Crise tira mentor de Daiane dos Santos da ginástica do Brasil. Entenda o fato.
3 min readBruno Doro Do UOL, em São Paulo.
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Ayrton Vignola/Folha Imagem
Oleg Ostapenko vai deixar o Brasil e retornar à Ucrânia
Oleg Ostapenko trabalhou com ginastas brasileiras de 2002 a 2008. Nesse período, Daiane dos Santos foi bicampeã mundial, Jade Barbosa conquistou o vice-campeonato mundial e Laís de Souza despontou como uma das principais atletas do planeta. O treinador ucraniano voltou ao país em 2011. E, quando estava prestes a testar a eficiência de seu segundo ciclo de trabalho verde-amarelo, vai deixar o país novamente. Desta vez, com o trabalho pela metade.
O técnico era coordenador do Centro de Treinamento de Ginástica de Curitiba, o Cegin, antiga sede da seleção feminina. O local, porém, é bancado via Lei de Incentivo fiscal. E depende da captação de recursos com empresas privadas, que investem parte do que pagariam de impostos no esporte. O problema é que, para o ciclo 2015-2016, o valor ficou abaixo do aguardado. A informação foi divulgada pelo jornal O Globo.
“Desta vez, não captamos o valor total. E não tínhamos como bancar os treinadores. O projeto terminou em junho e o novo começou na sequência, mas não tínhamos como pagar o que o Oleg ganhava”, admite ao UOL Esporte a responsável pelo Cegin, Eliane Martins.
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Nos últimos meses, Oleg teve seu salário dividido. Metade foi pago pelo Cegin, com dinheiro da Lei de Incentivo, metade pelo COB, que entrou no projeto para evitar a saída do treinador antes do Mundial de Glasgow, disputado em outubro – em que o Brasil terminou em nono lugar, a uma posição da classificação olímpica.
A partir desse mês, porém, as verbas acabaram. E Oleg marcou sua passagem de volta. Ele e a mulher, Nadia, embarcam para a Ucrânia no sábado. Antes dele, o Cegin já tinha perdido outro treinador estrangeiro, o bielorrusso Nikholay Hradoukin. “A alta do dólar foi um problema. Quando eles vieram, acertaram o salário em reais. E, hoje, com a variação cambial, estavam recebendo a metade do que foi acordado. O Nikholay veio conversar, perguntou se podíamos fazer a atualização. Não era possível e ele deixou o país. Com o Oleg, o caso era parecido”, diz Eliane.
A diferença é que Oleg, por sua identificação com o Brasil, não queria sair. Sua permanência, até agora, mostrava isso. O ucraniano sabia, há algumas semanas, que o Cegin não tinha dinheiro para mantê-lo, mas apostava nos esforços que profissionais como Eliane faziam para encontrar uma alternativa. “Acho que ele ainda acredita que pode ficar. Ele tem uma proposta para treinar a seleção biolorussa, que está vivendo uma reconstrução de todo o seu programa de ginástica. Mas ele ainda não aceitou a proposta. Acho que está esperando para ver se conseguirmos chamá-lo de volta”.
Caso isso aconteça, quem vai ser beneficiado é a seleção brasileira. Hoje, o Cegin conta com cinco ginastas da equipe. A principal é Lorrane Oliveira, melhor do país no individual geral no Mundial de Glasgow. Além disso, o time conta com Daniele Hypolito, a mais experiente das ginastas brasileiras, Lorena Rocha, Mariana Oliveira e a jovem Caroline Pedro, campeã brasileira juvenil. Em seu lugar, o CT paranaense promoveu a também ucraniana Irina Iliachenko, no país desde 1999.