Argentino explica ida do Palmeiras ao Bahia: ‘Prefiro ir para um time que vai precisar de mim’.
6 min readVladimir Bianchini, do ESPN.com.br
Contratado por empréstimo no começo deste ano, Allione chegou ao Bahia em busca de regularidade. Após duas temporadas e meia no Palmeiras, no qual venceu a Copa do Brasil de 2015 e o Campeonato Brasileiro de 2016, o argentino queria um novo desafio para carreira.
“Quero pegar confiança e acho que no Bahia irei conseguir isso. Meus companheiros me receberam da melhor forma e estou feliz. Sempre trabalhei ao máximo e mereço um ano bom e de conquistas”, disse o jogador de 22 anos, ao ESPN.com.br.
Como a equipe paulista investiu pesado em reforços para a Copa Libertadores da América, o meia acredita que teria poucas oportunidades com o treinador Eduardo Baptista.
“Eu saí porque precisava de uma sequência maior de jogos e estar tranquilo comigo mesmo. Todos sabem que o Palmeiras montou um elenco de muita qualidade e para mim, que era reserva, seria muito difícil ganhar uma posição”, admitiu.
“Às vezes as coisas deram certo no Palmeiras e em outras não. Espero que no Bahia seja um ano bom para mim. Diferente de lá, que tive mais altos e baixos, quero ter uma sequência boa e manter um nível bem alto. Preciso me firmar mais no time, coisa que não consegui no Palmeiras”, analisou.
Allione chegou a ter sondagens de várias equipes e uma proposta oficial do Sport, mas optou pelo time de Salvador.
“Vim para o Bahia porque foi o clube que me procurou com mais vontade. Eles disseram que me queriam. Eu decidi que queria o Bahia porque o Sport estava envolvido com uma troca com o lateral [Samuel] Xavier. Prefiro ir para um time que veio me buscar e que vai precisar de mim. Estou feliz pela decisão que tomei”, garantiu.
Com quatro jogos e um gol marcado na goleada por 6 a 1 sobre o Bahia de Feira, o argentino espera conquistar os torcedores tricolores.
“O calor é forte, mas me adaptei rápido porque gosto do clima (risos). Aqui tem praia, as pessoas são muito boas e estamos muito felizes aqui”, comemorou.
“Minha cabeça está toda por aqui. Não penso no que irá acontecer depois do fim do empréstimo. Quero atingir meu melhor nível. Só depois irei pensar no futuro”.
Após ficar três semanas vetado pelo departamento médico por causa de um estiramento no quadril, ele foi titular na goleada do Bahia por 4 a 0 sobre Moto Club-MA, no último domingo, pela Copa do Brasil.
Mais um argentino no Palmeiras; confira gols e lances do meia Agustín Allione
Agustín Lionel Allione começou a jogar futebol com apenas quatro anos de idade no Club Atlético Independiente de Amenabar, que fica em sua cidade natal.
“Um dia vi em um campo que tinham alguns garotos treinando e falei par o meu pai que queria ir também. Enchi tanto o saco que ele me levou (risos). Eram todos maiores que eu. Mesmo assim, o treinador falou: ‘Deixa ele treinando aqui’. Joguei por três anos lá”.
Após o time encerrar suas atividades, o garoto passou por clubes da região – chegou a ser treinado pelo próprio pai – até chegar às categorias de base do Vélez Sarsfield, aos 14 anos.
Na equipe, ele atuou ao lado de Lucas Romero, seu amigo até hoje, que atua no Cruzeiro. As maiores alegrias de Allione no período foram as convocação para a seleção argentina sub-17 e sub-20 na disputa do Sul-Americano e Mundial.
“Foi muito especial jogar na seleção. Falei para minha mãe quando fui ao Vélez: ‘Imagina quando eu jogar pela seleção?’ Brincava com ela. Um dia deu certo e foi uma alegria muito grande e um orgulho enorme. Meu pensamento é em algum momento voltar à seleção e ter uma chance na principal. Para isso, preciso trabalhar muito e fazer um grande ano para abrir as portas da seleção”.
Fã declarado de seu ex-companheiro Augusto Fernández, que atua hoje pelo Atlético de Madri, Allione foi promovido ao time profissional do Vélez com apenas 17 anos.
“Eu sempre olhava a forma como ele jogava e gostava muito. Ainda jogamos seis meses juntos antes de ele sair. Me inspiro muito nele. É um cara que falava muito comigo e me ajudava com qualquer dúvida que tinha”.
Sob o comando do treinador Ricardo Gareca, ele venceu o Torneo Apertura, o Campeonato Argentino, além de uma Supercopa da Argentina.
“Nas últimas rodadas eu saí do banco e precisávamos ganhar um jogo importante. Estava 0 a 0 e entrei no segundo tempo. Dei um passe para o Pratto e ganhamos. Essa partida foi fundamental para o título”.
Além do centroavante Lucas Pratto, atualmente no São Paulo, o meia atuou com vários jogadores que passaram depois pelo futebol brasileiro como Tobio, Cabral, Copete e Canteros.
Com a vinda de Gareca ao Palmeiras, Allione chegou ao time alviverde junto com os argentinos Mouche, Tobio e Cristaldo, em 2014.
“Eu sabia a história do Palmeiras, um dos maiores times do Brasil. Seria muito bom jogar no futebol brasileiro, um dos mais competitivos e bonitos do mundo. Falei com meu pai e o meu empresário e achamos um bom momento para sair do Vélez. Foi a melhor opção”.
“Também pesou muito o fato do treinador ser o Gareca, que tinha me colocado no time profissional e sabia que me ajudaria muito. Depois, ele não teve o tempo que qualquer treinador merece, ainda mais um estrangeiro”.
Após comandar o Palmeiras em apenas 13 partidas, o treinador argentino acabou demitido. Para seu lugar chegou Dorival Júnior, que brigou até a última rodada do Brasileiro contra o rebaixamento para Série B.
“Tínhamos vários companheiros que falavam espanhol. Isso facilitou muita adaptação. Depois, não sei se foi porque tinha só 19 anos quando cheguei e foi mais difícil. Ou às vezes as coisas não dão certo. Alguns jogos ia bem, outros não. Teve muita mudança de treinador. Não sei se é desculpa ou não, mas às vezes tem que pensar que não é fácil para um jogador estrangeiro”.
Com a saída de Dorival no final da temporada e a vinda de Oswaldo de Oliveira no começo de 2015, Allione vivia bom momento, mas foi atrapalhado por uma lesão.
“Machuquei o joelho direito e fiquei cinco meses fora quando estava jogando bem e sendo titular. Voltei, comecei a correr atrás de novo, mas não foi fácil”.
Mesmo assim, ele participou de cinco jogos na campanha que terminou com a conquista da Copa do Brasil. “Foi um título bem marcante porque me senti muito útil ao time e ajudei a decidir jogos nas fases finais da competição”.
Em 2016, Allione recebeu várias oportunidades com a chegada do técnico Cuca, sendo titular em partidas do Campeonato Paulista e da Copa Libertadores da América. Uma artroscopia no joelho, porém, interrompeu seu melhor momento com a camisa alviverde.
“No outro ano aconteceu a mesma coisa, infelizmente me machuquei. Quando voltei, o time já estava entrosado e jogando bem. Não tive o mesmo espaço de antes. Fiquei no banco, às vezes entrava, em outras não”.
“A última vez que joguei como titular foi contra o Grêmio na Copa do Brasil. E aí, fui expulso e deu todo aquele problema”.
O Palmeiras empatou por 1 a 1 no Allianz Parque e acabou eliminado da competição de mata-mata, mas conquistou o Campeonato Brasileiro.
Após fazer 71 jogos, com sete gols e nove assistências, Allione assinou contrato de empréstimo com o Bahia até o fim de 2017.