Tem um brasileiro encantando o Barcelona. E não é o Neymar; confira.

Werick Maciel de Oliveira é natural de Gurupi, município do Tocantins com cerca de 80 mil habitantes, e vive na Catalunha há nove anos. A chegada ao Barça ocorreu em setembro do ano passado após se destacar em outros clubes da região. O UOL Esporte conversou com os envolvidos no processo de evolução do jogador.

“Tenho amigos no clube, me sinto bem e com vontade de jogar bola e aprender com a escola do Barcelona. Ter essa oportunidade não passou pela cabeça quando comecei a jogar por aqui”, comentou Werick.

Foi neste domingo que Werick começou a morar no Barça. Comissão técnica da base e os dirigentes destacam o lado comportamental do jovem e a tranquilidade com que atua. Ele joga no meio-campo, é destro, e também tem força para finalizar com a perna esquerda. O vídeo acima mostra isso com um gol marcado de fora da área que entrou para o top 5 de gols mais bonitos de uma semana na base. Na sequência, assistências com a perna direita também chamam a atenção.

Para alguns no clube, o brasileiro precisa aprimorar a marcação nos duelos de um contra um. Só que o talento já o consolidou como titular na categoria anterior, a sub-15. Foram 28, dos 30 jogos realizados pelo time campeão, e quatro gols. Como a base do clube imita o estilo de jogo do profissional é possível dizer que o brasileiro joga com a função do croata Rakitic em campo.

Como completou 16 anos, Werick subiu de categoria e agora assinou contrato válido por três anos que já lhe permitiria inclusive jogar no time principal. Só que o processo programado para ele é o lógico, com ano após ano passando pelo juvenil B, o juvenil A e o Barça B. Queimar etapas não é costume no clube, com Messi sendo o único fenômeno a romper todas elas logo no primeiro ano sob contrato profissional.

“Aqui não pressionamos. O importante é deixar o clube tratar o jogador da forma que achar conveniente. Chegar a esse estágio já é oportunidade para um em um milhão, e ir ao profissional mais complicado ainda. Só que o fato de ser formado no Barcelona já lhe dá outro valor no mercado”, destacou o catalão Hector Bueno, empresário de Werick há pouco mais de um ano.

Hector, juntamente com Ivan Llaurado e Juan Carricondo, é proprietário da empresa BIC Talents, que tem contrato de representação do brasileiro. Todos os sócios são ex-jogadores formados em La Masia na década de 90 e possuem bom relacionamento no clube. A escolha por Werick aconteceu após indicação de olheiros e “dois toques na bola do brasileiro”, como diz Hector.

No acordo negociado com o Barcelona, Werick tem uma passagem anual para visita ao Brasil incluída. Na Catalunha, ele está desde os 7 de idade anos acompanhado dos dois irmãos, da mãe, Rejane, e seu marido, Miquel.

“Fazemos planos para que ele veja os avós e passe o final de ano sempre com o a família toda no Brasil. Vamos respeitar o calendário do clube para nos programarmos. É legal ver ele trabalhar com o que gosta, Só que ainda tem estudos a serem concluídos aqui também”, lembrou Rejane.

Os estudos de Werick na Catalunha agora serão custodiados pelo Barça, como faz o clube com os jogadores residentes em La Masia. A escolha do brasileiro já com o ensino médio completo foi por cursos técnicos de educação física na cidade de Barcelona.

Como é filho de brasileiros, Werick não tem dupla nacionalidade. O Barça pôde assinar contrato com o menor de idade pelo fato de residir na Catalunha com a família há muito tempo. Sem o passaporte europeu, nenhum outro clube do continente tem a possibilidade de o contratar mesmo com o pagamento de uma multa contratual já existente.

A cidadania espanhola de Werick está em processo e pode ser adquirida através do catalão Miquel. A obtenção do documento ainda o permitiria a defender a seleção espanhola. “Não penso nisso. Sou brasileiro e gostaria de jogar sim pelo Brasil”, comentou Werick.

Mesmo com quase um ano como jogador do Barcelona, uma passagem pelas categorias de base da seleção brasileira jamais aconteceu. No ano passado, os empresários do jogador estiveram em contato com o Gilmar Rinaldi, coordenador de futebol da CBF, para falar sobre Werick. Só que a presença de um profissional da entidade para vê-lo jogar jamais aconteceu.

À reportagem, a CBF informou que:  “o jogador é monitorado pela equipe de scouting da CBF, assim como outros atletas de variadas idades dentro do Brasil ou no cenário internacional. Seu monitoramento é feito por meio de informações recebidas através de contatos na Espanha. As informações em relação a sua performance e evolução abastecem o banco de dados da instituição”.