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Carlos fiúza de Salvador para o Zigzagdoesporte.com.br por espn.com.br
Miocic derrota Ngannou, defende cinturão pela terceira vez e faz história no UFC.
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Stipe Miocic entrou para a história na noite deste sábado. Enfrentando Francis Ngannou na luta principal do UFC 220 disputado em Boston (EUA), o americano tinha a missão de defender pela terceira vez o cinturão dos pesos-pesados.
Desde o início pôde-se perceber que cada um tinha uma estratégia diferente para a luta. O camaronês resolveu partir com tudo e apostar na trocação, mas Miocic não comprou a ideia e apostou em um confronto mais estudado.
O principal do primeiro round ficou para os segundos finais, e Miocic levou a melhor por conseguir uma última queda.
O alto ritmo prejudicou o round seguinte, e ambos pareciam se precaver. Ainda assim, o campeão levava a vantagem já que seu rival aparentava um maior desgaste.
Isso não impediu para que Ngannou acertasse um soco de direita e um uppercut, enquanto o americano aplicou um double leg e tentou – sem sucesso – um mata-leão definitivo.
No último e decisivo round, Miocic deu o golpe final. Conseguiu segurar Ngannou – e mais – quase ganhou por nocaute após uma guilhotina. Com o cansaço evidente, o camaronês não investiu mais e deixou o caminho aberto para que o centurão permanecesse nas mãos de seu rival.
Outros resultados do UFC 220:
Rob Font x Thomas Almeida – Font, no segundo round
Gian Villante x Francimar Bodão – Villante, decisão dividida dos juízes
Calvin Kattar x Shane Burgos – Kattar, no terceiro round
Daniel Cormier x Volkan Oezdemir – Comier, no segundo round.
Conheça o camaronês que já morou na rua e disputou o cinturão no UFC 220.
O UFC 220, realizado neste sábado, terá como evento principal a disputa do cinturão da categoria pesada da organização, colocando frente a frente Stipe Miocic (Campeão) e Francis Ngannou (desafiante).
Normalmente, em um duelo pelo título, o campeão é aquele que atrai os maiores holofotes para a luta. Porém, neste caso, o contender roubou o protagonismo do confronto, principalmente, por já ter vencido batalhas mais difíceis em sua vida.
Nascido no vilarejo de Batié, em Camarões, Ngannou percorreu uma trajetória e conviveu com uma realidade bem longe da fama que convive hoje. Quando criança, ele viveu em uma situação de muita pobreza e foi obrigado a começar a trabalhar em minas de areia, ainda aos 12 anos de idade.
Durante seu desenvolvimento, Ngannou buscava sobreviver como podia e procurava não se envolver com as gangues que existiam no local. Em meio a isso, o jovem camaronês, fã de Mike Tyson, tinha o sonho de um dia se tornar um boxeador.
Aos 22 anos, mesmo com as opiniões contrárias de sua família, ele então começou a praticar boxe. Quatro anos depois, já com 26, Ngannou tomou a decisão que mudaria sua vida e optou por deixar o seu país natal.
“Se fosse fácil para mim, eu teria ficado em Camarões”, disse o lutador. “Eu gosto de estar perto da minha família. Mas um dia, senti que não tinha escolha. Deixei tudo dos meus 26 anos de vida para trás, fechei a porta e fui para um lugar que eu não fazia ideia de como era”, contou o atleta.
O destino escolhido foi Paris. Por lá, a vida de Ngannou continuou bem complicada. Sem amigos e nenhum plano na cabeça, o recém-chegado precisou viver nas ruas da capital francesa por algum tempo.
“Estar na rua em Paris, não foi assustador”, disse ele. “Eu abracei essa situação porque eu já estive em uma posição pior do que essa. Estar nas ruas em Paris era mais confortável do que quase todas as situações em que eu vivi na minha vida “, relatou Ngannou.
Mesmo diante das dificuldades, o lutador encontraria em sua nova casa um grande passo para o seu maior sonho. Em agosto de 2013, Ngannou conheceu Fernand Lopez, que o deixou treinar artes marciais de graça. Inicialmente, a ideia do camaronês era se limitar ao boxe, mas Lopez o convenceu a migrar para o MMA.
Ngannou então se encontrou no esporte e, nos quatro anos seguintes, de forma meteórica, o lutador derrubou um adversário atrás do outro para ganhar a chance de enfrentar Stipe Miocic na disputa do cinturão dos pesados do UFC, neste sábado.
Para esta luta, como para todas as outras que já enfrentou em sua vida, o camaronês carrega um lema, uma espécie de plano para chegar a vitória: “A vida me bateu muitas vezes, e eu quero me vingar”.
O confronto deste fim de semana ocorrerá nos Estados Unidos, mais precisamente no TD Garden, casa do Boston Celtics. Ngannou, que fala inglês e francês, relatou que se sentiu ofendido com as declarações do presidente norte-americano Donald Trump, que usou termos profanos para se referi a países africanos na última semana.
A família de Ngannou, por exemplo, ainda vive em Camarões e ele gostaria que seus familiares, mãe e irmão, pudessem comparecer à sua luta.
“Todas as pessoas que ele se referiu são pessoas como eu, como nós. É difícil aceitar uma coisa assim. Eu tenho o objetivo de conseguir levantar meus país e é difícil ver alguém querer quebrar este sonho”, contou o lutador.
A família de Ngannou, por exemplo, ainda vive em Camarões e ele gostaria que seus familiares, mãe e irmão, pudessem comparecer à sua luta.
“Esse cara é uma pena para a América. A América foi construída a partir da imigração. A América é o país que o mundo, os países pobres observam. Lá, não esperamos que os Estados Unidos lhes nos dê alguma coisa, mas apenas para os vemos como um exemplo e para construirmos nosso próprio país e obtermos uma situação melhor “, finalizou o artista marcial.