18/03/2025

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Finalista do TUF abriu mão de Bolsa Atleta e arrumou briga em casa para seguir passos de Lyoto.

4 min read

Por Thiago Cara e Igor Resende, do ESPN.com.br.

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Márcio 'Lyoto' Alexandre Jr. treina para a final do The Ultimate Fighter Brasil 3
Márcio ‘Lyoto’ Alexandre Jr. treina para a final do The Ultimate Fighter Brasil 3

Em uma família de lutadores, ver o filho chegar ao UFC é o sonho de todo pai, certo? Não é o caso da família de Márcio Alexandre Júnior, finalista da terceira edição do TUF Brasil e que luta no sábado, em São Paulo, contra Warlley Alves, por um contrato na maior organização de MMA da atualidade.

Márcio Alexandre, o pai, estará na torcida no Ginásio do Ibirapuera, mas não esconde de ninguém: no início, sofreu para aprovar a decisão do filho, que desde praticou caratê desde os cinco anos, mas preferiu trocar os ensinamentos do progenitor – mestre na arte marcial – para se arriscar no MMA.

A aposta foi de alto risco. No caratê, em Santa Catarina, Júnior ganhou status de atleta internacional, com títulos sul-americanos e mundiais. O lutador já recebia salário e ganhava a Bolsa Atleta, incentivo do Governo Federal, em seu segundo nível mais alto – abaixo só da verba para esportistas olímpicos.

Em outras palavras, Júnior protagonizava o verdadeiro sonho de um mestre de caratê para seu filho. Mas o destino reservava plano diferente para a família Alexandre. Após um combate, de caratê, nos Jogos Abertos de Santa Catarina, veio o primeiro indício. “Cara, tu dá para o MMA”, disse um olheiro.

O início e a ‘briga’ em casa

O pai não sabia, mas, na verdade, àquela altura, a semente do MMA já estava plantada na cabeça do filho. Atento aos grandes nomes do caratê, Márcio Júnior não perdia uma luta de Lyoto Machida, carateca que começava a se destacar no UFC enquanto o jovem catarinense passava à maioridade.

“Quando abri os olhos, ele já estava treinando MMA escondido. Era muito novo ainda…”, lembra Márcio Alexandre, admitindo à reportagem do ESPN.com.br que quis demover o filho da ideia de se aventurar num esporte estranho para a família. “Pai, é o que eu quero para a minha vida”, foi a resposta de Júnior.

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Warlley Alves e Márcio 'Lyoto' são os finalistas do TUF Brasil 3 entre os médios
Warlley Alves e Márcio ‘Lyoto’ são os finalistas do TUF Brasil 3 entre os médios

O pai ainda tentou argumentar. “Meu filho, tu ganha uma Bolsa Atleta de R$ 1.700, mais um patrocínio aqui e ali, o ‘paitrocínio’ é uma renda aí de quase R$ 3 mil, você não precisa disso”. Mas nada tirou o MMA da cabeça de Márcio Júnior, que acabou “adotado” por Thiago Tavares, lutador do UFC.

No MMA, o estilo de luta fez com que Márcio ganhasse o apelido de seu ídolo. “O Thiago Tavares viu que tínhamos semelhanças e falou: ‘Pô, cara, tu tem estilo parecido com o do Lyoto’. Na minha primeira luta ficou ‘Marcio Lyoto’ e assim vai ser, não tem mais como mudar”, explicou Márcio, o Lyoto.

O drama do filho confinado

Se a mudança do caratê para o MMA abalou Márcio Alexandre, não ter informações do filho enquanto ele esteve confinado na casa do The Ultimate Fighter foi igualmente difícil. Ainda mais ao saber, por boatos, que seu pupilo havia se machucado e corria risco de ser cortado do programa.

“Foi a pior parte. Chegavam coisas… ‘Oh, vai sair’, ‘Oh, machucou’… Sua cabeça vira um parafuso… Não tinha nada oficial, a gente não sabia, Acabou com um fim de semana nosso na praia no verão… ‘Tá saindo, machucou o pé, já tá indo outro no lugar’… Isso foi o mais complicado”, afirmou.

No programa, ao vencer Paulo Borrachinha nas quartas de final e avançar às semifinais, Lyoto lesionou o pé esquerdo e, de fato, ficou ameaçado de deixar o programa – como aconteceu com outros lutadores em edições passadas do programa. O catarinense, contudo, seguiu no show e avançou à decisão.

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No videogame, Márcio só comanda Lyoto Machida
No jogo de videogame, Márcio só comanda Lyoto Machida

Lyoto no estilo e no videogame

Na final do TUF, neste sábado, Lyoto terá pela frente Warlley Santos, que pinta como favorito após seu desempenho no reality show. O ex-carateca profissional, contudo, acredita que sua habilidade na arte marcial pode fazer a diferença no combate, fazendo a alegria de seu pai e lembrando o agora ‘xará’.

“Eu o vendo lutar, os golpes, realmente eram muito parecidos com que fazia no caratê. Quem motivou eu entrar no MMA foi Lyoto Machida e, lá na casa, tivemos a chance de conversar. Ele disse para treinarmos juntos. Para mim, foi um presente”, contou Márcio, que joga com Lyoto até no videogame.

Até aqui, a inspiração em Lyoto Machida tem dado certo, e Márcio estreia no octógono do UFC com cartel perfeito: 13 lutas e 13 vitórias na carreira. Em cada um desses combates, Márcio Alexandre, o pai, esteve no corner, apoiando o filho, como sempre fez no caratê. E, agora, até ele reconhece:

“O sonho de um filho é o sonho de todo pai”.

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