Justiça derruba presidente, e interventor assumirá a Confederação Brasileira de Taekwondo
3 min readMarcelo Gomes, para o ESPN.com.br
Desde 2011, o programa “Histórias do Esporte”, dos canais ESPN, vem apresentando uma série de denúncias feitas pelo Mestre Marcelino Barros, presidente da Federação Mineira e ex-vice presidente da CBTKD.
Entre as acusações, estão suspeitas de superfaturamento nas compras de coletes eletrônicos, computadores e câmeras de vídeo, além de suspeitas de fraudes em auditorias e licitações envolvendo contratos com o Ministério do Esporte.
Afastado mesmo?
Pense em um político influente que foi afastado de um cargo importantíssimo, mas que continuou mandando prender e soltar nos bastidores da capital federal. É… Qualquer semelhança com a figura que lhe veio à cabeça não é mera coincidência.
No caso do presidente afastado da CBTKD, existe a informação de que ele continua atuando como dirigente da entidade nos bastidores O exemplo aconteceu no meio do mês de setembro, quando Carlos Fernandes apareceu no Campeonato Brasileiro da modalidade realizado na capital paraibana, João Pessoa.
Por lá, desfilou entre atletas, técnicos, dirigentes e público com o terno estampado com o distintivo da confederação. A ousadia do dirigente afastado judicialmente do cargo não parou nesse episódio. Hospedado no hotel Verde Green, em João Pessoa, Fernandes convocou uma reunião com todos os presidentes de federações que o elegeram e que continuam “fechados” com ele.
Segundo apurado pela reportagem, mesmo afastado, Carlos Fernandes tem o apoio de 24 das 27 federações espalhadas pelo Brasil. Na reunião, o ex-presidente da entidade pediu para que os presidentes de federações não o abandonem, como fez o COB.
E o amigo Nuzman?
Para os amigos mais próximos, como alguns presidentes de confederações, Carlos Fernandes afirma estar decepcionado com o presidente do COB (Comitê Olímpico Brasileiro), Carlos Arthur Nuzman, e com toda a diretoria da entidade, que o teria abandonado depois que ele foi afastado da gestão da CBTKD.
A atitude é, no mínimo, suspeita já que o próprio COB, em trocas de e-mails, orientava como a Confederação Brasileira de Taekwondo deveria agir quanto às prestações de contas, suspeitas levantadas por Marcelino Barros, o advogado Márcio Albuquerque, e exibidas em nossa reportagem.
Não foi por falta de aviso
Faz, aproximadamente, cinco anos que Mestre Marcelino Barros teve a coragem de apresentar as denúncias aos canais ESPN. Denúncias essas que foram divulgadas na TV e no site ESPN.com.br e que foram apresentadas por nossa reportagem ao ex-secretário nacional de alto rendimento do Ministério do Esporte, Ricardo Leyser.
As providências só foram tomadas quando as informações chegaram ao Ministério Público e à Polícia Federal. Para quem lutou, praticamente sozinho, contra os desmandos do taekwondo brasileiro, como Diogo Silva, o afastamento de Carlos Fernandes pode ser um belo motivo para voltarmos a sonhar com novos tempos.
“O afastamento de Carlos Fernandes da confederação não é bom só para mim como também para o taekwondo em geral. Muitos atletas deixaram de competir por causa desse tipo de gestão autoritária e amadora. Se isso tivesse acontecido antes, com certeza teríamos conquistado muitas medalhas para o Brasil. Espero que o próximo presidente não seja do grupo que apoiou a vida toda o Carlos. Aliás, acredito que o presidente ideal para transformar o nosso esporte deveria ser um profissional que não tem nada a ver com o taekwondo e sim um gestor respeitado no mercado empresarial”, concluiu Diogo.
De acordo com apuração da reportagem, a Federação Mineira de Taekwondo irá indicar dois nomes para ocupar o cargo de interventor. Uma decisão deve acontecer nos próximos dias.