mundial, o suplantar como o melhor da história do país. Sobreviveu a tudo isso para seguir como referência da modalidade.
“O Diego ajuda muito. Está sempre dando dicas, ajudando nos treinos”, elogia Ângelo. “É bem engraçado isso. Você assistia ao Diego pela TV e, do nada, está competindo ao lado dele. É legal. Ele ajuda a gente, dá conselhos”, completa Flávia Saraiva.