07/12/2025

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‘Abandonado’, triatleta trocou esporte pelo mestrado, mas agora já nada até no almoço; confira.

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Gustavo Setti, de Salvador (BA), para o ESPN.com.br.

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Antón Ruanova deixou a Espanha e voltou a competir no triatlo brasileiro
Antón Ruanova deixou a Espanha e voltou a competir no triatlo brasileiro 

A Espanha domina o ranking mundial masculino no triatlo, com dobradinha entre os líderes, e é uma das maiores potências no esporte. Isso é fato. Porém, apesar de tantas glórias, o país encara uma “chave de braço” contra os próprios atletas, que acusam falta de apoio da federação. Quem diz já passou pela incômoda situação.

Antón Ruanova conhece bem os problemas da Fetri (Federação Espanhola de Triatlo). Após se destacar no circuito espanhol, com pódios e o vice-campeonato nacional em 2013, o triatleta resolveu mudar de vida. Tudo, segundo ele, foi por problemas com a entidade que controla o triatlo no país ibérico.

“A Espanha tem triatletas muito fortes, o nível do esporte foi crescendo muito, mas o apoio da federação diminuiu muito. Então, em 2013, o presidente da federação, José Hidalgo, duplicou o seu salário e não tinha bolsa para atletas. Se você conseguisse uma classificação para o campeonato europeu, você que tinha que pagar a inscrição do seu próprio bolso e ainda ia lá e tinha que fazer a prova com o patrocínio da federação no macacão”, explicou ao ESPN.com.br.

Segundo Ruanova, os atletas até se organizaram para rever a situação, mas não tiveram força suficiente para mudar. “Houve um movimento com os melhores atletas, Javier Gomez Noya (líder do ranking mundial), que agora é cinco vezes campeão do mundo, Iván Raña, que foi o primeiro campeão do mundo espanhol. Na verdade, eram quase todos os atletas da elite, mas o sistema para escolher presidente da federação é um pouquinho difícil, porque os esportistas só têm sete representantes, e a Assembleia que escolhe o presidente são 64 pessoas”, disse.

“Sendo o país número 1 no esporte, o apoio é ruim. Você pega os atletas de elite falando que o esporte é muito forte, mas o apoio da federação é bem fraco. Você precisa ser top 20 do mundo para poder viver do esporte. Você pode ser o 40 do mundo, mas não vai ganhar quase nada. Para futebol e basquete, não, mas, para esporte minoritário, eu sei que em quatro, cinco, seis anos, vai ser muito difícil”, acrescentou.

A solução para os problemas foi justamente dar um tempo com a modalidade. Formado em economia pela Universidade de Santiago da Compostela, Antón, que tem 29 anos, acabou no Brasil no começo deste ano. Ele explica o que aconteceu:

“O triatlo era o que eu queria fazer, só que chegou o momento que o apoio era tão deficiente que eu me inscrevi para um concurso na Espanha para ganhar uma bolsa de três anos, e eu ganhei. Então, fiquei um pouco na dúvida do que fazer, mas joguei um pouco o esporte de lado e fiz um mestrado no ano passado (em Gestão Internacional de Empresas, na Universidade Internacional Menéndez Pelayo).”

Ainda como parte da bolsa, ele chegou ao Brasil para trabalhar na Embaixada Espanhola em Brasília. “Escolhi o Brasil, porque eu queria continuar a treinar e sabia que as condições eram bastante boas”, contou.

A rotina, então, passou a ser do escritório para o treino. “Eu trabalho das 8h às 16h, mas dá para treinar a noite. O bom é que, meio dia, o meu chefe me libera para nadar, aí nado 40 minutos durante a hora do almoço e depois tem que voltar para comer rapidão”, disse.

A vida corrida, literalmente, vem dando certo. Antón conquistou bons resultados durante a temporada no Sesc Triathlon Circuito Nacional e acabou na terceira colocação na etapa de Salvador, que aconteceu no último domingo.

Adaptado ao novo país, ele ainda não sabe o destino em 2016, quando irá para o último ano da bolsa e terá que trabalhar em uma empresa. O triatleta, porém, não pretende deixar o país e sonda até a naturalização.

“Eu sinto que, aqui no Brasil, o nível não é tão alto, mas eu acho que estão investindo dinheiro no esporte. No triatlo, eles (atletas brasileiros) falam que não têm muito apoio, mas, comparando com a Espanha, o apoio é bom. Para mim, se continuar a ter resultados bons, se eles quiserem, eu poderia ajudar com alguma coisa, já que eu já vivi na Espanha, que é uma potência”, afirmou.

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