Brasil conquista quatro ouros e sobe para 4ª posição no Mundial de natação paralímpica de Manchester. VEJA TUDO QUE PRECISA SABER DO MUNDIAL PARA OLÍMPICO 2023. ATUALIZE-SE!
6 min readPor Carlos Fiúza de Salvador para o Zigzagdoesporte.com.br
O Brasil subiu seis vezes ao pódio nesta quarta-feira, 2, no Mundial de natação paralímpica de Manchester, Inglaterra. Foram quatro ouros, uma prata e um bronze, números que colocaram o país na quarta posição do quadro de medalhas.
O Mundial começou na segunda-feira, 31, e reúne 538 atletas de 67 países até o domingo, 6, no Manchester Aquatics Centre. O Brasil é representado por 29 nadadores de 10 estados (CE, MG, PA, PE, PR, RJ, RN, RS, SC e SP), sendo 15 mulheres e 14 homens, e tem 18 pódios em toda a competição (sete ouros, cinco pratas e seis bronzes). A liderança do quadro de medalhas é da Itália (13 ouros, três pratas e seis bronzes), seguida pela China (10 ouros, 11 pratas e seis bronzes) e pela Grã-Bretanha (oito ouros, quatro pratas e seis bronzes).
A pernambucana Carol Santiago foi campeã pela terceira vez em três dias no Reino Unido, agora, nos 50m livre da classe S12 (baixa visão). Nos 100m peito S14 (deficiência intelectual), a paranaense Débora Carneiro conquistou o ouro, assim como o mineiro Gabriel Araújo, nos 100m costas S2 (limitação físico-motora), e o paulista Samuel de Oliveira, nos 50m borboleta S5 (limitação físico-motora). As outras medalhas brasileiras foram de Beatriz Carneiro, gêmea de Débora, prata na mesma prova da irmã, e da mineira Patrícia Santos, bronze nos 150m medley SM4 (limitação físico-motora).
Campeã nos 100m costas e borboleta, Carol Santiago, que completa 38 anos nesta quarta-feira, estabeleceu o novo recorde mundial dos 50m livre da classe S12, com 26s65, nas eliminatórias. Na decisão, ela subiu ao lugar mais alto do pódio com o tempo de 26s71. A prata ficou com a ucraniana Anna Stetsenko (28s01) e o bronze, com a italiana Alessia Berra (28s38). Outra brasileira na decisão, Lucilene Sousa terminou a prova na quarta posição (28s56).
“Meu técnico [Leonardo Tomasello] diz que quando caímos na água é para nadar forte. A gente veio para fazer isso. Deu tudo certo. Tudo encaixou direitinho. Pela manhã [nas qualificatórias], foi a minha melhor prova. Foi meu presente de aniversário. Esse é o resultado do investimento do Comitê Paralímpico Brasileiro na natação, que nos possibilita ir a diversas competições internacionais e treinarmos estratégias”, avaliou a pernambucana, que nasceu com síndrome de Morning Glory, alteração congênita na retina que reduz seu campo de visão.
Juntas pela primeira vez em um Mundial, as gêmeas paranaenses Débora e Beatriz Carneiro fizeram uma dobradinha, com ouro e prata, respectivamente, nos 100m borboleta da classe S14 (deficiência intelectual). Débora, que já havia registrado recorde das Américas nas eliminatórias, voltou a quebrar a marca na final: 1min15s10. Beatriz cumpriu a distância em 1min15s72 e a australiana Paige Leonhardt, em 1min16s50.
“Eu chorei muito e vou continuar chorando. Vou chegar a Maringá [cidade natal] chorando. Foi uma alegria imensa. Esse foi meu primeiro ouro em Mundial. Tive que focar e prestar atenção para fazer o melhor tempo da minha vida”, afirmou Débora. “É uma emoção dividir o pódio com a minha irmã. Nós mentalizamos esse tempo de 1min15, escrevemos em nossos cadernos e conseguimos”, completou Beatriz.
A última medalha dourada do Brasil nesta noite em Manchester (tarde no Brasil) foi com outro recorde da competição e das Américas. O paulista Samuel de Oliveira, 17, caçula da delegação na Inglaterra, fez os 50m borboleta, sua prova favorita, em 31s21.
Para subir ao lugar mais alto do pódio, o brasileiro superou os chineses Jincheng Guo, prata (31s53), e Weiyi Yuan, bronze (31s58). Juntos, os asiáticos já conquistaram seis medalhas neste Mundial. “É uma sensação única. Estou muito feliz. O esforço tem valido a pena. É uma prova muito difícil, porque qualquer erro pode tirar a medalha. Confesso que não fiz um tempo que imaginava. Foi melhor do que estava planejando. Consegui, também, graças ao acompanhamento psicológico que tenho feito”, destacou Samuel, que é desarticulado dos dois braços, desde que foi submetido a amputação após levar uma descarga elétrica de 13 mil volts ao tentar tirar uma pipa de uma árvore com uma barra de ferro.
Antes, Gabriel Araújo havia sido o primeiro brasileiro a disputar uma final nesta quarta-feira e se sagrado campeão nos 100m costas, prova em que também subiu ao lugar mais alto do pódio na última edição do Mundial, na Ilha da Madeira, Portugal, e ficou com a prata nos Jogos Paralímpicos de Tóquio 2020. No Reino Unido, ele fez o tempo de 1min55s34, recorde das Américas e da competição. O pódio foi completado pelo chileno Alberto Abarza (2min06s42), que detinha a melhor marca do continente na prova, e pelo polonês Jacek Czech (2min07s04).
“É a prova mais difícil para mim. Mas a cada treino e competição, eu tenho aprendido mais. Era o único recorde das Américas que não era meu e cheguei com o objetivo de batê-lo. Agora, podem pesquisar recordes das Américas e todos, entre as provas que disputo, estarão com meu nome, Gabriel Araújo”, disse o mineiro, 21, que tem focomelia, doença congênita que impede a formação normal de braços e pernas. A antiga marca regional era 1min56s81 e foi estabelecida por Alberto Abarza em junho de 2018, na cidade de Berlim, Alemanha.
Patrícia Santos faturou a única medalha de bronze do Brasil no dia. Nos 150m medley SM4, a mineira completou a distância em 3min06s30. A sul-africana Kat Swanepoel ficou com o ouro (2min51s41) e a alemã Gina Boettcher foi prata (3min01s70). “Nunca vai ser fácil conquistar uma medalha. O caminho é esse. Estou trabalhando para controlar melhor minha mente durante as provas. Um pequeno descuido pode colocar tudo a perder”, sintetizou a atleta, que foi baleada no pescoço durante um assalto a uma casa lotérica onde trabalhava como caixa e ficou tetraplégica. A organização do evento chegou a anunciar a desclassificação de Kat Swanepoel e, por um momento, Patrícia foi considerada medalhista de prata. No entanto, a sul-africana contestou e continuou como a campeã da prova.
Outros brasileiros disputaram finais nesta quarta-feira e não subiram ao pódio. O mineiro João Pedro Brutos, nos 100m peito S14, encerrou a disputa na quarta posição (1min05s92). O carioca Douglas Matera, responsável por ganhar a 100ª medalha de ouro do país em Mundiais de natação, terminou os 50m livre S12 na quinta colocação (25s28). A paulista Esthefany Rodrigues (S5) fez os 50m borboleta em 46s66 e ficou em quinto lugar. A potiguar Cecília Araújo e o paulista Gabriel Cristiano ficaram em quarto nos 100m borboleta S8, com as marcas de 1min20s89 e 1min04s79, respectivamente. Assim como o revezamento misto 4x50m medley – 20 pontos, formado por Samuel de Oliveira, Laila Suzigan, Gabriel Melone e Lídia Cruz, que anotou o tempo de 2min42s60.
Confira as provas com brasileiros nesta quinta-feira, 3 (horários de Brasília):
100m peito SB12 – 5h12 – eliminatórias
Carol Santiago
100m livre S8 masculino – 5h29 – eliminatórias
Gabriel Cristiano
50m costas S3 – eliminatórias
Edênia Garcia (5h41)
Susana Schnarndorf (5h45)
Maiara Regina (5h45)
200m medley SM5 masculino – 6h04 – eliminatórias
Samuel de Oliveira
200m medley SM5 feminino – 6h11 – eliminatórias
Esthefany Rodrigues
100m livre S9 – eliminatórias
Mariana Gesteira (6h40)
Camille Rodrigues (6h43)
400m livre S6 masculino – 13h35 – final direta
Talisson Glock
400m livre S6 feminino – 13h43 – final direta
Laila Suzigan
100m livre S8 feminino – 14h28 – final direta
Cecília Araújo
50m costas S4 – 15h02 – final direta
Lídia Vieira
200m livre S2 – 15h31 – final direta
Bruno Becker e Gabriel Araújo
Revezamento misto 4x100m medley – 49 pontos – 16h41 – final direta
Revezamento misto 4x 100m livre – S14 – 16h49 – final direta