Artilheiro da Série D é amigo de herói da Euro, tem apelido de CR7 e média de 1,4 gol por jogo
4 min readLuís Araújo e Vladimir Bianchini, do ESPN.com.br
Manoel Cristiano Ribeiro Lemes. Esse é o nome do jogador que mais balança as redes no país atualmente. Em sete partidas que disputou com o Altos-PI na Série D, o atacante de 27 anos já anotou dez gols. A média de 1,42 por partida é maior do que a dos artilheiros das outras divisões do Campeonato Brasileiro.
Dentro de campo, ele é conhecido apenas pelo primeiro nome, contrariando um pedido familiar. “Meu pai queria que eu usasse Manoel Cristiano porque dizia que é muito difícil um Manoel virar grande jogador”, conta o atacante, aos risos, ao ESPN.com.br.
A boa fase como artilheiro e o segundo nome acabaram rendendo comparações bem-humoradas por parte dos companheiros.
“A galera do time adora brincar e me chama de CR7. Dizem que na aparência eu lembro um pouco. No jogo contra o Juazeirense, eles pegaram muito no meu pé. Até queria jogar com a camisa 7, mas como já tinha dono eu fiquei com a 9”, conta Manoel, referindo-se à partida na qual o Altos venceu por 4 a 0 e ele marcou dois gols.
O faro apurado para balançar as redes não é algo que apareceu agora na carreira dele. Durante a passagem que teve por Portugal antes de retornar ao Brasil, defendeu o Penafiel e foi vice-artilheiro da segunda divisão do país na temporada 2011/12, com 14 gols ao longo das 28 partidas que disputou.
AMIGO DE ÉDER, HERÓI DA EURO
Apesar das brincadeiras referentes a Cristiano Ronaldo, foi com um outro membro da seleção portuguesa campeã da Euro deste ano que Manoel acabou desenvolvendo uma ligação: o atacante Éder, autor do gol da vitória sobre a França na prorrogação da decisão. Os dois atuaram juntos no Braga, que contratou o brasileiro justamente após o bom desempenho na segunda divisão pelo Penafiel.
“Ele me ajudou demais no Braga, morávamos no mesmo prédio e íamos para o treino juntos”, lembra Manoel. “Mandei mensagem para ele dando os parabéns. Torci demais porque ele estava sendo muito criticado, mas as coisas deram certo. Foi inesquecível para ele e para todos os portugueses”, diz ele, referindo-se ao gol heróico de Éder na final da Euro.
Durante o tempo que passou no Braga, o hoje artilheiro da Série D também se aproximou de outros três brasileiros: o meia Márcio Mossoró, o atacante Lima e o zagueiro Aderlan. Mas é de Éder que ele se recorda de uma história curiosa fora dos gramados.
“Ele dirigia um carro automático e um dia precisou pegar um manual. Fomos ao treino e na entrada do estádio tinha que parar e ele deixou o carro morrer duas vezes. Zoamos demais com ele, não estava acostumado”, conta.
QUASE LARGOU A CARREIRA
Ao todo, Manoel passou quatro anos em Portugal antes de retornar ao Brasil. “Tinha uma proposta da Rússia, mas não deu certo, aí me chamaram para vir para o Altos e eu acreditei no projeto. Graças a Deus as coisas estão dando muito certo para mim, e o trabalho está cada vez melhor”, afirma o atacante.
Mas antes disso tudo acontecer, muitos obstáculos apareceram para dificultar bastante a caminhada dele no futebol. Depois de atuar pelas categorias de base do Goiás, ele foi para Santa Catarina e, aos 17 anos, foi para a Romênia.
Lá, Manoel defendeu o Gloria Buzau, teve uma passagem que entende não ter sido boa e viveu o que considera o período de maiores dificuldades.
“Foi por causa da língua e da adaptação”, explica. “Fiquei um ano lá sozinho sem entender nada e a comida era diferente. Ficava muito tempo parado e pensei em desistir. Graças a Deus não me deixaram fazer essa besteira. Agora estou colhendo os frutos da fase boa. Pretendo continuar assim.”
Manoel deixou a Romênia, voltou ao Brasil e ficou praticamente um ano sem jogar. Quando a esperança estava acabando, surgiu a oportunidade de atuar na segunda divisão do Campeonato Goiano pelo Grêmio Anápolis.
As coisas começaram a se acertar a partir daí para ele, que depois foi para Portugal e hoje busca usar essa boa fase individual no Altos para levar a equipe ao acesso no fim do ano.
“Montamos um time para conseguir vaga na Série C”, declara Manoel. “Somos pessoas humildes que queremos subir na vida, o pessoal do clube é serio e trabalha muito. Se Deus quiser, vamos conseguir o acesso.”