Quando nasceu, sua mãe ouviu que ele iriar morrer, e aos 15, ficou 5 dias em coma; agora ele é astro do ciclismo. Entenda o fato !
4 min readDo Zigzagdoesporte.com.br por ESPN.com.br
BRYN LENNON/GETTY IMAGES SPORT
A duas etapas do fim do Giro d’Itália, Nairo Quintana assumiu a maglia rosa, liderando a prova com 38 segundos de vantagem para o holandês Tom Dumoulin e há 43 segundos do italiano Vincenzo Nibali.
Na etapa de montanha deste sábado, com transmissão da ESPN e do WatchESPN a partir das 9h30 (de Brasília), o colombiano sabe que, se quiser sonhar com o segundo título da tradicional prova, terá que que ampliar a vantagem sobre o rival, já que o contra-relógio da última etapa é a especialidade de Dumoulin.
Mas ninguém pode duvidar de Quintana, nascido na pequena Cómbita, município de Boyacá, na Colômbia, filho de pais trabalhadores rurais e que, devido aos inúmeros problemas de saúde quando criança, chegou a ser desacreditado por muita gente.
Pouco tempo após seu nascimento, Nairo sofria de uma constante disenteria e febres altas. Seus pais, Luis e Eloisa, procuravam todos os médicos da região em busca de uma solução, mas a medicina tradicional não conseguia encontrar uma forma de curar o garoto. “Alguns deles disseram à minha família que eu iria morrer”, contou Quintana em uma entrevista à Cycling Weekly.
“Um dia minha mãe estava andando por uma rua comigo e uma mulher se aproximou dela e disse: ‘Eu conheço o problema do seu filho'”, disse.
Tratava-se de um caso de “tentado de defunto”. Segundo a crença local, quando uma pessoa tem contato com alguém falecido, fica exposta à algumas enfermidades. A mãe de Nairo teria sido tocada na barriga por um homem que havia preparado o corpo de uma mulher e enterrado-a na vizinhança.
Crendice ou não, o fato é que a receita de chás de algumas ervas específicas acabou dando resultado e Nairo ficou bom. Mas não por muito tempo.
“Eu herdei problemas respiratórios de meus avós e do meu pai. Eu tinha uma tosse muito desconfortável, que provocou esse problema. Vinha sangue na minha boca e eu engasgava o tempo todo”, contou, lembrando das dificuldades aos 10 anos.
Após mais uma corrida atrás de médicos, foi novamente a medicina natural que deu resultado, com um “bobó de frango” aprontado pela mãe como o responsável pela melhora.
O ciclismo entrou na vida de Nairo por necessidade. A bicicleta era usada para a venda de frutas e verduras produzidas pelos pais, e também como forma de ir para a escola, já que não havia dinheiro suficiente para pagar o ônibus escolar. Aos 10 anos, eram 16 quilômetros de subidas e descidas diariamente, moldando o futuro campeão.
Mas Quintana ainda voltaria a desafiar a medicina antes de conseguir ter sucesso. “Um táxi me atropelou quando eu tinha 15 anos. Fiquei no hospital em coma por cinco dias. Tive muita sorte de sobreviver”, lembrou.
- Para chegar onde chegou
“Pensar no passado me ajuda a perceber o quão duro todos trabalharam em casa para eu poder ser quem eu sou”, disse.
A família humilde não tinha dinheiro para fazer caprichos, mas o pai percebeu o potencial do filho e resolveu investir. Em uma loja de bicicletas em Tunja, gastou 300 mil pesos colombianos (que hoje seria algo em torno de R$ 330) para comprar uma bicicleta de corrida, além de colocá-lo no clube de ciclismo da cidade, o Deportivo Ediciones Mar de Tunja.
Sem dinheiro para pagar as inscrições nas provas, Luis convencia os organizadores de que pagaria depois, já que apostava que o filho receberia premiação por chegar entre os primeiros e, desta forma, conseguiria o dinheiro.
Aos 16 anos, Nairo se dividia entre os estudos, os treinos e também o trabalho, já que dirigia o táxi de seu irmão mais velho, Willington Alfredo, no período da noite, como forma de aumentar o orçamento da casa.
O pai, que havia sofrido um acidente quando Nairo tinha apenas oito anos e passara por diversas cirurgias desde então, chegou até a brigar com professores após tirar o filho da escola por uma semana para competir na Venezuela.
Todo o sacrifício foi recompensado anos depois. Aos 19, Nairo Quintana recebeu o primeiro salário como ciclista profissional, e gastou o dinheiro comprando uma máquina de lavar roupas para a mãe, para que ela não precisasse mais lavar tudo a mão.