Rival do Corinthians hoje, ‘Toni Kroos do Nordeste’ só virou jogador por causa de mãe marqueteira.
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Vladimir Bianchini, do ESPN.com.br

Dizem que para todas as mães os filhos são os mais bonitos e os melhores em tudo que fazem. Para dona Ana Lúcia não é diferente. Sua crença de que o “pimpolho” Willian Farias era um craque foi decisiva para que o volante do Vitória virasse jogador profissional.
Depois de dois anos na base do Coritiba, ele foi mandado embora, mas permaneceu com registro preso ao clube na Federação Paranaense de Futebol e não conseguia defender outra equipe.
“Minha mãe foi até o clube pegar a liberação, mas não conseguiu. Toda vez que eu ia fazer um teste e passava não conseguia jogar por causa desse registro. Então, ela falava para os caras assim: ‘Vai lá no Coritiba, quem sabe vocês conseguem’. Sem querer, ela acabou fazendo um belo marketing”, contou, aos risos, o jogador aoESPN.com.br.
Várias equipes amadoras chegavam na porta da diretoria coxa-branca sem sucesso, mas a grande procura fez o time repensar na atitude tomada.
“Eles devem ter pensado: ‘O que esse moleque tem que todo mundo quer ele? ‘ Por causa disso, eles resolveram me dar uma nova oportunidade e fiz uma nova avaliação. Fui aprovado e cheguei até o profissional. Foi a atitude da minha mãe que salvou a minha carreira (risos)”.

Em 2007, Willian subiu para os profissionais, mas até 2010 ele alternava períodos no time de cima e na base.
Sua grande chance viria na conquista do Campeonato Paranaense e da Série B de 2010.
O volante chegou até a decisão da Copa do Brasil de 2011, mas acabou derrotado pelo Vasco.
“Eu fui eleito o melhor jogador da final e fiz até um gol. Que eu saiba, era para eu ter ganhado um carro do patrocinador da competição, mas eu nunca ganhei. Não sei o motivo até hoje”, reclamou.
Enquanto defendeu o Coritiba, ele venceu quatro vezes do Campeonato Paranaense e terminou com dois vice-campeonatos da Copa do Brasil, 2011 e 2012.
“Colocamos o Coxa em outro patamar no futebol. Levamos até duas finais da Copa do Brasil, subimos para a Série A do Brasileiro. A volta do Alex foi sensacional para gente. Ídolo não só da torcida, mas internacional”.

CAMPEÃO BRASILEIRO E TONI KROOS
No começo de 2014, ele foi indicado por Marcelo Oliveira, seu ex-comandante no time paranaense, ao Cruzeiro.
“Ele me ajudou demais. Lá, eu vi que ele era um líder de grupo porque sabia administrar um vestiário que tinha várias estrelas como Dagoberto, Dedé, Borges e Julio Baptista. Ser campeão brasileiro foi um marco na minha carreira”.

Uma lesão no púbis na Libertadores, porém atrapalhou a sequência do volante no ano seguinte. Ele passou por uma cirurgia e só voltou seis meses depois, voltando no final do Nacional. Com a perda de espaço, ele foi emprestado ao Vitória.
“Consegui ser o jogador que mais atuou neste ano pelo clube. Foi uma boa volta por cima, vencemos o Campeonato Baiano. Eu fui bem recebido por todos aqui. A torcida ficou meio em dúvida ao meu respeito. Mas eu sabia que tinha condições”.
O volante ganhou seu espaço e virou capitão da equipe. Além disso, virou aos poucos um dos xodós dos torcedores, a ponto receber um curioso apelido.
“Sou chamado de Toni Kroos do Nordeste (risos). Aqui, a brincadeira é demais, dão apelido para todo mundo. Nunca vou reclamar do nome de um craque do Real Madrid. É bacana a comparação mesmo sabendo que não tem nada a ver (risos)”.

“Sou um jogador de raça e até fiz gol na última rodada. Estou muito feliz aqui. Espero que a gente possa sair de perto da zona de rebaixamento o quanto antes”.
O próximo desafio de Willian será no confronto do Vitória contra o Corinthians na Arena de Itaquera, nesta segunda-feira, às 20h.