21/09/2024

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Triatleta peitou confederação e deu adeus à Olimpíada; dirigente diz: ‘Imaturo e teimoso’.

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Gustavo Setti, de Salvador (BA), para o ESPN.com.br.

DIVULGAÇÃO/SESC

Antônio Marcos desistiu do sonho olímpico
Antônio Marcos desistiu do sonho olímpico

Um triatleta que chegou ao topo, ganhou destaque em competições internacionais, mas que decidiu abandonar o sonho olímpico. Pode até parecer estranho, mas, segundo o próprio Antônio Marcos, ele abriu mão de disputar uma Olimpíada por falta de investimento da Confederação Brasileira de Triathlon (CBTri), que tem outra explicação para a história.

“Em 2002, comecei a correr o circuito mundial, fui revelação do ano e me destaquei. Cheguei ao topo com a terceira melhor corrida do mundo todo, fui tricampeão brasileiro, duas vezes terceiro colocado na Copa do Mundo no Rio de Janeiro (em 2003 e 2004). Agora, voltei a fazer provas curtas para dar um dinheirinho a mais, que é o meu trabalho”, disse Marquinhos, como é conhecido, aoESPN.com.br.

De acordo com o triatleta de 38 anos, ele abdicou do projeto olímpico depois do Pan de 2007, quando terminou na 29ª colocação. “Se você bater de frente com o presidente (da CBTri, Carlos Fróes), ele vai mandando você sair, te cortando. Eu abri a boca dizendo que ‘como é que você está em uma seleção que não tem verba para pagar sua alimentação?’. Isso está errado. Então, eu comecei a bater de frente com ele, e ele começou a me descartar”, afirmou Marquinhos, que acusa Fróes de mandar nos atletas.

“Dentro da seleção, você é um pouco inseguro, só faz as provas que ele (Fróes) manda. Se você quer fazer alguma prova que dá para ganhar algum dinheiro, ele não manda. Aí começou a encher o saco, eu joguei o balde e pronto. Eu quero é ganhar dinheiro e manter minha família”, contou.

“Não fui para Atenas (nos Jogos Olímpicos de 2004) por falta de verba. Tem que mudar o pessoal da linha de frente. Se o Brasil continuar desse jeito, não vai ter medalhista olímpico. Se não mudar, vai acabar o triatlo”, falou.

GETTY

Antônio Marcos disputou os Jogos Pan-Americanos de 2007, no Rio
Antônio Marcos disputou o Pan de 2007, no Rio

O outro lado

Já o presidente da CBTri, em contato com a reportagem por email, tem o outro lado da história. “Ele teve todo o apoio da confederação. Oferecíamos treinador, moradia, alimentação, estudo, que ele nunca frequentou, plano de saúde, todas as viagens, salários e patrocinadores (Coca-Cola e Brasil Telecom). Recebia algo em torno de R$ 5 mil sem qualquer despesa a ser realizada.”

Fróes também listou os “problemas” de Marquinhos. “Falta de maturidade para lidar com o dinheiro que ganhava, como salários e mais premiações; falta de escolaridade: O Antônio Marcos, enquanto esteve conosco, tinha o primário. Nunca quis estudar. Com a parceria da CBTri com as Forças Armadas, os principais atletas do país foram acolhidos. Ele não quis fazer parte desta ação. Acredito que tinha medo”, disse.

O dirigente também acredita que o triatleta mostrou teimosia. “Trata-se de uma pessoa maravilhosa, porém, extremamente fechado e, de certa forma, teimoso. Gostamos dele, mas essa moeda, como todas, tem dois lados. O Brasil perdeu um bom atleta. Tivemos culpa em não insistir mais do que insistimos, mas ele não foi inocente e acreditou no seu planejamento para o futuro. Infelizmente, o futuro dele ainda não vingou. Espero que consiga prosperar”, acrescentou.

Atualmente, Marquinhos disputa provas nacionais da modalidade e, na semana passada, ficou na 7ª colocação da etapa de Salvador do Sesc Triathlon. De acordo com o triatleta, é nestes eventos que ele consegue tirar dinheiro. Já Fróes diz que “todos os atletas da geração dele ganham salários entre R$ 6 mil e R$ 30 mil”.

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