Escritório de advogado com quem Nuzman ‘pularia do precipício’ recebe R$ 18,8 mi da Rio 2016.
3 min readGabriela Moreira, de São Paulo (SP), para o ESPN.com.br.
Entre os contratos do comitê Rio 2016 há pelo menos 11 escritórios de advogacia. Juntos, custam à entidade organizadora da Olimpíada pelo menos R$ 24 milhões. Entre os escritórios, um chama mais a atenção: H.B. Cavalcanti e Mazzillo Advogados, do amigo e advogado pessoal do presidente do comitê, Carlos Arthur Nuzman, por quem o dirigente disse certa vez que “pularia do precipício”.
Somente para a empresa do colega de profissão, Nuzman destina R$ 18,8 milhões, o que significa cerca de 80% de toda a verba empregada em serviços advocatícios do comitê no Brasil. As informações fazem parte de documentos obtidos pelo blog, tratados como sigilosos pela entidade.
“Com quem o senhor pularia de um precipício de olhos fechados?”, perguntou a repórter Dorrit Harazin em entrevista publicada em 2010 pela revista Piauí.
“O Havelange certamente é um deles… eu acho que têm alguns… tem de ser no Brasil? … acho que o Leonardo Gryner… o Sergio Mazzillo, meu advogado e colega de tantos anos”, respondeu Nuzman à reportagem. .
Embora a relação seja pública, os serviços prestados pelo escritório não são revelados pelo comitê. A assessoria de imprensa do órgão afirma que não pode dar nenhum detalhe da contratação para não infringir “lei federal que garante sigilo entre clientes e advogados”. O comitê informa, no entanto, que o escritório não foi contratado para representar o Nuzman como pessoa física, somente na pessoa jurídica.
Entretanto, fora do comitê, o Mazzillo pessoa jurídica mantém relação profissional com a pessoa física de Nuzman, como se observa de rápida pesquisa na internet em processos movidos pelo dirigente, inclusive, contra jornalistas.
Demais escritórios não chegam a 20% do recebido por Mazzillo
Os outros escritórios brasileiros contratados pelo Rio 2016 são (na ordem de valores): Loureiro Maia, por R$ 2,8 milhões, Daudt, Castro E Gallotti Olindo Advogados, R$ 1,7 milhão, Chediak, Lopes da Costa, C, M C, R, A, Advogados, R$ 450 mill , Lins de Vasconcelos Sociedade de Advogados, R$ 180 mil, Pedro Calmon Filho & Associados, R$ 144 mil, Damas e Pereira Advogados Associados, por R$ 5,1 mil.
Além das empresas brasileiras, o comitê mantém contrato com escritórios de advocacia em Londres, para cuidar de assuntos relacionados a ingressos, em Miami, para o contrato de aluguel de navios que serão usados como hotel durante os Jogos, em Lausanne, na Suíça, para atuar junto ao Comitê Olímpico Internacional (COI) e em Washington, para assuntos de direitos autorais.
A existência dos prestadores de serviços estrangeiros foi informada por iniciativa da assessoria de imprensa. “Dos escritórios internacionais podemos falar”, disse Mário Andrada, diretor de Comunicação do Rio 2016, mas não revelou valores.
Nesta semana, publicamos matéria sobre os gastos com a segurança do comitê, entre elas, revelamos a existência de uma empresa contratada especialmente para cuidar da segurança privada e pessoal do presidente, a SL Quatro Segurança e Vigilância. Na ocasião, o Rio 2016 disse que não poderia dar informações a respeito da contratação alegando se tratar de “questões sigilosas”. E argumentou que não devia prestar contas públicas por serem financiado por patrocinadores privados.
O blog voltou a questionar o tratamento dado aos pedidos de informação e a assessoria de imprensa respondeu que foram dois questionamentos _ a segurança e os advogados _ de natureza sigilosa.
“Não acho que estamos faltando com a transparência, desoneramos a sociedade como nunca foi feito na história dos jogos”, respondeu o diretor.