26/07/2024

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Skatistas usam gírias das ruas em moda badalada por fashionistas e Neymar

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Do ZigZag do Esporte.

Skate.

Skatistas usam gírias em moda badalada por fashionistas e Neymar27 fotos

Em pouco mais de cinco anos, dois irmãos skatistas transformaram uma simples marca de camisetas numa grife adotada até pelo craque Neymar e viraram referência entre celebridades e personalidades da moda.

Esse é o resumo da história da marca Sumemo, um neologismo abreviado da expressão “isso mesmo” criado pelo skatista de street Alexandre Miranda, 44 anos, mais conhecido como “Pois É”.

Lançado em 2007 como um dos modismos fonéticos inventados por Pois É, assim como “Fafavô, Tendeu, Então Vai” e dezenas de outros, o nome Sumemo virou sinônimo de status, mas suas camisetas são usadas por pessoas de todas as classes sociais.

“É do lixo ao luxo”, avalia o diretor comercial da grife Ricardo Guardia, 44 anos, ao identificar o público consumidor da marca. “Vai do A ao Z. Serve para todos, é tudo junto e misturado”, explica Ricardo, que controla cerca de 200 pontos de venda espalhados pelo Brasil. A empresa distribui uma coleção de 120 peças, e as camisetas com caveira são destaque.

“O Brasil gosta de ‘babar ovo’ para gringo memo”, afirma Pois É ao comentar que inicialmente a maior dificuldade foi a aceitação do público brasileiro a uma marca de roupas com nome em português. “Todo mundo ria muito quando eu falava sobre o nome da Sumemo. Foi a primeira grande barreira que eu tive de enfrentar para conquistar o gosto da galera. Então vai, ‘não rouba minha briza'”, diz o proprietário da grife, que morou por cerca de 10 anos na Califórnia, onde andava de skate e trabalhava como operário para sobreviver.

“Eu vivi a época mais importante do skate na gringa (décadas de 80 e 90). Mas eu não fui para a Califa para dar as mãos para o Mickey Mouse. Eu lixava barcos, fazia demolições, pintura de casas, trabalho braçal mesmo”, revela o novo talento da moda, que participou por três edições da Casa de Criadores a convite de André Hidalgo. Ele ganhou o apoio de fashionistas de peso como Dudu Bertolini, David Polack e Fabio Kawallys, todos simpatizantes da marca e da proposta.

“A Sumemo não tem preconceito” conta Pois É. Ele diz que a sua produção pode pode ser usada por todos os gêneros e orientações sexuais. “Essa é a magia da  marca, de unir todas as tribos, times, sem o recalque de sair da rua para as passarelas”, fala o exótico personagem, que diz que “quando você está na sarjeta ninguém vem falar com você”, afirma, revoltado, para em seguida sorrir ao comentar que tem mais de 80 mil seguidores no Facebook e 40 mil no Instagram.

Com 1,92 de altura, musculoso, tatuado, careca e com um imenso cavanhaque, esse corintiano roxo transformou Zepoman (outro apelido de Pois É, por se parecer com Vin Diesel, em Repoman) em símbolo sexual, conforme afirmou a personalidade da moda Constanza Pascolato na última edição da São Paulo Fashion Week.

“Barriga pra dentro, peito para fora”, era o recado que o pai dos meninos, o fisioculturista Haroldo Miranda, sempre ensinou aos filhos e que foi bem empregado pelos dois.

Pois É e seu irmão, o skatista Álvaro Miranda, o “Porque?”, de 46 anos (campeão brasileiro de skate em banks, modelo da Stanley e galã em campanhas da Ruffles e da Tweed na década de 80) foram tema de reportagens produzidas por conceituadas colunistas como Lilian Pacce, Erika Palomino e Julia Petit, além de revistas de moda e celebridades, como LOfficiel, Vogue RG e Caras. Tamanha exposição rendeu até uma parceria com Constanza Pascolato, da Santa Constanza, em seis looks de camisetas.

Toda essa popularização da marca fez com que Pois É, para se proteger da pirataria que vinha até da China, convidasse o seu irmão Porque? para lançar uma marca própria, a Tudonosso. Focada em grafite, música e tatuagem, em pouco mais de um ano de existência a marca já tem uma expectativa de faturamento de mais de R$ 2 milhões ao ano.

“Não sou estilista, sou apenas um observador das ruas”, diz Pois É, ao contar que o responsável pela maioria das estampas é o skatista, designer e punk rocker Billy Argel, baixista da banda Lobotomia, que criou a concepção da própria identidade visual da marca que inclui um taco de basebol, um soco inglês e uma caveira. “Jean Paul Gaultier virou punk, eu sou skatista e esse visual é de atitude”, defende-se das críticas que a marca incitaria a violência.

Ibiraboys, Chorão, Neymar e celebridades

Skatistas locais do Parque do Ibirapuera na década de 80, os irmãos Miranda fizeram parte da “gangue” de skatistas Ibiraboys, de onde também surgiu o skatista e cantor Alexandre Magno Abraão, o Chorão.

Nos últimos dois meses que antecederam sua morte, Chorão se aproximou de Pois É, pois segundo ele que já utilizava camisetas e bonés da marca “teve um sonho com a Sumemo”, e que queria fazer uma parceria para produção de um festival com o Rappa, Suicidal Tendencies e Snoopy Dog.

“Um dos maiores desejos dele em vida era o filho dele continuar o seu legado, e que ele pudesse começar uma nova fase com qualidade de vida”, mas não deu tempo.  Mesmo assim, o filho do Chorão deu sinal verde para a TudoNosso produzir camisetas com a imagem do falecido pai, que devem começar a circular a partir do próximo mês.

Mike Muir, líder da banda Suicidal Tendencies, também foi outro que autorizou a utilização de sua imagem em camisetas e vestiu Sumemo Tendencies em sua ultima turnê pelo Brasil, o que deve acontecer também com a banda Run DMC.

E foi graças a Chorão que outro fera se aproximou dos irmãos Miranda.

“Primeiro o pai dele chegou, viu e pediu umas peças, e o Neymar curtiu, usou, e ainda postou várias fotos no Instagram e no Facebook”, conta orgulhoso Pois É do seu “cliente” mais famoso que, segundo ele, pediu espontaneamente para usar as roupas e não cobrou nada por isso.

Assim como Chorão e Neymar, a moda contagiou Ana e Isabel Hickman, Negra Li, Alex Atalla, Markone, Vivi Orth, Marina Dias, Matheus Verdelho, Dani Bolina e uma infinidade de celebridades que aderiram “ao movimento”. “Quando você é jovem você tem os seus sonhos, mas muitas vezes se frustra. Com a Sumemo eu acertei na veia, tendeu?”, finaliza.

 

Fonte: Paulo Anshowinhas do UOL, em São Paulo

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