12/12/2024

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Húngara do Brasil na Rio-16 perde naturalização por suspeita de fraude.

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Ela foi selecionada para a disputa da espada por equipes e individual, pois é a segunda melhor brasileira no ranking mundial.

Fábio Aleixo Do UOL, em São Paulo.

Ela foi selecionada para a disputa da espada por equipes e individual, pois é a segunda melhor brasileira no ranking mundial.
Ela foi selecionada para a disputa da espada por equipes e individual, pois é a segunda melhor brasileira no ranking mundial.

Emese Takacks, de 38 anos, terá de batalhar na Justiça se quiser representar o Brasil nas competições de esgrima nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, em agosto. Isso porque a húngara teve a sua naturalização suspensa em ação movida na 5ª Vara Federal de Curitiba. Caso não consiga reverter este cenário até 1º de julho, data final da inscrição de atletas, estará fora da Olimpíada. Ela foi selecionada para a disputa da espada por equipes e individual, pois é a segunda melhor brasileira no ranking mundial.

Em seu despacho datado do dia 11 de maio, a juíza Anna Karina Stipp cita o termo fraude e questiona o tempo legal de permanência no país, o domínio do idioma português e até a legitimidade de seu casamento com o brasileiro Rafael de França Barreto (em 16 de maio de 2013), ponto que foi fundamental para a obtenção do passaporte brasileiro, que encontra-se por ora cancelado. O documento foi emitido após a naturalização, em 14 de abril de 2015.

“Se há fixação espacial de Emese Takács em determinado lugar, presume-se que é em Budapeste, na Hungria, conforme dezenas de fotografias lançadas no Facebook, com marcação de seu nome (juntamente com o húngaro Attila Szábo), datadas de 12 de junho de 2012 em diante, e anexadas no ev1, ata 10 – o que, por conseguinte, permite questionar em que condições foi celebrado seu casamento com Rafael de França Barreto, em 16/05/2013 (ev2, certcas3)”, diz trecho da sentença.

“Mesmo que se some o período no qual Emese Takács possuía visto de turista (permanência por apenas 90 dias) e visto permanente de 2 anos, verifica-se que, de 05/05/2011 até 13/05/2014 (3 anos e 8 dias), permaneceu no Brasil por aproximadamente 144 dias (equivalente a menos de 5 meses). Tal não preenche o requisito objetivo do domicílio, que é a fixação espacial permanente de Emese Takács no território nacional”, diz outra parte da sentença.

Emese foi notificada nesta sexta-feira e tem 20 dias para entrar com recurso, que também poderá ser impetrado pela Advocacia Geral da União (AGU), que é ré no processo movido por Giocondo Cabral. Ele foi chefe da equipe brasileira de esgrima por quase 40 anos e é treinador de Amanda Simeão, atleta que também faz parte da equipe de espada, como reserva, e herdará a vaga da húngara caso não haja reviravolta.

“Caracterizada a urgência a justificar a concessão da liminar, não se podendo admitir a participação da requerida, como atleta representante do Brasil, havendo suspeita de fraude na obtenção de sua naturalização”, explica a juíza ao deferir a sentença.

“A Amanda está se dedicando há oito anos e aí vem uma moça aqui, se naturaliza em situações estanhas e fica com a vaga? A Justiça está aí para ser cumprida. Ela obteve esta naturalização só para tirar benefícios e se classificar. Nem no Brasil, ela mora. Aí depois da Olimpíada, vai dizer ‘tchau, queridos'”, afirmou Cabral ao UOL Esporte.

Reprodução/Facebook
Amanda Simeão (primeira da esquerda) com companheiras de equipe no Pan de Torontoimagem: Reprodução/Facebook

Amanda segue a linha de raciocínio de seu treinador. Foi ela inclusive quem investigou a vida de Emese e levantou documentos e arquivos anexados ao processo, como prints de postagens no Facebook no qual Emese aparece em diversas fotos ao lado de um húngaro chamado Attila Szabó. Em uma dela, inclusive celebram “dois anos”, sem especificarem se é um relacionamento.

“É algo que interessa diretamente a mim e quis saber a verdade. Eu e minhas amigas começamos a investigar pois tínhamos suspeitas de que o casamento dela com o Rafael não era tão sério assim. Inclusive uma vez, ela mesmo nos disse que não estava mais casada. Nunca vimos os dois juntos”, disse Amanda.

“Ela (Emese) nunca foi parte integrante da nossa equipe, nunca procurou se relacionar muito. Recentemente fomos competir em Buenos Aires e ela ficou lá dando dicas para a equipe da Hungria, que seria nossa adversária. Isso sem contar que nunca falou em português conosco. Tivemos até de alterar o nosso grito de guerra para ela pode fazer, pois não consegue nem decorar as palavras em português”, completou Amanda.

“Não tenho medo de lutar pelo que é certo”, disse a esgrimista que disputou os Jogos Pan-Americanos de 2015.

Procurado pela reportagem, o técnico de Emese, Evandro Oliveira, disse que ficou chateado com a decisão e agora vai esperar o andamento do caso.

“As fofocas de bastidores que isso poderia acontecer já corriam. Em menos de um ano, ela saiu de zero pontos no ranking para ser a segunda melhor do Brasil e estar na Olimpíada. Este era meu trabalho com ela, o que me comprometi a fazer. Vou apoiá-la até o fim”, disse.

Evandro afirmou ainda que Emese não ira se pronunciar até o encerramento do caso e que ela já acertou a contratação de um advogado para tentar reverter a decisão da Justiça de Curitiba. No momento, ela encontra-se na Hungria.

Rafael Barreto foi localizado pela reportagem, mas não quis se manifestar e pediu para “não ser mais incomodado”.

A Confederação Brasileira de Esgrima informou por meio de sua assessoria de imprensa que Emese ainda faz parte da equipe brasileira e aguardará como ficará a sua situação com a Justiça até o dia 1º de julho.

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