Mundial de esgrima tem arma extraviada, ‘chorona’ freguesa e volta por cima da França.Veja.
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Foram nove dias de competição, e o Mundial de Esgrima terminou na última quarta-feira com 42 medalhas distribuídas. Durante os dias 15 e 23 de julho, em Kazan, na Rússia, a competição foi marcada por histórias curiosas, como a do brasileiro que teve que lutar com equipamento emprestado, a atleta sul-coreana que virou ‘freguesa’ de uma rival alemã e ainda a volta por cima da França, um dos países mais respeitados na modalidade.
A esgrima tem três categorias. A florete é a mais indicada para iniciantes, sua arma é mais leve e a superfície de contato para se conseguir um ponto, maior – a parte da frente e das costas do tronco e a região ventral.
Já na sabre, a arma é mais flexível. O contato válido é o da cintura para cima, incluindo os braços – e golpes não só com a ponta, mas também com o lado da lamina, são válidos.
A categoria espada tem arma um pouco mais pesada e mais dura do que as demais. Qualquer parte do corpo pode ser tocada. Nesta disputa, se dois competidores se tocarem ao mesmo tempo, ambos levam o ponto. Nas outras duas, quem começa a jogada ou se defende antes do contra-ataque leva o ponto na jogada.
A esgrima na Olimpíada de Londres, em 2012, teve dez categorias (cinco masculinas e cinco femininas), já o Mundial deste ano contou com 12 categorias, já que foram disputadas as provas de sabre por equipe.
O domínio continuou com Itália e Rússia, que empataram na liderança do ranking. Os italianos levaram oito medalhas (três ouros, uma prata e quatro bronzes), contra seis no Mundial de 2013 e sete na Olimpíada de Londres.
Já os russos, donos da casa, também conquistaram oito medalhas (três ouros, uma prata e quatro bronzes). O país melhorou muito em relação ao desempenho na Olimpíada, quando conquistou três medalhas, mas caiu se comparado ao desempenho obtido no Mundial em 2013, quando garantiu 11 conquistas.
Porém, o grande destaque de dois anos para cá foi a França, que voltou ao lugar ao qual sempre esteve acostumada. Pela primeira vez desde 1960, nos JOgos de Roma, o país ficou sem nenhuma medalha na modalidade na Olimpíada de 2012. Já no Mundial de 2013, mostrou uma leve melhora ao obter três medalhas. Neste ano, em Kazan, a França conseguiu sete conquistas, ficando na terceira colocação geral.
Brasil
O brasileiro Renzo Agresta, 15º colocado no ranking mundial no sabre, terminou o Mundial em 52º depois de perder para o russo Kamil Ibragimov por 15 a 11, ainda na fase 64 avos de final.
O lutador, porém, teve problemas para a competição. Renzo competiu com uniforme e sabre emprestados, porque sua bagagem, com todo o equipamento, foi extraviada e não chegou a tempo na Rússia.
“Eu estava treinando na Itália antes do Mundial e, no dia 10 de julho, fui pra Rússia. Cheguei lá dia 11, mas a mala não chegou, e eu entrei em contato com a companhia aérea”, disse ao ESPN.com.br.
“Eu peguei coisa emprestada, não joguei com nada que era meu. Foi um problema, tive que jogar com tudo novo pra mim, e também não era da minha marca, do meu patrocínio. Além disso, tem que correr atrás de roupa, você deixa de focar na competição e foca em ter o material pra competir. Tirou um pouco da concentração”, afirmou.
O melhor brasileiro em Kazan foi Ghislain Perrier. Ele chegou até a fase de 32 avos de final, quando perdeu para James-Andrew Davis no florete individual.
Na mesma categoria por equipes, o Brasil passou na primeira rodada, mas caiu por 45 a 28 contra a Itália nas oitavas de final e depois acabou na 15ª colocação.
No feminino, os melhores resultados vieram nas disputas por equipes. Na espada, as brasileiras caíram nas oitavas de final contra a Hungria, por 45 a 28, terminando posteriormente em 14º. O desempenho foi semelhante no florete. O Brasil caiu nas oitavas de final. Desta vez para a Itália, por 45 a 21. Mais tarde, veio a 13ª posição.
Freguesia
Um dos desempenhos esperados no Mundial era a da sul-coreana Shin A Lam. Ela ganhou repercussão na Olimpíada de 2012. Há dois anos, na semifinal da espada, o cronômetro marcava um segundo para o fim, quando a alemã Britta Heidemann acertou um golpe na rival e venceu a luta.
Porém, a equipe da sul-coreana contestou a vitória da adversária dizendo que o cronômetro havia travado, e, desta forma, a luta já deveria ter sido encerrada. Mesmo assim, depois de muita análise dos juízes, Heidemann foi declarada vencedora, e Lam permaneceu por cerca de 40 minutos chorando na pista.
Um ano depois, no Mundial de 2013, Lam teve mais uma vez a alemã pela frente. Nas quartas de final, porém, Heidemann levou a melhor, de novo, diante da sul-coreana. O confronto entre as duas atletas se repetiu em Kazan. No duelo das oitavas, o final foi o mesmo, e Britta Heidemann superou Shin A Lam. A alemã acabou com a prata na competição deste ano.